ALVORADINHA NA MANGUABA COM ZÉ BAGRE E
BAGRE ZÉ
Estava Alvoradinha sentado na beira da
Lagoa Manguaba brincando com os pés na água quando apareceram Zé Bagre e Bagre
Zé.
- Oi, Alvoradinha -, disse Zé Bagre.
- Oi, Zé Bagre, cadê o Bagre Zé? -,
perguntou Alvoradinha.
- Oi, to aqui, Alvoradinha -, respondeu o
Bagre Zé.
- Você soube do compadre Manuel Bagre? -,
perguntou um deles.
- Não, que foi que houve? -, perguntou o
curumim.
- Ele foi-se embora -, responderam. –
Soube do compadre João Bagre?
- Não, que foi? -, perguntou curioso o
indiozinho.
- Foi-se, também. – Responderam. – Hoje a
gente está quase sozinho aqui. Antes era um barroando no outro, era oi compadre
bagre, oi comadre bagre, hoje parece mais que só tem a gente mesmo, todo mundo indo-se
embora -, disse o Zé Bagre.
- É, pois é -, disse o Bagre Zé -, uns
vão-se nas redes de pesca, outros agarrados no terrível anzol, quando não
engasgados com plásticos ou morrendo de falta de ar na própria água da lagoa.
Uma tragédia o que está acontecendo aqui, cada dia que se passa a água fica
mais rasa, mais poluída com muito lixo, muita sujeira... -, reclamou o Bagre
Zé.
- Afora que a gente tinha muita alegria,
era festa do bagre, era o povo tomando banho, era barco pra cima e pra baixo,
hoje, a gente só vê doença, lixo e a água ficando doente... -, reclamou o Zé
Bagre.
- Nossa. Será que a Lagoa Manguaba está
doente?
- Oxe, Alvoradinha -, denunciou Zé Bagre
-, doente? Ela está é morrendo, por isso que os bagres estão tudo indo embora.
A gente mesmo não tem para onde ir, só para a água do mar.
- Eu mesmo estou ensaiando dá umas
entradas nas águas do mar para ver como é que é -, disse Bagre Zé -, afinal,
aqui na Lagoa, não dá pra viver mais não, Alvoradinha.
- Que tristeza!
- Pra todo canto que você se vira na
lagoa, só tem lixo e poluição. Nem dá mais pra gente passear como antigamente,
que a gente passava o dia todo zanzando da nascente até a foz, uma alegria de
ver, a gente sendo puxado pela água do mar e conversando com os peixes de lá.
Hoje nem os peixes do mar vem mais, tudo de longe, parece mais que a gente com
a mais terrível das doenças -, choramingou Zé Bagre.
- A gente hoje, Alvoradinha, só tem você
pra conversar. Afora isso, só lixo e poluição. A gente não sabe o que vamos
fazer quando você crescer que abandonar a gente feito os adultos aí da sua
terra que a gente só vê em tempo de inverno, quando a água da lagoa esborra e a
gente fica brincando por dentro da casa de vocês... -, acrescentou Bagre Zé.
- Nossa, que tristeza! -, falou
Alvoradinha todo entristecido. – Mas não podemos ficar assim não, vamos fazer
alguma coisa! A Lagoa parece que está doente mesmo, vamos cuidar dela. E pra
começar, vamos cantar aquela música do Lobisomem?
- Vamos!!!! -, gritaram todos. E
cantaram:
Não polua a água, não
polua não!
Vida para os peixes que
é muito bão!
Viva pela vida, pela
morte não!
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