BRINCARTE

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Saturday, January 31, 2015

TRÊS LENDAS AFRICANAS



O GÊNERO HUMANO

Três homens compareceram sucessivamente perante Uendé, para expor-lhe suas necessidades. O primeiro disse: - Quero um cavalo. O outro disse: - Quero cachorros para caçar na mata. O terceiro disse: - Quero uma mulher para me dar dar prazer. Uendé deu-lhes tudo: ao primeiro o seu cavalo; ao segundo os cachorros e ao terceiro uma mulher. Os três homens vão-se embora. Mas sobrevém fortes chuvas que, durante três dias, os mantém encerrados nos matagais. A mulher fez a comida para os três. Os homens dizem: - Voltemos perante Uendé. Chegam lá. Então todos lhe pedem mulheres. E Uendé anui em transformar o cavalo em mulher e os cachorros também em mulheres. Os homens vão-se embora. Mas a mulher tirada do cavalo é glutona; as mulheres tiradas dos cachorros são más e a primeira mulher, a que Uendê havia dado a um deles, é boa; é a mãe do gênero humano.

POR QUE O MUNDO FOI POVOADO

Abassi levantou-se, sentou-se em seu trono, fez todas as coisas superiores, todas as coisas inferiores: a água, a selva, o rio, as fontes, as tribos da selva; fez todas as coisas, de todas as espécies, no mundo inteiro. Não fez o homem. Todos os homens habitavam no céu, com Abassi.  Por isso, nessa altura, não existia nenhum homem no mundo terreno; não havia mais do que os bichos da selva, os peixes que estavam na água, as aves que vemos nos ares e muitos outros seres que não é necessário enumerar. Mas o homem não existia neste mundo. Todos os homens estavam no desterro, habitavam com Abassi a sua aldeia. Quando Abassi se sentava e comia, juntava-se a ele e a Altai. Por fim, Altai chamou; Abassi respondeu e ela disse-lhe: - A situação, tal como está, não é boa. Tu possuis a terra que existe, possuis o céu que eles habitam conosco, fizeste um lugar de propósito para estar nele e, se não colocas lá os homens, será malfeito. Procura um meio de colocar os homens na terra para eles lá morarem e acenderem fogo de jeito que o céu esquente, porque agora faz aqui um frio enorme por causa de não haver fogo na terra.

OS TRES FILHOS DE GIHANGA

Numa tradição oral de Ruanda, Gihanga figura como pai dos três ancestrais de todos os ruandeses: Gatwa, dos tuas, Gahutu, dos hutus, e Gatutsi, dos tutsis. Para determinar qual dos três filhos era merecedor de sua herança, Gihanga confiou uma cabaça de leite a cada um, durante uma noite. Na manhã seguinte, Gihanga voltou e verificou como agiram seus filhos na noite original. Gatwa foi desqualificado e desterrado, pois, num sono agitado, derrubara a cabaça e perdera o leite. Gahutu foi deserdado e condenado a trabalhar para Gatutsi, pois, sedento, bebera o leite. Gatutsi, que permanecera acordado e vigilante, conservando seu leite, foi designado sucesso de Gihanga, recebeu como herança todos os rebanhos de vacas do país e ficou isento da obrigado de realizar trabalhos manuais.

REFERÊNCIA.
MAGNOLI, Demétrio. Uma gota de sangue: história do pensamento racial. São Paulo: Contexto, 2009.
SILVA, Fernando Correia (Org.). Maravilhas do conto africano. São Paulo: Cultrix, 1962.

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Friday, January 30, 2015

AS TAGARELAS CALOPSITAS


O dia mal amanhecera e a maior algazarra já reinava no ambiente. É que se deu a chegada de uns pássaros muito inquietos, alegres e barulhentos que Pai Lula falou tratar-se de calopsitas – a gente aqui ficou chamando mesmo de periquito. E eram muitas e de todas as cores: calopsita lutina, prata, canela, silvestre, fulva, opalina, branca, arlequim, pérola, albinas, cara branca, pastel, prata recessivo e dominante, enfim, plumagem de todo tipo e, de toda cor. Na sua buliçosa forma de ser emitem gritos, assoviar e chegam a falar algumas coisas incompreensíveis. 


Foi aí que ele explicou que o outro nome dela é caturra e é considerado um papagaio de crista e até uma pequena cacatua. Pra gente mesmo, repito, continuam sendo periquitos. E elas são nativas da Austrália, são muito dóceis, adequadas para serem conservadas como animais de estimação e vivem cerca de 25 anos.



Pai Lula estava organizando o cardápio da dieta delas: sementes, rações, frutos, verduras, mistura de alpista com painço, arroz com casca, aveia, sementes de girassol ou de linhaça, maçã e peras sem sementes, espinafre, chicória, osso de siba, pedra de cálcio. E elas também são achegadas a insetos. Nada de alface, abacate, cafeína, chocolate, gorduras, nem folha de batata, tomate, feijão e sementes e caroços em geral: podem matá-la, é preciso ter cuidado -, avisou enfaticamente Pai Lula.


Ele explicou pra gente que precisam e adoram tomar banho, mesmo não sabendo nadar. As brincadeiras principais delas são esses gritinhos, assovios e até falar chamando o nome da gente ou palavras que aprendam. Já deu pra ver que elas adoram brincar e quando estão com sono, abrem o bico e bocejam várias vezes seguidas, adorando um carinho atrás da cabeça e nas bochechas.


Esses periquitos trouxeram uma alegria maravilhosa pra casa da gente!

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Thursday, January 29, 2015

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, DE LEWIS CARROL


Naquela ribanceira, já podíamos ver que Alice estava um pouco inquieta, sem entender como sua irmã podia gostar de ler um livro sem figuras ou diálogos. Afinal, de que serve um livro sem figuras nem diálogos? De repente, Alice vê um Coelho Branco passar correndo. Inicialmente, ela não deu importância a isso. Mas, quando ele tirou um relógio do bolso do colete e começou a reclamar "Ai,ai! Ai,ai! Vou chegar atrasado demais!" a garotinha percebeu que havia algo estranho naquilo e então resolveu seguir o bichinho. Mas foi quando Alice, tentando acompanhá-lo, caiu dentro da toca do coelho é que realmente chegou ao País das Maravilhas. Alice caiu e caiu numa queda 'interminável'... 


ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS – Tudo começou com a história As aventuras de Alice embaixo da Terra que na hora da publicação virou Alice no país das maravilhas (1865) e Alice no país do espelho (1872), contando a história da menina Alice que entra em na toca de um coelho falante e descobre um mundo fantástico. A viagem ao universo criado por Lewis Carroll para o mundo de Alice no qual tudo se agiganta ou se encolhe, tudo se torna inalcançável à medida que se desenrola do imprevisível povoado por um chapeleiro maluco, o caxinguelê dorminhoco, a gatinha Dinhah, o lagarto Bill, o Rato, Aves, a casa da Lebre de Março, a Rainha de Copas, tudo que faz o país das maravilhas. No país do espelho, ela atravessa para o mundo fantasioso no espelho com regras do jogo de xadrez que vai dar na colina de onde se vê a panorâmica realidade da Rainha Vermelha no jardim das flores falantes. Ao ajudá-la, vai dar no terreno do tabuleiro de xadrez onde criaturas esquisitas e interessantes vão proporcionar um momento de conversas loucaus e canções malucas e longas até encontrar a saída.

REFERÊNCIA
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas; através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

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Wednesday, January 28, 2015

A FÁBULA DA RAPOSA SEM RABO


Contava Pai Lula que a raposa andava sempre caçando.

Certo dia, noite fechada e não se via um palmo adiante do nariz, a raposa que sabia ver bem de noite, se aproveitava dessa hora para fazer estragos. De dia ela cuidava dos arranjos caseiros, do asseio da sua linda pele e do seu lindo rabo. Tinha o maior orgulho dele e, na verdade, passava por ter uma das caudas mais bonitas da família e da redondeza.

A caminho da capoeira que pretendia visitar, a raposa atravessou o quintal, depois outro e depois outro e outro e, sem saber como, foi cair numa ratoeira e ficou presa pelo rabo.

- Isso só poderia acontecer comigo -, reclamou ela lamentando-se. – Mais me valia não ter rabo! Se aqui me deixo ficar é morte certa...

Mas, por mais que fizesse, por mais voltas que desse, não se libertava da ratoeira. Na ânsia, porém, de se ver livre, tantou puxou, puxou, puxou, que o ferro da ratoeira lhe cortou a felpuda cauda e ela pôde fugir, mas... sem seu lindo rabo.

Ao chegar em casa, tristíssima por se ver privada de sua bela cauda, a raposa ao reparar as primas e os primos todos ostentando os seus formosos complementos, ficou ainda mais triste e começou a sentir inveja. Afinal, todos tinham cauda – uma cauda linda! -, menos ela.

Ora, além disso começou ela própria a ser objeto de grande admiração: é que nunca tinham visto uma raposa sem rabo!

- Mas então, o o que foi isso? – perguntavam os amigos. – Como foi que ficou sem cauda?

- Como foi que fiquei sem cauda, não! Porque é que a tirei! – emendava, resolvendo mentir para não contar o que lhe acontecera.

- Tirou-a? – indagavam espantados.

- É a última moda – explicava ela. – É o que se usa agora entre as raposas distintas da melhor sociedade. E vocês devem fazer o mesmo. Isso de rabo é uma moda muito antiga que já só se vê entre os velhos...

Os primos, as primas e os amigos mais jovens, zelosos de sua elegância, começaram logo a mirar-se com desgosto convencidos de que a prima raposa tinha razão. Só que uma parenta velha, que sabia perfeitamente como as coisas se tinham passado cheia de bom sendo falou, no meio de todos, à raposa matreira:

- Minha querida amiga, acredito na sua moda e nas conveniências dela, mas digo-lhe já que nós não contaremos os nossos rabos apenas para lhe dar prazer. Se um dia nos encontrarmos na mesma situação em que a prima se viu, então, deitaremos fora o rabo. Mas antes disso, não. Que os mal intencionados como a prima queiram que os outros se disponham a seguir o que lhes propõem sem pensar, é que não. Quando o mal por aqui tocar, veremos... fique a prima lá sem o seu rabo, que nós tomaremos conta dos nossos de forma que continuem aqui bem inteirinhos....

É claro que a raposa teve de de se calar e conta-se que nunca mais quis convencer a família e os amigos de que o ideal era as raposas não usarem rabo.

(Fábula de Esopo recolhida do livro Didáctica do teatro, de José Oliveira Barata.Coimbra: Almedina, 1979).

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