MALBA TAHAN – Era
eu ainda menino de calças curtas que viviam doido para invadir a biblioteca do
meu pai quando vi, pela primeira vez, um livro com o título Lendas do Deserto.
Peguei o livro e
às escondidas fui pro meu quarto e comecei a ler. Fiquei encantado e passei a
tarde toda vendo e revendo as histórias.
Aí quando meu pai
chegou, eu disse: - Paínho, gostei desse livro. Ele sorriu espantado e logo me
levou na biblioteca e me deu um outro, dizendo: - Tome, leia esse. Era O homem que calculava.
Quando fui levar
de volta às estantes, meus olhos vibraram com um título que me seduziu de
primeira: Mil histórias sem fim.
O título desse
livro me sugeriu muitas ideias de ficar imaginando: como seria histórias sem
fim? Oxe, não vacilei e logo me apossei do volume, indo pro quarto devorá-lo.
Esses, lembro bem,
foram os primeiros livros que li de Malba Tahan, ou melhor, o escritor e
matemático Julio Cesar de Melo e Sousa (1895-1974). Outros vieram, muitos, já
que ele possui uma infinidade de obras (aproximadamente 120 livros publicados).
Nas suas histórias
inventei muitas outras na cabeça, o que me dava um prazer danado de contá-las
pra quem chegasse primeiro por perto. Inventava a ponto de ser tratado até por
mentiroso, porque muitas das minhas histórias inventadas não tinham pé nem
cabeça, muito menos começo nem fim – coisas das influências de leituras das Mil e uma noites e que foram bem
aguçadas depois de Monteiro Lobato até chegar no Malba Tahan.
O que mais me
fascinava era o Ali Yezid Izz-Eddin Ibn Salin Hank Malba Tahan que nascera na
aldeia de Muzalit no dia 6 de maio de 1885, perto de Meca. Eu imaginava esse
oriental de barbicha, olhar aguçado e contando as histórias daqueles livros.
Até o final da minha adolescência que eu jurava que Malba Tahan era de verdade,
enquanto alguém teimava comigo que ele era um escritor brasileiro. Cabra bão de
invenção.
Nada melhor que
reviver os tempos de criança relendo a obra de Malba Tahan. Recomendo.