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Saturday, July 26, 2014

OS VERSOS INFANTIS DE EDUARDO DE PAULA BARRETO


EDUARDO DE PAULA BARRETO – O poeta e escultor mineiro Eduardo de Paula Barreto é autor do livro de poesias Meus pensamentos, nossos mistérios (2007) e foi incluído na primeira seletiva Beco dos Poetas (2010). Dedicou parte de sua atividade literária para o público infantojuvenil. Desse trabalho recolhemos alguns que destacamos para vocês.

ESPÍRITO DE CRIANÇA

Existe algo mais puro
Do que o sorriso de uma criança
Que quando olha para o futuro
Não consegue medir a distância?

Por isso vive em pureza
Respirando o momento presente
Aguarda ansiosa a sobremesa
E sorri mesmo não tendo dentes.

Cria um mundo imaginário
Onde não há diferenças
Tem um planeta no armário
E muitos sonhos na cabeça.

Anda na rua pelado
Sem malícia nem maldade
Mas crescendo conhece o pecado
Perdendo a sua ingenuidade.

Quem dera fosse possível crescer
Sem perder a esperança
Amadurecendo sem deixar morrer
O espírito de criança.

FLORZINHAS ALADAS 
 
Ela ficou de boca aberta
Quando chegou ao jardim
E gritou: Mamãe, estou toda coberta
Tem flores voando em cima de mim!
 
São flores verdes, amarelas
Com variedade de formas sem fim
Mamãe, pegue uma delas
Quero uma grandona assim.
 
Mamãe por que você ri tanto
Não gostou das florzinhas aladas?
E a mamãe com um sorriso franco
Explicou o fenômeno à filhinha amada:
 
Sei que elas parecem lírios, margaridas
Orquídeas, rosas e violetas
Mas elas não são flores minha querida
Na verdade são lindas borboletas.

O SAPO CHATO
 
Havia uma família de sapos
Lindos sapos bem verdinhos
Entre eles tinha um chato
Chato sapo bem chatinho.
 
Certa vez ele brigou com os pais
Dizendo que sairia da mata
O sapo velho não aguentava mais:
  Vá meu filho, mas não se queixe de nada.
 
Então numa noite muito fria
O sapo chato decidiu ir embora
Disse adeus para os pais, irmãos, tios e tias
Gritando: Só eu saberei como é lá fora.
 
Enquanto caminhava ia engolindo
Todos os insetos que passavam na sua frente
Assim ia se divertindo
E nem sentia falta dos parentes.
 
Mas de repente a mata acabou
E viu-se numa calçada
Olhou para o lado e se encantou
Com uma luz que em sua direção caminhava.
 
Então pensou todo orgulhoso:
  Nossa, eu nem imaginava uma recepção assim
Eu sou tão bonito e famoso
Que há milhares de luzes voltadas pra mim.
 
Aí ele resolveu se apressar
Para dar entrevistas e ser homenageado
Mas foi só se virar
E o bobinho morreu atropelado.