DIA DAS BIBLIOTECAS – Foi na Biblioteca
Municipal Fenelon Barreto, na minha terrinha boa de Palmares, Pernambuco, que a
generosidade da professora e bibliotecária Jessiva Sabino de Oliveira permitiu
que eu conhecesse não só a obra de Hans Christian Andersen, como as de Hermilo
Borba Filho (então escondidas sob sete chaves), Ascenso Ferreira e de todos os
escritores palmarenses (ela reunia um acervo inestimável da literatura local,
nacional e universal), como foi quem me iniciou nas leituras de Walt Whitman,
Érico Veríssimo, Dante, Cervantes, Shakespeare, Balzac, Dostoievsky, Proust,
Mallarmé, Bandeira, João Cabral de Melo Neto e toda literatura teatral (dos
antigos gregos até Brecht, Ionesco e Stanislavski), entre outras. Era eu um visitador
diário da biblioteca, escapulindo dos afazeres no cartório que era bem
pertinho, tanto para descobrir novas leituras, como para receber indicações e
aconselhamentos da estimada professora. Nada mais justo que neste dia
homenageie tanto a instituição biblioteca, como a esta grandiosa mulher que se tornou
a madrinha dos artistas palmarenses da minha geração. Veja mais aqui.
HANS CHRISTIAN ANDERSEN – O escritor
dinamarquês, Hans Christian Andersen, nasceu em Ordene, a 2 de abril de 1805, e
morreu em Copenhague, a 4 de agosto de 1875. Apesar de haver deixado obra
extensa, como livros de poesias, viagens, romances e duas autobiografias, foi
só como autor de contos infantis que se tornou mundialmente conhecido. Ele teve
uma infância pobre, mas não de todo infeliz, até os 11 anos, quando seu pai
morreu, lutando nas hostes napoleônicas. Seguiram-se anos de extremas
dificuldades financeiras, em sua cidade natal e em Copenhague, para onde se
mudou em 1819. Procurou fazer carreira como dançarino, sem êxito. Somente após
muitas privações conseguia uma bolsa de estudos que lhe permitia viver com
menos preocupações e, mais tarde, viajar pela Europa. Já havia publicado livros
de poesia, quando, em 1835, uma viagem a Roma lhe deu inspiração para um
romance de sucesso: O improvisador,
de 1837. No mesmo ano e na mesma cidade escreve aquele que seria o primeiro de
seus livros consagradores: Aventuras e
histórias. A partir de então e até 1872, quase todos os anos seria
publicada nova coletânea desses contos, sempre recebidos com entusiasmo em
vários países. Os tempos difíceis da infância e juventude, ficariam para sempre
marcados em sua obra. Conquanto o elemento fantástico seja um dos traços
primordiais de seus contos infantis, nestes existe igualmente um travo de
amargura. Seus personagens principais, seja nos Sapatinhos vermelhos, no Patinho
Feio, ou no Soldadinho de chumbo, geralmente são sofredores ou mesmo mutilados.
Andersen foi recebido em Paris por Victor Hugo e na Inglaterra por Dickens, e
que foi convidado a almoçar com o rei da Dinamarca e a rainha da Inglaterra,
vivendo atormentado pelo sentimento de insegurança. Sua vida foi um verdadeiro
conto de fadas, em que ele mesmo parece não haver acreditado.