Imagem: J Lanzelotti
Antigamente,
como todos os animais, o tamanduá corria muito bem, pois tinhas as pernas
compridas. No dia em que a onça perdeu a aposta com o sapo, foi o tamanduá
o primeiro animal a ver a onça com um
olho fora da órbita. Oferecendo-se para lhe colocar o olho no lugar, fez uma
outra traição e, com as unhas compridas, arrancou-lhe o outro também.
A
onça teria continuado cega até hoje se não fosse a compaixão do inambu azulão.
O azulão tinha ficado com um pouquinho de fogo da onça e, por isso, ofereceu-se
para procurar os seus dois olhos perdidos e colocá-los no lugar, grudando-se
com resina de almécega. Quando o azulão terminou a tarefa, a onça tratou de
vingar-se do tamanduá.
Perseguido
o tamanduá correu muito, mas não podendo com a onça e vendo-se quase perdido,
escondeu-se na toca do caititu. Mas esta era rasa demais e não deu para
encolhê-los. Como o tamanduá tinha muita força nos braços, o inimigo não
conseguiu desalojá-lo, mas comeu-lhe os pés que tinham ficado do lado de fora.
O
tamanduá, coitado, escapou com vida, mas ficou até hoje com as pernas curtas.
Afirmam
os índios que só daquela vez o tamanduá fugiu da onça. Depois, nunca mais
fugiu. Defende-se dessa eterna inimiga, enfrentando-a com os braços abertos. É
o que se chama um abraço de tamanduá.
(Recolhido de
Horace Banner, em Mitos dos índios Caiapó,
Revista de Antropologia, nº 1, vol. 5, São Paulo, 1957).
REFERÊNCIA
GALDUS, Herbert. Estória e lendas dos
índios. São Paulo: Edigraf, s/d.
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