HÁBITO
ALIMENTAR DA CRIANÇA - Procurando
abordar o hábito alimentar e a sua importância durante a infância, com base na
literatura disponível, notadamente a partir de Vitolo (2003), Philippi et al (1999), Accioly,
Saunders e Lacerda (2002), Bracco et al (2002),
Pipitone (1995), Coimbra (1982), Abreu (1995) e Burigo (1992), entre
outros, observa-se a necessidade do bem-estar
físico, mental e social, uma vez que nesta faixa de idade é vista como
suscetível à subnutrição ou hipernutrição, tendo em vista a necessidade delas
de certa dosagem de nutrientes e calorias para o seu saudável crescimento e
desenvolvimento. Tendo-se por base que os hábitos e padrões alimentares, para
Coimbra (1982, p. 122), são "[...] formas em que os indivíduos ou grupos
selecionam, consomem e utilizam os alimentos disponíveis, incluindo os sistemas
de produção armazenamento, elaboração, distribuição e consumo dos
alimentos", constituindo, assim, segundo o autor, os traços universais da
cultura de qualquer grupo étnico, sugerindo, com isso, que deve ser
proporcionada uma “(...) alimentação adequada aos escolares e pré-escolares
carentes das regiões deprimidas dos pais". Dessa forma, conforme Búrigo
(1992) e Abreu (1995), é de suma importância a adoção de hábitos alimentares
saudáveis em crianças, privilegiando o integral uso dos alimentos por meio de
uma dieta que seja ministrada adequadamente, contribuindo para o crescimento,
desenvolvimento e melhoria da capacidade do organismo infantil, na resposta às
enfermidades e infecções. Esta dieta alimentar adequada, conforme Coimbra
(1982), deve promover a mudança de hábitos no sentido de efetivar uma alimentação
equilibrada que seja incorporada a um projeto de educação nutricional para combater
a desnutrição e a obesidade.
A
desnutrição, conforme Bracco et al (2002) e Vitolo 2003), atinge um universo de
milhões de crianças em todo mundo, podendo ser evitada com tratamento, sendo
considerada como uma síndrome multifatorial que está
relacionada à falta de condições mínimas de existência. Por essa razão, Accioly
et al (2002) chama atenção para o fato de que quando se constata as
deficiências nutricionais, observam que estas são provocadas pela desnutrição
resultam em doenças que decorrem do aporte alimentar insuficiente em energia e
nutrientes, ou ainda do inadequado aproveitamento biológico dos alimentos
ingeridos- geralmente motivado pela presença de doenças, em particular doenças
infecciosas. Alertam os autores que a desnutrição é um caso muito sério, uma
vez que sua solução deve levar em consideração o acesso à renda que garanta a
aquisição de comida para uma vida saudável e a compra de bens necessários para
a existência social do indivíduo enquanto cidadão e tem como causas diversos
fatores, normalmente associados à pobreza e a falta de alimentos dela
decorrente. Esta síndrome na faixa etária infantil, é indicada pelo
comprometimento severo do crescimento linear e/ou pelo emagrecimento extremo da
criança, constituindo-se num dos maiores problemas enfrentados por sociedades
em desenvolvimento, seja por sua elevada freqüência, seja pelo amplo espectro
dos danos que se associam a tais condições. Nesse caso, observa Pipitone (1995)
que o problema da desnutrição só pode ser efetivamente combatido por meio de
ações clínicas e sociais integradas entre si.
No campo das deficiências oriundas de condições subnutritivas, alertam
Bracco et al (2002), que as crianças se tornam carentes de ácido fólico, ferro,
ácido, vitimina C e cobre que devem ser ministradas por meio de dietas
adequadas. Alem do mais, a desnutrição pode apresentar dois caminhos, tais como
o da subnutrição, resultado de pouca alimentação, ou a da hipernutrição, alimentação
excessiva.sendo que ambas são causadas por um desequilíbrio entre a necessidade
do corpo e a ingestão de nutrientes essenciais.
No caso da hipernutrição, revelam Bracco et al (2002), que esta
gera o excesso de peso, resultando na obesidade que não apenas um problema
estético, mas que pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como
diabetes, problemas cardíacos e a má formação do esqueleto. E a obesidade pode
ser causada pelo consumo de alimentos gordurosos, falta de atividades físicas,
ansiedade, depressão, fatores hormonais e genéticos, dentre outros.
Encontra-se na literatura recolhida que para prevenção da
subnutrição ou da hipernutrição está uma série de medidas preventivas que devem
ser ministradas por uma equipe multiprofissional, tomando-se a providência no
sentido de prescrever uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e
verduras; a prática de atividades físicas, o respeito aos horários das
refeições e evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes,
dentre outras medidas. É nesse sentido que, ao se propor hábitos alimentares
saudáveis, é preciso, conforme Philippi et al (1999) a adoção de uma pirâmide alimentar que é o mais moderno
Guia de Alimentação, aprovado, pela Organização Mundial da Saúde, recomendando
o consumo de uma variedade de alimentos, o equilíbrio dos alimentos que devem
ser consumidos com atividade física, escolha de uma dieta pobre em gordura,
gordura saturada e colesterol; escolha de uma dieta rica em produtos de grãos,
vegetais e frutas, moderada em açúcares , em sal e sódio. Ou seja, para os
autores mencionados, esta pirâmide propõe uma hierarquia alimentar que vai
desde os carboidratos complexos, fonte de energia recolhida de cereais, pães,
raízes e tubérculos; reunião de grupos ricos em vitaminas, minerais e fibras,
como hortaliças e frutas; os alimentos-fontes de proteína, como leite e
produtos lácteos, carnes e ovos, leguminosas; até os alimentos que devem ser
consumidos em menor proporção por serem calóricos e, em excesso, são prejudiciais
à saúde, tais como óleos e gorduras, açúcares e doces. Tudo, conforme assinalam
os autores epigrafados, observando-se os conceitos da alimentação equilibrada
que requer variedade, moderação e proporcionalidade, além da determinação da
pirâmide especial para as crianças em seus diversos níveis. É nesse sentido
que, segundo Abreu (1995), Bracco et al (2002), Búrigo (1992), Coimbra (1982) e
Pipitone (1995), o espaço da escola deve ser entendido como um espaço de
relações dentro de um contexto sócio-econômico-cultural, o que a confirma como
espaço político que deve ser considerado como um espaço privilegiado para a
promoção de saúde num enfoque ampliado, ou seja, na perspectiva de construção
de cidadania e de envolvimento dos diversos atores que compõem este universo: crianças,
adolescentes, profissionais de educação, familiares, líderes comunitários e
profissionais de saúde. Desta forma, os autores chamam atenção para o fato de
que não só o nutricionista como, também, o educador tem um papel fundamental
não somente nas questões referentes à aprendizagem, mas na sensibilização com
relação à saúde alimentar das crianças em idade escolar.
REFERENCIAS
ABREU, M. Alimentação escolar: combate à
desnutrição e ao fracasso ou direito da criança e ao pedagógico? Em aberto. Brasília, v. 15, n.67, p.5-20, 1995.
ACCIOLY,
Elizabeth; SAUNDERS, Claudia; LACERDA, Elisa M. Nutrição em obstetrícia e pediatria.
Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2002.
BRACCO, M.M., FERREIRA, M. B. R., MORCILLO, A. M., COLUGNATI, F. e
JENOVESI, J. Gasto energético entre crianças de escola pública obesas e
não-obesas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, volume 10, pág. 29-35,
2002.
BÚRIGO, L. A. Z. Educação em saúde na escola: uma visão atual.
Revista Brasileira de Saúde Escolar, v. 2, n. 2, p. 70-72, abr. 1992.
COIMBRA, Mario. Comer e Aprender – Uma História
da Alimentação Escolar do Brasil. Belo Horizonte. MEC, 1982.
PHILIPPI, S. T.; FISBERG, R.M.; LATTERZA, A.R.; CRUZ, A.T.;
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Acadêmica de Ciência e Cultura da Faculdade de Saúde Pública. São Paulo: FSP/USP;
1999.
PIPITONE, M.A.P. A relação saúde e educação na
escola de 1º grau. Alimentação e Nutrição. São Paulo, n.65,
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ROCHA,
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VITOLO,
Márcia Regina; Nutrição. Da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann
& Affonso, 2003.