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Tuesday, November 18, 2014

PSICODRAMA ANALÍTICO COM CRIANÇAS


PSICODRAMA ANALÍTICO COM CRIANÇAS – Para Camila Salles Gonçalves, o relacionamento terapêutico com crianças exige disposição para brincar e para compreender o sentido da brincadeira. Uma atividade como psicoterapia, além de basear-se na forma prática do terapeuta, fundamenta-se necessariamente em teorias que são desenvolvidas, formuladas ou descartadas a partir de reflexões que as confrontam com a prática. O psicodrama é, como outras, uma psicoterapia na qual a criança tem oportunidade de se expressar e de se relacionar por meio da brincadeira e do jogo. O que o caracteriza e o diferencia tecnicamente de outras ludoterapias é o preparo do terapeuta para se prontificar, muitas vezes, a propor cenas, jogos, procedimentos dramáticos, e a dirigi-los, algumas vezes. Em um ambiente favorável, dispondo de material lúdico (brinquedos, lápis, etc.), muitas crianças inventam jogos ou brincadeiras, através das quais se comunicam e aprendem. A terapia psicodramática, em sua teoria técnica, destaca também o modo pelo qual se estabelece o vínculo entre indivíduos e, particularmente, a configuração e a qualidade de seu átomo social, que é o menor núcleo de uma pauta interpessoal no universo emotivo. Cabe à psicoterapia possibilitar a rematrização do indivíduo, no sentido de proporcionar novas condições para seu crescimento, enfrentando afetos que o sabotam. As teorias da técnica do psicodrama atribuem à atuação da criança em papéis, imaginários ou sociais, em interação com papéis desempenhados por outros (terapeutas ou membros do grupo), o poder de desenvolver sua criatividade e, portanto, o gosto pela vida. A primeira relação de um ser humano com outra pessoa é com aquela que se comporta como um ego auxiliar. O papel do terapeuta imita o do primeiro ego auxiliar, sem que consista em maternagem nem em adoção. Jogando e brincando junto com a criança, ele pode se tornar presente de uma forma que ela vai aos poucos podendo reconhecer para, depois, dispensar. Assim sendo, o psicodrama auxilia as crianças na superação de obstáculos a seu desenvolvimento emocional, através daquilo que ninguém lhes pode tirar – a sua imaginação. É através de jogos, brincadeiras e historias, espontaneamente criados, que as crianças procuram lidar com o mundo que proporcionamos a elas. Tentam assimilá-lo, entendê-lo e transformá-lo. A terapia psicodramática conta com uma forma específica de brincadeira – o teatro de faz-de-conta, quando a criança expressa o que atinge sua sensibilidade, o que lhe dá prazer ou desprazer e vontade ou medo de aprender, revelando o sentido que o mundo tem para ela, ou o revê, através de papéis imaginários que é capaz de reconhecer, imitar e interpretar.

REFERÊNCIA
GONÇALVES, Camilla. Psicodrama analítico com crianças. In: GONÇALVES, Camila (Org.). Psicodrama com crianças: uma psicoterapia possível. São Paulo: Ágora, 1988.

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