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Thursday, July 10, 2014

A LITERATURA INFANTIL DE FEDRO


FÁBULAS DE FEDRO – O fabulista romano Caius Iulius Paedro (15 a.C. – 50 .a.C. – Caio Julio Fedro) adaptou as fábulas de Esopo para versões metrificadas com estulo claro e direto que evitavam a forma retória do seu tempo e com especial ênfase no aspecto moral das história das animais e divulgadas nos tempos de Tibério e Calígula. A ele é atribuído o mérito de ter fixado a forma literária da fábula e com isso, teve início o segundo período na era medieval com as inovações formais promovidas por Fedro que dispõe de habilidade com os artifícios da composição, escrevendo com versos jâmbicos, que se identificam como sátiras amargas bem ao sabor do gosto latino, contra os costumes e pessoas do seu tempo. Como uma arma de combate, sóbria, correta e seca, deixa transparecer nas entrelinhas a revolta do autor contra as injustiças. Entre as suas fábulas estão a Prefação das fábulas: “Eu poli a matéria em versos jambos, / Qual primeiro inventou autor Esopo; / Dois dotes tem o livro: move a riso, / E com sábio conselho ensina os homens. / Se alguém quiser tachar-nos, porque falam / Não só feras, mas árvores, repare, /Que com fingidas fábulas brincamos.

O GALO E A PÉROLA

Um  Galo comilão andava pela quinta à procura de comer. De repente, viu uma coisa a brilhar no chão.
- Olá! Isto é para mim – pensou ele enquanto desenterrava o que encontrara.
Mas o que era aquilo? Nada mais, nada menos, do que uma pérola que alguém perdera. Desdenhoso, o Galo murmurou:
- Podes ser um tesouro para as pessoas que te apreciam. Mas, no que me diz respeito, trocava de bom grado uma espiga de milho por um punhado de pérolas iguais a ti.

O CAVALO E O JAVALI



Todos os dias o cavalo selvagem saciava sua sede em um rio raso. Ali também acudia um javali que, ao remover o barro do fundo com as patas e o focinho, deixava a água turva.
O cavalo lhe pediu que tivesse mais cuidado, mas o javali se ofendeu e o chamou de louco. Acabaram se encarando com ódio como os piores inimigos.
Então o cavalo selvagem, cheio de ódio foi pedir ajuda ao homem.
- Eu enfrentarei esta besta disse o homem mas deves permitir que eu monte em ti.
O cavalo aceitou e saíram em busca do inimigo.
Encontraram-no próximo do bosque e antes que pudesse se esconder, o homem acertou a sua lança e o matou.
Livre do javali o cavalo entrou no rio para beber em suas águas claras, certo de que não voltaria a ser molestado.
Mas o homem não pensava desmontar.
- Fico feliz de haver te ajudado lhe disse, não só matei esta besta que me alimentará e seu couro me vestirá, senão também capturei um esplêndido cavalo.
E, mesmo resistindo, o obrigou a fazer a sua vontade e lhe pôs rédeas e cabresto.
Ele que sempre havia sido livre como o vento, pela primeira vez em sua vida teve que obedecer à um dono. Ainda que a sua sorte estava lançada, desde então se lamentou noite e dia: 
- Burro de mim! Os incômodos que me causava o javali não eram nada comparados com isto! Por dar valor demais a um assunto sem importância, terminei sendo escravo!
Às vezes com o afã de castigar o mal que nos fazem, nos aliamos com que tem intenções de nos dominar.

A RÃ E O BOI



Estavam  duas Rãs à beira de um charco quando a mais nova comentou:
- Comadre, hoje vi um monstro terrível: era maior do que uma montanha, tinha chifres e uma longa cauda.
- O que viste foi apenas o Boi do lavrador - esclareceu a Rã mais velha. - E, além disso, não é assim tão grande... Eu posso ficar do tamanho dele. Ora observa.
Dito isto, começou a inchar e a esticar-se muito, muito...
- O Boi era tão grande como eu? - perguntou ela quando já estava tão grande como um Burro.
- Ó, muito maior! - respondeu a jovem Rã.
Então a Rã mais velha respirou fundo e inchou, inchou... até que rebentou.

O LOBO E O CORDEIRO



Ao mesmo rio vieram, compelidos pela sede, o lobo e o cordeiro.
O lobo estava mais acima e o cordeiro bem mais abaixo. Então o predador , incitado por sua goela maldosa, encontrou motivo de rixa: “Estou a beber e tu poluis a água!”.
O lanoso, tímido, responde:
“Como posso fazer isso de que te queixas, ó lobo? De ti para meus goles é que o liquido corre”.
Repelido pela força da verdade, ele replicou:
“Cerca de seis meses atrás, falaste mal de mim”.
O cordeiro retruca: “Eu? Então eu sequer era nascido…”.
- Por Hércules!, teu pai é que me destratou!
Em seguida, dilacera a presa, dando-lhe morte injusta.
Escrevi esta fábula por causa daqueles indivíduos que oprimem os inocentes por razões fictícias.