BRINCARTE

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Sunday, April 26, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Orquestra Imperial, Marisa Monte, Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Adriana Partimpim, Erasmo Carlos, Meimei Corrêa, Sandra Fayad, Maria Iraci Leal, Aline Barros, Mariana de Moraes, Ivete Sangalo, Denise Servegnini, Mart'nalia, Turminha do Lana, Zeca Pagodinho & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 26 de abril , a partir das 10hs.
Reprise: Quarta, nos horários das 10hs & das 15hs.
Onde? MCLAM – o blog do Projeto MCLAM.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.


Confira o programa ao vivo e online aqui.

PARTICIPE DA PROMOÇÃO BRINCARTE DO NITOLINO!!!!
Confira detalhes aqui.

Saturday, April 25, 2015

A ARTE INFANTIL DE DENISE SEVERGNINI & MARIA IRACI LEAL


VAMOS BRINCAR

Vamos correr pelos campos em flor,
fazer piquenique, pular, sorrir e cantar!
Falarmos a toda natureza do nosso amor
E, felizes, soltarmos pandorgas no ar!
Vamos jogar bolas até a noite chegar,
E, depois pintarmos com lápis de cor.
Vamos correr pelos campos em flor, fazer piquenique, pular, sorrir e cantar!
Há tanta e tanta coisa ao nosso dispor
Brincadeiras maravilhosas a nos alegrar,
Mas precisamos saber tabuada de cor
Aprendamos e depois de muito estudar
Vamos correr pelos campos em flor...

LETRAS BRINCAM FORMANDO PALAVRINHAS

Letras brincam formando palavrinhas cheias de amor, que vão ao coração!
Rabiscando escrevo tantas cartinhas carregadas de carinho e emoção!
Eu canto a saudade em poucas linhas escrevo pra mãe, papai e meu irmão...
Letras brincam formando palavrinhas cheias de amor, que vão ao coração!
Já estou escrevendo pras amiguinhas juntando letrinhas com muita atenção...
É tão gostoso ir juntando as letrinhas cada uma em seu lugar, na sua posição!
Letras brincam formando palavrinhas...

GOSTO DE LER

Eu gosto muito de ler...
Gibis têm muita emoção!
São lindos pra se ver...
Pato Donald e Cascão!
Da Mônica gosto pra valer e a trago no meu coração!
Eu gosto muito de ler Gibis têm muita emoção...
São tantos que gosto pra valer mais que os dedos da mão!
Mas também gosto de conhecer livros que existem de montão!
Eu gosto muito de ler...

AMIGO LIVRO

O livro é nosso companheiro... cuidemos dele com carinho!
Livro é amigo muito maneiro
Mostra-nos o certo caminho
Leia sempre, meu amiguinho
Toda hora, o quase dia inteiro
O livro é nosso companheiro... cuidemos dele com carinho!
Livro novinho ou com cheiro
É sempre muito bonzinho...
À biblioteca vai bem ligeiro,
Pois ela é a casa do livrinho.
O livro é nosso companheiro!

DENISE SEVERGNINI – A escritora e massoterapeuta gaúcha com licenciatura plena em Educação Artística, Maria Iraci Leal adota o pseudônimo de Denise Severgnini no Recanto das Letras, no qual reúne seu trabalho literário. Ela participa também do Portal dos Escritores e Poetas pela Paz.

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Thursday, April 23, 2015

JUJU DESCOBRINDO OUTRO MUNDO


JUJU DESCOBRINDO OUTRO MUNDO - Juju Descobrindo Outro Mundo é o primeiro livro infantil publicado por Dilson Paiva que traz a odisseia de uma minhoca chamada Juju. Mesmo diante de todas suas limitações de ser um animal frágil, rastejante, muito cobiçada pelos pescadores e os pássaros, ainda assim, não abre mão dos seus ideais. É destemida, intrépida e aventureira. Está sempre encorajada a descobrir novos horizontes e novos desafios. Você vai se deliciar com sua história e os acontecimentos que a envolvem. Portanto, clique aqui e fique por dentro da história.



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Tuesday, April 21, 2015

O JACARÉ E A PRINCESA

O JACARÉ E A PRINCESA

Luiz Alberto Machado

Era uma vez um rapaz muito pobre de marré-marré-derci. Guardava dentro dele o desejo de ter muitas posses e se tornar alguém na vida. Tudo fazia para alcançar seus intentos e não conseguia. Procurou estudar, mas a não podia pagar; a escola pública era longe e não tinha vagas; queria trabalhar, mas não havia empregos. Certo dia ele sonhou com um velho que lhe dizia que se desejasse ser rico, fosse até um determinado local distante e lá encontraria uma botija. E que quando encontrasse o seu prêmio, deveria se tornar um homem bom e que servisse a todos com as suas posses. Essa era a exigência: que tudo que tivesse servisse para si e para todos. Aí quando acordou, ficou pensativo e resolveu seguir em busca de realizar o que sonhou. Ele caminhou léguas e léguas e, no caminho, cada vez que passava em determinado local, levava uma topada. Dias se seguiram com o mesmo sonho e retornando à caminhada, nada acontecia, só topadas. A cada topada ele maldizia a vida e tudo. Foi, então, que resolveu fazer uso da oração da cabra preta e almejar dias melhores para sua vida. Assim fez: meia noite em ponto e completamente nu numa encruzilhada, ajoelhou-se e orou. Três dias depois, ele arranjou um emprego e logo caiu nas graças do patrão. Poucos meses se passaram, não satisfeito com a vida, foi novamente contemplado à condição de homem de confiança e passou a ser bem gratificado. Tudo ganhava, mas não se satisfazia, queria mais. À custa de perseguição e vigilância dos trabalhos mal feitos pelos outros, cresceu mais ainda de posição, tornando-se o braço direito do empregador. Mais e mais galgou êxito, mas não encontrava a satisfação que seu coração exigia. Logo conseguiu ganhar a simpatia da filha do seu chefe, casando-se depois de algum tempo com ela, herdando tudo após a morte do seu protetor. Estava, então, repleto de riqueza, mas no seu peito, a felicidade ainda não havia chegado, precisava ainda de muito mais para ser feliz. Foi quando levou outra topada no lugar que sempre passava, resolveu investigar melhor a coincidência de toda vez que por ali passava, relava a venta no chão. Começou a cavar e logo encontrou a botija indicada no sonho. E tornou-se o homem mais rico da redondeza. Mas dentro dele, apesar da riqueza, mantinha-se a insatisfação: não era feliz. Desfez o casamento, abandonou a mulher e filhos e seguiu no mundo buscar a sua felicidade desejada. E quanto mais tinha, mais queria; quanto mais possuía tudo e todos, mais implacável se tornava, sempre querendo mais e mais. Até que um dia, resolveu novamente recorrer à sua oração predileta, qual não foi a sua surpresa: ao concluir a reza, ele transformou-se num jacaré.

Na outra banda daquelas imediações, havia uma moça muito bonita que desejava a chegada do seu príncipe encantado e, com isso, tornar uma princesa. Era muito bonita, deveras. Porém, era muito antipática. Sua principal satisfação era obrigar aos outros satisfazer os seus desejos e fazer tudo que mandasse. Por causa dessa sua atitude findou sozinha, amargando sua infelicidade. Mas ela persistiu e ambicionava alcançar seus intentos, quando soube da oração da cabra preta e foi, naquela mesma noite, completamente nua para uma encruzilhada, se ajoelhando e começando a orar. Três dias depois, ela adquiriu poderes inimagináveis que a fizeram ser temida por tudo e todos. Ela ordenava na sua ruindade, todos obedeciam com medo de sua fúria vingativa. Ela exigia comida, comida traziam; queria passeios, todos levavam; tudo que quisesse, todos atendiam. Aí teve um sonho em que um velho aparecia dizendo que se ela quisesse se tornar princesa, teria de domar um jacaré. E quando domasse o animal e se tornasse princesa, ela teria que ser boa e providenciar para que todos fossem felizes sob o seu comando. Ao acordar do estranho sonho, soube que por ali um jacaré indomável que aterrorizada as pessoas. Ela, então, convocou um serviçal e ordenou-lhe que providenciasse um cavaleiro para conquistar o tal jacaré. Logo o serviçal informou que o seu sonho era se tornar cavaleiro de uma princesa e lhe cumprir todas as ordens e mando. Ela, então, com desdém pela petulância e meio que a contra gosto, fez dele um cavaleiro com a missão de capturar o jacaré.

Pela redondeza havia o boato de que um jacaré terrível estava atacando a população desavisada. Diziam que muitos foram comidos pelo bicho faminto. Não se podia falar nele que logo o medo tomava conta de todos. E todos os dias apareciam narrações de que um jacaré atacara comendo pescadores, caçadores e passantes da beira do mangue. Ninguém nunca tinha visto o malquisto, mas sua fama corria solta e se avolumava nas conversas de esquinas do povinho crédulo. Por causa disso, o lugar passou a ser conhecido como Jacaré. Quem quisesse passar lá ou se referisse ao local, logo dizia: - Ah, lá no Jacaré. E assim todos tratavam a localidade pelo nome Jacaré.

O cavaleiro chegou naquelas paragens procurando saber adonde que se encontrava o tal terrível jacaré. Todos sabiam dele, mas ninguém sabia onde encontrá-lo. Foi, então, que o cavaleiro logo arregimentou um monte de gente para caçá-lo, prometendo alta quantia por prêmio a ser pago pela princesa. O valor pela captura do bicho malvado era grande e logo acendeu a ambição de todos. E assim foram na caça ao tal jacaré. Noites e dias e nada de encontrar. Caçaram tudo e todos os lugares da redondeza e nada dele dar sinal de vida. Certo dia, arranchados na sombra de pé de coqueiro, avistaram lá em cima, um volume bastante pronunciado que se misturava com as sombras. Logo deram conta de um jacaré atrepado no alto do coqueiro. E tudo fizeram até derrubar a árvore e capturar o jacaré. A luta foi acirrada, muita gente envolvida na luta, até que conseguiram depois de hora de peleja, amarrar a presa e leva-la para o leito da princesa. Qual não foi a surpresa dela de ver ali, completamente dominado, a feroz criatura que amedrontava o povo e a tornaria princesa no lugar. Quando todos se foram, ela se aproximou do bicho e percebeu que ele não reagia. Olhou nos olhos dele e percebeu que ali havia um olhar de sofrimento e de ternura. Ela logo pegou afeição pelo animal e começou a desamarrar os nós e libertar o bicho que passou a conviver com ela no seu quarto. – Ah, esse o animal que me tornará uma princesa. E agora com a empáfia do poder, queria dominar o mundo e todas as pessoas viventes. Logo ordenou ao serviçal-cavalheiro que convocasse o povo do Jacaré para ela editar as novas ordens e determinar o pagamento do prêmio a todos que capturaram o animal. Assim fez e o povo reunido à sua espera, apareceu deslumbrantemente linda e conduzindo o jacaré pela coleira, o que fez com que todos temessem o poder daquela mulher que dominava sozinha e por uma modesta coleira, um animal tão brabo e perigoso. Ela, então, determinou que dali por diante aquela localidade não se chamaria mais Jacaré, mas Recanto da Ilha da Princesa. E que todos deviam servi-la porque ela se tornara a princesa do lugar, editando leis e ordens a todos. Fez promessas de melhorar a vida das pessoas como prêmio pela captura do bicho, e determinou que todos, a partir de então, passariam a morar em casas melhores, numa localidade mais bonita e mais aprazível. À primeira vista, tudo se transformou no lugar: o que antes era só fila de casebres passou a ter casas; o que era terra de barro batido, virou calçamento ; o que era amplo terreno aberto ao vento e ao mundo, passou a ter um muro fechado para o domínio da princesa. Todos ali passaram a ser seus súditos e deviam fazer apenas o que ela mandasse. Depois de sua fala todos ficaram felizes pelas melhorias constatadas e pelas providencias tomadas: agora tinham casas de alvenaria, ruas calçadas e lugares encimentados, longe da miséria e do barro batido de outrora.

Os anos se passaram e a princesa se tornara cada vez mais numa bruxa malvada; o que antes era bonito começou a ficar triste. Era cobrança de impostos cada vez maiores, ordens e leis sufocantes, invasão de privacidade, domínio funesto de quem só queria o poder cada vez mais. A princesa passava das contas, o povo estafado do excessivo trabalho imposto por ela, não mais vivia: sobreviviam para alimentar a ambição da princesa má. Cada vez que alguém se rebelava contra as suas ordens, ela mandava capturar e condenava a virar comida pro jacaré que era mantido faminto para ameaçar qualquer adversário ou inimigo. O bicho mais se afeiçoara por ela pela sempre existência de comida. Tendo um dia que ela condenou tanta gente, que a fome do jacaré não deu vencimento, escapando uns três ou quatro fugitivos. Ela então condenou o jacaré à morte. E seria executado em praça pública, não precisava mais dele. Ela era agora a princesa comandante de um exército de fiéis ao seu dispor para tudo que invocasse ao mando.

A notícia do julgamento e esquartejamento do jacaré tomou o lugar de susto. Foi então que os fugitivos reuniram o povo e contou tratar-se de jacaré de óculos, manso, que só devora porque vive cativo e faminto pela ruindade da princesa. Lembrou eles que só se ouviu falar que o jacaré atacava, mas ninguém nunca viu quem que foi devorado por ele, que era lenda, invencionice do povo que acreditava ser o animal ruim. Lembraram mais que se tratava daquele jovem rapaz ambicioso que encontrou uma botija e tornou-se rico. Mas como ele não foi um bom rapaz, foi transformado em jacaré e que estava arrependido, atrepado num pé de coqueiro. Na conversação ficou observado que antes eles eram pobres, mas viviam em união, um por todos e todos por um, solidários, amigos e que possuíam um lar. Antes o que se possuía era dividido e não havia ninguém melhor que ninguém. Não havia muros separando os seus lares, não havia hora nem dia para que um ajudasse ao outro, para que todos, apesar da miséria, pudessem dividir o que usufruíam. Havia concórdia. E o jacaré, apesar de ser temeroso, nunca atacou ninguém dali, ninguém soubera de que alguém dali que tivesse sido devorado por ele; o jacaré era um temor, mas não incomodou ninguém, não invadiu o território deles, não se intrometeu na vida de ninguém. A princesa, não. A princesa chegou, mudou os costumes, ofereceu benefícios e melhorias, constatando que tudo podiam ter, mas não tinham nada: tudo era da princesa. Antes, pelo menos, tinham dignidade e a amizade dos outros. Agora, eram todos inimigos uns dos outros, todos querendo agradar a princesa que implantou a discórdia, a ciumeira e enredamento. Onde antes havia amizade solidária, passou a reinar a inveja e o egoísmo. Afinal, se viram infelizes. No reinado do jacaré, eram pobres, mas se satisfaziam. Perceberam que agora, não havia satisfação: havia competição. Cada um por si. Todos, então, concordaram e resolveram salvar o jacaré. E no dia da execução pública, tramaram a aproximação e quando o carrasco ergueu o machado para decapitar e esquartejar o animal, o povo invadiu o cadafalso, libertou o jacaré que saiu em desabalada carreira e destronaram a princesa. Agora o futuro era deles, não mais de ninguém, mas de todos. Reuniram-se, então, elegeram um representante, definiram as prioridades e, cada um, começou a exercer o seu papel na comunidade em nome de todos.

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Sunday, April 19, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.



PROGRAMAÇÃO - Na programação do Dia do Índio comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Toquinho, Sandra Fayad, Turma da Mônica, Nitolino, Alvoradinha, Paulo Ricardo, A importância de ser criança, Marcos Luedy, Meimei Corrêa com os pais e brinquedos das crianças, Padre Zezinho, Patati & Patatá, Sandy & Junior, Xuxa, Eliana, Zezé Di Camargo & Luciano & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.


Foto & arte da garota já mocinha Ísis Corrêa Naves

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 19 de abril , a partir das 10hs.
Reprise: Quarta, nos horários das 10hs & das 15hs.
Onde? MCLAM – o blog do Projeto MCLAM.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.

Confira o programa ao vivo e online aqui.

PARTICIPE DA PROMOÇÃO BRINCARTE DO NITOLINO
Confira detalhes aqui.


PROMOÇÃO BRINCARTE DO NITOLINO


PROMOÇÃO BRINCARTE DO NITOLINO - Presenteie seu filho, sobrinho, neto ou afilhado com os livros da Coleção Brincarte do Nitolino!!!

São 4 livros + 1 folheto de cordel por apenas R$ 25,00 (com frete incluso)!!!!

Para adquirir faça um depósito no valor R$ 25,00 em uma das contas abaixo:
Banco do Brasil: Ag. 3332-4 c/c 9051-4
Ou
Caixa Econômica Federal Ag. 2047 Op. 013 c/Poupança 42.322-3
Em nome de Luiz Alberto Machado
E envie seu endereço para: luizalbertomachado@gmail.com

Participe!


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Saturday, April 18, 2015

A LITERATURA DE MONTEIRO LOBATO



MONTEIRO LOBATO – A minha infância foi repleta de Monteiro Lobato (1882-1948). Tudo começou quando li Narizinho Arrebitado (1921). E depois vieram leituras de O Saci (1921), as Fábulas de Narizinho (1921), as Fábulas (1922), O Marquês de Rabicó (1922), A caçada da onça (1924), O garimpeiro do Rio das Garças (1924), Aventuras do Príncipe (1927) e A cara da coruja (1927). Parecia mais que eu vivia no Sítio do Pica-Pau Amarelo e que era íntimo de todos os personagens: Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Visconde, Emília – esta eu me identificava muito, as trelas dela me inspiravam! Fui traquino demais, graças à Emília. Afora as leituras de O Irmão de Pinóquio (1927), o Gato Félix (1927), O noivado de Narizinho (1927), O Circo de Escavalinho (1927), e as aventuras de Pedrinho, Hans Staden, do Picapau Amarelo, os da mitologia, O espanto das gentes (1941), História das Invenções, enfim, toda obra voltado ao público infantil. Estava sempre lendo e relendo Lobato até entrar na adolescência. Hoje, cinquentão, releio com muito prazer. Salve, Lobato!


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Sunday, April 12, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação do Dia do Humorista comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Chico Anísio, Trem da alegria, A Turma do Balão Mágico & Djavan, Movimiento Alegre, Trenzinho Maria Fumaça, Trem da alegria & Xuxa, As Viagens de Oliva & Sandra Fayad, Aline Barros & Cia, Meimei Corrêa, Ivete Sangalo, Cristina Mel, Maurélio Machado & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 12 de abril , a partir das 10hs.
Reprise: Quarta, nos horários das 10hs & das 15hs.
Onde? MCLAM – o blog do Projeto MCLAM.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.


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Saturday, April 11, 2015

A INFÂNCIA NA PSICOLOGIA DE MURRAY


A INFÂNCIA DE MURRAY – A infância do psicólogo norte-americano Henry Murray (1893-1988) conteve rejeição materna, elementos do conceito adleriano de compensação de um defeito físico e uma sensibilidade além do normal ao sofrimento dos outros. Nascido numa família rica, a sua infância foi marcada por lembranças que ele denominou de “lembrança da essência do meu ser”, quando por volta dos quatro anos, observou a foto de uma mulher triste sentada perto do seu filho, que também estava triste. Era o mesmo tipo de foto sombria que Murray passou a utilizar posteriormente no seu Teste de Apercepção Temática (TAT). A sua mãe lhe disse: “Foi a perspectiva da morte que os entristeceu”. Ele interpretou essa lembrança como indicativa da morte dos seus laços emocionais com a mãe, que o desmamara abruptamente aos dois meses, preferindo, segundo ele, dar afeto aos seus irmãos. Ele insistia que as atitudes da mãe o levaram à depressão que durou toda vida, condição que formou a essência da sua personalidade. Referia-se à depressão como uma fonte de angustia e melancolia, mas tentou mascará-la no seu comportamento cotidiano adotando maneiras exuberantes, extrovertidas, alegres. A falta de ligação com a mãe na infância levou-o a questionar o complexo de Édipo de Freud, porque não coincidia com as suas experiências pessoais. Um outro fator o tornou sensível a problemas emocionais e sofrimentos foi o seu relacionamento com duas tias emocionalmente perturbadas. Murray era estrábico e aos nove anos foi submetido a uma cirurgia realizada na sala de jantar da sua casa. O problema foi solucionado, mas a lâmina do cirurgião escorregou e deixou-o sem visão estereoscópica. Por mais que tentasse, jamais conseguiu praticar esportes, porque não conseguia focar os dois olhos numa bola. Ele só soube dessa deficiência visual ao cursar a faculdade de medicina, quando um médico lhe perguntou se ele havia tido problemas ao praticar esportes quando criança. A deficiência física e um problema na fala – gagueira – o levaram a compensar suas limitações. Quando tentou praticar esportes, encontrou dificuldades e nunca gaguejava quando tinha de indicar as jogadas. Ao ser derrotado numa luta na escola, resolver ter aulas de boxe e venceu o campeonato local de peso pena. Posteriormente admitiu que havia um fator adleriano agindo nesses esforços para compensar suas deficiências na infância.

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE NA INFÂNCIA – Com base na obra de Freud, Murray dividiu a infância em cinco estágios, cada um deles caracterizado por uma condição agradável, que é inevitavelmente limitada pelas demandas da sociedade e deixa a sua marca na personalidade na forma de um complexo inconsciente, que comanda o desenvolvimento posterior. Segundo ele, todas as pessoas experimentam os cinco complexos, uma vez que todos passam pelas mesmas fases de desenvolvimento. Nada há de anormal neles, exceto quando são manifestados ao extremo, uma situação que deixa a pessoa fixada naquela fase. A personalidade não consegue desenvolver espontaneidade e flexibilidade, uma situação que interfere na formação do ego e do superego.
Complexo é um padrão normal de desenvolvimento infantil que influencia a personalidade adulta. Entre os estágios de desenvolvimento na infância estão os complexos claustral, oral, anal, uretral e genital.
Os complexos claustrais se encontram na existência segura no útero.
Os complexos orais se encontram no prazer sensual de sugar alimento enquanto se é segurado.
Os complexos anais são do prazer resultante de defecar.
Os complexos uretrais são do prazer que acompanha o ato de urinar.
Os complexos genitais ou de castração são os prazeres genitais.
Os estágios de desenvolvimento são denominados em conformidade com os complexos.
O estágio claustral: o feto no útero está seguro, sereno e dependente, condições que se pode eventualmente querer restabelecer. O complexo claustral simples é vivenciado como um desejo de estar em lugares pequenos, aquecidos e escuros que sejam seguros e reclusos. As pessoas com este complexo tendem a ser dependentes dos outros, passivas e voltadas para comportamentos seguros e familiares que deram certo. A forma de centros de complexo claustral por falta de suporte concentra-se nas sensações de insegurança e desamparo, que fazem com que a pessoa tenha medo de espaços abertos, queda, afogamento, fogo, terremotos ou simplesmente de qualquer situação que envolva novidade e mudança. A forma anticlaustral ou de agressão ao complexo claustral baseia-se na necessidade de escapar das situações restritivas parecidas com as do útero. Ela inclui o medo de sufocação e confinamento e se manifesta numa preferencia por espaços abertos, ar fresco, viagem, movimento, mudança e novidade.
O estagio oral corresponde ao complexo oral de socorro que apresenta uma combinação de atividades bucais, tendências à passividade e a necessidade de ser apoiado e protegido. Entre as manifestações comportamentais estão o sugar, beijar, comer, beber e uma necessidade de afeto, solidariedade, proteção e amor. O complexo de agressão oral combina comportamentos orais e agressivos, incluindo os atos de morder, cuspir, gritar e a agressão verbal, como o sarcasmo. Entre os comportamentos característicos do complexo oral de rejeição estão vomitar, ser enjoado com comida, comer pouco, temer contaminação oral como pelo beijo, desejar isolamento e evitar dependência dos outros.
O estágio anal compreende o complexo de rejeição anal no qual há uma preocupação com o defecar, o humor anal e materiais semelhantes às fezes, como sujeita, lama, argamassa e barro. A agressão geralmente é parte deste complexo e é revelada nos atos de derrubar e jogar coisas, disparar armas e detonar explosivos. As pessoas com este complexo poder ser sujas e desorganizadas. O complexo de retenção anal manifesta-se no acumulo, economia e coleção de coisas e na limpeza, arrumação e ordem.
O estágio uretral é exclusivo do sistema de Murray, compreendendo o complexo uretral que é associado à ambição excessiva, a um senso distorcido de autoestima, exibicionismo, ao ato de urinar na cama, desejos sexuais e amor próprio. Às vezes é chamado de complexo de Ícaro, figura mitológica grega que voou para tão perto do Sol que a cera que estava segurando as suas asas derreteu. Como Ícaro, as pessoas com este complexo sonham muito alto e seus sonhos são despedaçados pelo fracasso.
O estagio genital ou de castração corresponde ao complexo de castração de forma restrita e literal do que na forma de Freud, como sendo a fantasia dos meninos de que o seu pênis possa ser cortado. Murray acreditava que tal medo nascia da masturbação infantil e do castigo dos pais que poderia acompanha-la.

REFERÊNCIAS
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Teorias da personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

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Sunday, April 05, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO ESPECIAL DA PÁSCOA


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino Especial da Páscoa, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: As viagens de Oliva de Sandra Fayad, Cantinho da Criança, Palavra Cantada, Boca Livre, Efigênia Coutinho, A Páscoa, Turma da Mônica, Galinha Pintadinha, Peti & Poá, Cristina Mel, Tia Cris, Meimei Corrêa, Eliana & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 05 de abril , a partir das 10hs.
Reprise: Quarta, nos horários das 10hs & das 15hs.
Onde? MCLAM – o blog do Projeto MCLAM.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.


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Friday, April 03, 2015

O TEATRO DE MARIA CLARA MACHADO


MARIA CLARA MACHADO – A escritora e dramaturga Maria Clara Machado (1921-2001) é autora de famosas peças infantis e um dos maiores nomes da literatura e do teatro infantis. Ela foi a fundadora da escola de teatro Tablado (RJ), deixando escrito dezenas de peças e histórias infantis.


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Thursday, April 02, 2015

O ROUXINOL DE ANDERSEN


O ROUXINOL E O IMPERADOR DA CHINA

Sabem com certeza que na China o imperador é chinês e que todas as outras pessoas são chinesas também. Esta história aconteceu há muitos anos, mas é precisamente por isso que devem ouvi-la agora, antes que seja esquecida.
O palácio do imperador era o melhor do Mundo, todo ele construído da mais rara porcelana — não tinha preço, mas era tão frágil e delicado que era preciso tomar todo o cuidado quando se andava lá dentro. O jardim do palácio estava coberto de flores maravilhosas, nunca vistas em outro lado; as mais bonitas de todas tinham sininhos de prata, que tocavam para se saber sempre que passava alguém.
Sim, tudo no jardim do imperador tinha sido muito bem planeado, e ele estendia-se até tão longe que nem o jardineiro fazia a menor ideia onde acabava. Se se fosse sempre andando chegava-se a uma bela floresta com árvores muito altas e lagos muito fundos. A floresta ia até ao mar, que era azul e também muito fundo; grandes navios podiam navegar mesmo por baixo dos ramos das árvores. Nesses ramos vivia um rouxinol que cantava tão bem que até o pobre pescador, com todas as suas dificuldades, parava de deitar as redes todas as noites para o ouvir.
— Ah, que maravilha! — dizia ele.
Mas depois tinha de continuar a trabalhar e esquecia-se da ave. Contudo, na noite seguinte, assim que o rouxinol tornava a cantar, o pescador erguia os olhos das redes e dizia mais uma vez:
— Ah, que maravilha!
Vinham viajantes de todos os países do Mundo para admirar a cidade, o palácio e os jardins do imperador. Mas, assim que ouviam o rouxinol, todos diziam:
— Isto é o melhor de tudo!
E, quando voltavam aos seus países, continuavam a falar da ave. Sábios escreveram livros sobre a cidade e o palácio, mas o rouxinol era elogiado mais do que todas as outras maravilhas, e poetas escreveram emocionantes poemas sobre a ave da floresta perto do mar.
Estes livros eram lidos em todo o mundo, e, um dia, alguns deles chegaram às mãos do imperador. Lá ficou ele, sentado na sua cadeira dourada, a ler sem parar; de vez em quando acenava com a cabeça. Estava contente com as esplêndidas descrições do seu reino. Então, chegou à frase: "Mas, apesar de todas estas maravilhas, nada se compara ao rouxinol."
— Que é isto?! — exclamou o imperador. — O rouxinol? Nunca ouvi falar dele. Imaginem! As coisas que aprendemos nos livros!
Então mandou chamar o camareiro.
— Vi aqui neste livro que temos uma ave admirável chamada rouxinol — disse o imperador. — Parece que é a melhor coisa do meu vasto império. Por que é que ninguém me falou dele?
— Bem — respondeu o camareiro —, nunca ouvi ninguém falar nessa criatura. De certeza que nunca foi apresentada na corte.
— Quero que venha aqui esta noite cantar para mim — disse o imperador. — É uma vergonha que toda a gente saiba o que possuo e eu não!
— Nunca ouvi falar nele — repetiu o camareiro —, mas vou procurá-lo e hei-de encontrá-lo!
Sim, mas onde? O camareiro subiu e desceu todas as escadas, andou por todos os salões e corredores, mas, de todas as pessoas que encontrou, nenhuma tinha ouvido falar do rouxinol. Voltou apressado à presença do imperador e disse-lhe que aquilo devia ser uma história inventada pelos escritores.
— Vossa Majestade Imperial não deve acreditar em tudo o que aparece escrito. As coisas que os autores inventam! É mesmo magia negra!
— Mas o livro onde eu soube da ave — afirmou o imperador — foi-me enviado pelo poderoso imperador do Japão, portanto não pode ser mentira! Quero ouvir o rouxinol! Quero ouvi-lo esta noite.
Tsing-pe! — respondeu o camareiro.
E lá foi ele outra vez escada abaixo e escada acima, por todos os salões e corredores; metade da corte andava a correr atrás dele. Por fim, encontraram uma pobre mocinha na cozinha.
— O rouxinol? — perguntou ela. — Meu Deus! Claro que sei! Que bem que ele canta! A maior parte das noites deixam-me levar para casa alguns restos de comida para a minha mãe, que está doente. Vivemos perto do lago, do outro lado da floresta. E quando volto para o palácio, cansada, sento-me um bocadinho e fico a ouvi-lo cantar.
— Mocinha! — exclamou o camareiro —, ofereço-te um lugar permanente na cozinha e dou-te licença para veres o imperador a jantar se nos levares até ao rouxinol. A sua presença é exigida esta noite na corte.
Então, partiram em direção à floresta onde o rouxinol costumava cantar; mais de metade da corte foi com eles. Enquanto iam andando, uma vaca mugiu.
— Oh! — exclamou um pajem. — Já estou a ouvi-lo! Para um animalzinho tão pequeno faz um barulho extraordinário. Mas, sabem, tenho a certeza de já o ter ouvido.
— Não, não, aquilo é uma vaca a mugir! — exclamou a mocinha. — Ainda temos de andar muito.
As rãs começaram a coaxar num charco.
— Maravilhoso! — exclamou o capelão do imperador. — Já estou a ouvir a canção! Parecem mesmo sininhos de igreja!
— Não, não, isso são rãs — disse a mocinha da cozinha. — Mas devemos estar quase a ouvi-lo.
Então, o rouxinol começou a cantar.
— Lá está ele! — disse a mocinha. — Ouçam! Olhem! Está ali! — e apontou para um passarinho cinzento por entre os ramos.
— Será possível? — exclamou o camareiro. — Nunca pensei que fosse assim. Parece tão vulgar! Tão simples! Talvez tenha perdido a cor quando viu todas estas visitas importantes.
— Rouxinolzinho! — chamou a mocinha. — O nosso gracioso imperador gostaria muito que cantasses para ele.
— Com o maior prazer — disse o rouxinol, continuando a cantar tão bem que era um encanto ouvi-lo.
— Parecem mesmo sinos de vidro — disse o camareiro. — Não percebo como é que nunca o tínhamos ouvido. Vai ser um êxito na corte!
— Querem que torne a cantar para o imperador? — perguntou o rouxinol, que pensava que uma das visitas era o imperador.
— Excelentíssimo rouxinol — disse o camareiro —, tenho a honra e o prazer de o convidar para um concerto no palácio esta noite, onde encantará Sua Majestade Imperial com as suas lindas cantigas.
— Soam melhor na floresta — afirmou o rouxinol.
Apesar disso, foi com eles de boa vontade quando ouviu dizer que era desejo do imperador. Entretanto, que limpezas iam pelo palácio! As paredes e o soalho de porcelana brilhavam, lustrosos, à luz de milhares de luzes douradas. Mesmo no meio do grande salão, junto do trono do imperador, estava um poleiro dourado para o rouxinol. Toda a corte estava presente, e a pequena criadinha da cozinha teve autorização para ficar atrás da porta, porque já tinha o título oficial de Verdadeira Criada de Cozinha. Todos os olhos estavam postos no passarinho cinzento quando o imperador lhe fez sinal que começasse.
Então, o rouxinol cantou tão bem que o imperador ficou com os olhos cheios de lágrimas, que lhe escorreram pelas faces; e o rouxinol continuou a cantar ainda melhor, de modo que cada nota foi direitinha ao coração do imperador. Este ficou muito satisfeito; o rouxinol, declarou ele, iria receber o seu sapato dourado para usar ao pescoço. Mas este agradeceu e recusou, porque já se sentia recompensado.
— Vi lágrimas nos olhos do imperador. Pode lá haver alguma dádiva maior do que essa? As lágrimas de um imperador têm um poder estranho. Já fui suficientemente recompensado.
E cantou mais uma canção com a sua voz maviosa.
— Muito espirituoso, muito divertido; a criatura é namoradeira — diziam as damas da corte, enchendo as bocas de água para fazerem um ruído de gargarejo.
Por que é que não haviam de ser também rouxinóis? Até os lacaios e as criadas de quarto acenavam, com ar de aprovação, o que significa muito, porque estes são sempre os mais difíceis de contentar. Não havia dúvida: o rouxinol era um êxito.
Ficaria na corte e teria uma gaiola só para si, com autorização para ir apanhar ar duas vezes durante o dia e uma vez à noite. Seria acompanhado, em cada excursão, por doze criados, cada um a segurar firmemente uma fita de seda atada a uma patinha da ave. Não, essas saídas não eram muito divertidas.
Um dia, chegou um grande embrulho para o imperador. Trazia uma palavra escrita por fora: ROUXINOL.
— Olha! Outro livro sobre a nossa famosa ave! — exclamou o imperador.
Mas não era um livro; era um pequeno brinquedo mecânico dentro de una caixa, um rouxinol de corda. Tinha o feitio de um verdadeiro, mas estava coberto de diamantes, rubis e safiras. Quando se lhe dava corda, cantava uma das canções que o verdadeiro passarinho costumava cantar, e a sua cauda andava para baixo e para cima, brilhando em prata e ouro. A volta do pescoço trazia uma fita, onde estava escrito: "O rouxinol do imperador do Japão nada vale comparado com o rouxinol do imperador da China."
— Que maravilha! — disseram todos.
E o mensageiro que tinha trazido o presente recebeu o título de Principal Portador Imperial de Rouxinóis.
— Agora têm de cantar juntos. Que dueto que vai ser!
Então os dois passarinhos tiveram de cantar juntos, mas não foi um êxito. O problema era que o verdadeiro rouxinol cantava à sua maneira e a canção do outro saía de uma máquina.
— Isto não é vergonha nenhuma — afirmou o Mestre da Música Imperial. — Está perfeitamente afinado: na realidade, ele até podia ser um dos meus alunos.
Então, o pássaro de corda foi posto a cantar sozinho. Agradou quase tanto à corte como o verdadeiro, e evidentemente que era muito mais bonito à vista, todo brilhante, como uma pulseira ou um alfinete de peito. Cantou a mesma canção trinta e três vezes sem se cansar. Os cortesãos não se importariam de a ouvir mais umas vezes, mas o imperador achou que era a vez do verdadeiro.
Mas onde estava o rouxinol? Tinha voado pela janela, para a sua floresta verdejante, sem ninguém dar por isso.
— Tch, tch, tch! — fez o imperador, aborrecido. — Que significa isto?
E os cortesãos resmungavam e franziam as testas.
— Mas temos aqui o melhor! — disseram.
E o rouxinol de corda teve de cantar outra vez.
Era a trigésima quarta vez que o ouviam, mas ainda não sabiam bem a canção. Era difícil de aprender. E o Mestre da Música Imperial teceu à ave os mais altos elogios: era superior ao rouxinol vivo, não apenas na aparência exterior, mas também no que tinha lá dentro.
— Sabem, senhores e senhoras e, acima de todos, Vossa Majestade Imperial, com o verdadeiro rouxinol nunca se sabe o que vai acontecer, mas com a ave de corda tem-se a certeza; é tudo fácil: podemos abri-la e ver como pensa, como cada nota segue a outra com precisão!
— Era isso mesmo o que eu estava a pensar — ouviu-se aqui e ali.
E, na segunda-feira seguinte, o Mestre da Música Imperial foi autorizado a mostrar publicamente o pássaro ao povo. Também ele devia ouvi-lo cantar, tinha declarado o imperador. E assim foi. E ficaram todos tão entusiasmados como se estivessem tontos de beberem muito chá, um antigo costume chinês. Disseram todos:
— Ah!
E levantaram os indicadores e acenaram com as cabeças.
Mas o pobre pescador, que tinha ouvido o verdadeiro rouxinol, afirmou:
— Lá bonito é... e até parece o rouxinol... Mas parece que falta qualquer coisa, não sei bem...
O verdadeiro rouxinol foi banido do reino do imperador.
O pássaro artificial recebeu um lugar especial numa almofada de seda junto da cama do imperador; empilhados à volta estavam todos os presentes que lhe tinham dado, todo o ouro e joias. Foi distinguido com o título de Principal Trovador Imperial da Mesa-de-Cabeceira, Primeira Classe à Esquerda, porque até os imperadores têm o coração do lado esquerdo. O Mestre da Música Imperial escreveu um solene trabalho em vinte e cinco volumes sobre o pássaro mecânico. Era muito extenso e erudito, cheio das mais difíceis palavras chinesas. Mas toda a gente fingiu que o tinha lido e compreendido. Ninguém queria passar por estúpido!
Tudo isto continuou durante um ano, até que o imperador, a corte e o resto do povo chinês sabiam de cor cada notazinha da canção do passarinho de corda; mas, por isso mesmo, cada vez gostavam mais dela. Podiam cantá-la em coro — e faziam-no.
Os rapazotes da rua andavam por todo o lado a cantar: rrr, trrr, piu, piu, piu, e o imperador também cantava — um som maravilhoso, não havia dúvida.
Mas, uma noite, precisamente quando o pássaro de corda estava a cantar e o imperador, deitado na cama, o ouvia, qualquer coisa fez "crac!" dentro do pássaro. Brrrr! O mecanismo continuou a rodar, e a música parou. O imperador saltou da cama e mandou chamar o seu médico. Mas de que servia o médico? Então foram buscar o relojoeiro, e este, depois de muitas resmungadelas e mexidelas no pássaro, conseguiu arranjá-lo mais ou menos. Mas preveniu toda a gente de que tinha de ser usado muito poucas vezes; as peças estavam quase gastas por completo e não era possível substituí-las sem estragar o som.
Que golpe horrível! Não se atreviam a pôr o pássaro a cantar mais do que uma vez por ano, e mesmo isso já era um risco. Contudo, nessas ocasiões anuais, o Mestre da Música Imperial fazia sempre um discurso cheio de palavras difíceis, dizendo que o pássaro estava tão bom como sempre — e, claro, uma vez que ele dizia que sim, era porque ele estava tão bom como sempre...
Passaram cinco anos, e uma grande tristeza abateu-se sobre o país. O povo era muito amigo do imperador, mas ele estava gravemente doente e não se esperava que sobrevivesse. Já tinha sido escolhido novo imperador, e a multidão esperava nas ruas que o camareiro lhe desse notícias. Como estava o imperador? O camareiro abanava a cabeça.
Frio e pálido, o imperador jazia no seu leito real. Na verdade, a corte achava que já tinha morrido e foi a correr saudar o seu sucessor. Os criados de quarto foram a correr coscuvilhar uns com os outros e as criadas juntaram-se todas para beberem café,. Tinham sido estendidos panos pretos em todos os salões e corredores para amortecer o som dos passos, de maneira que o palácio parecia muito, muito sossegado.
Mas o imperador ainda não tinha morrido. Pálido e imóvel, jazia na sua magnífica cama com longos cortinados de veludo e pesados cordões dourados. Através de uma janela aberta lá no alto, a Lua brilhava sobre o imperador e o pássaro artificial.
O pobre imperador mal podia respirar; sentia como se tivesse qualquer coisa a pesar-lhe sobre o coração. Abriu os olhos e viu a Morte sentada sobre ele. A Morte tinha a coroa de ouro do imperador na cabeça, numa das mãos segurava a espada imperial de ouro e na outra a esplêndida bandeira imperial. E, por entre os cortinados de veludo, espreitavam estranhos rostos: alguns horríveis e outros belos e bondosos. Eram as boas e as más ações do imperador, que olhavam para ele, enquanto a Morte se sentava sobre o seu coração.
— Lembras-te?... Lembras-te?... — diziam os rostos baixinho, um a seguir ao outro.
E contaram e lembraram tantas coisas que a testa do imperador acabou por ficar coberta de suor.
— Nunca soube... nunca percebi... — gritou ele. — Música, música! Toquem o grande tambor da China! Salvem-me destas vozes!
Mas as vozes não se calavam. Continuavam sempre, enquanto a Morte acenava com a cabeça, como um mandarim, a tudo o que diziam.
— Música! Dêem-me música! — pedia o imperador. — Belo passarinho dourado, canta, peço-te que cantes! Dei-te ouro e coisas preciosas; pendurei o meu sapato dourado ao teu pescoço com as minhas próprias mãos. Canta, peço-te, canta!
Mas o pássaro estava silencioso; não havia ninguém para lhe dar corda, e sem corda não tinha voz. E a Morte continuava a olhar fixamente para o imperador com as grandes órbitas vazias. Tudo estava calado, terrivelmente calado.
Então de repente, perto da janela, soou a mais bela canção. Era o verdadeiro rouxinol, que se tinha empoleirado num ramo lá fora. Sabendo do mal do imperador, o passarinho tinha voltado para o confortar e trazer-lhe esperança.
À medida que cantava, as firmas fantasmagóricas foram desaparecendo, até se desvanecerem. O sangue começou a correr mais depressa pelo corpo do imperador. A própria Morte ficou presa à canção.
— Canta mais, canta mais, pequeno rouxinol! — pediu a Morte.
— Canto, se me deres a grande espada de ouro... sim, e a bandeira imperial... e a coroa do imperador...
E a Morte devolveu cada um dos tesouros em troca de uma canção e o rouxinol continuou a cantar. Cantou sobre o calmo adro da igreja onde cresciam as rosas brancas, onde as flores do sabugueiro cheiravam tão bem, onde a erva fresca está sempre verde por causa das lágrimas dos que ali choram os seus mortos. Então, a Morte encheu-se de saudades do seu jardim e saiu pela janela, flutuando como um nevoeiro gelado.
— Obrigado, obrigado! — disse o imperador. — Passarinho celestial, sei quem és! Eu bani-te do meu reino e, no entanto, só tu vieste ajudar-me, e afastaste os horríveis fantasmas da minha cama e libertaste o meu coração da Morte. Como hei-de recompensar-te?
— Já me recompensaste — respondeu o rouxinol. — Quando cantei para ti da primeira vez caíram-te lágrimas dos olhos e essa dádiva não posso esquecer. Essas são as joias que não se compram nem se vendem. Mas agora tens de dormir para ficares bom e forte. Olha, vou cantar para ti.
E cantou e o imperador caiu num sono calmo e reparador.
O Sol brilhava sobre ele através da janela quando acordou, restaurado, desaparecidas a fraqueza e a doença. Nenhum dos criados tinha lá entrado ainda, porque todos pensavam que ele estava morto.
— Tens de ficar sempre comigo — disse o imperador. — Mas só cantas quando quiseres. E, quanto ao pássaro de corda, vou parti-lo em mil bocados.
— Não faças isso — respondeu o rouxinol. — Fez o que pôde por ti. Guarda-o. Eu não posso morar num palácio, mas deixa-me ir e vir à minha vontade, e à noite empoleiro-me neste ramo, junto da tua janela, e canto para ti. Hei-de trazer-te felicidade, mas também pensamentos sérios. Hei-de cantar sobre as pessoas felizes do teu reino, mas também sobre os que se sentem tristes. Cantarei sobre o bem e o mal, que têm estado sempre à nossa volta, mas que têm sempre escondido de ti. Os passarinhos voam em todas as direções, até ao pescador, à casinha do trabalhador, até junto de tantos que estão longe de ti e da tua corte magnífica. Amo o teu coração mais do que a tua coroa, apesar de a coroa ter algo de mágico. Sim, hei-de voltar, mas tens de me prometer uma coisa.
— O que quiseres! — exclamou o imperador.
Tinha-se levantado e vestido as suas roupas imperiais e segurava a espada dourada junto do coração.
— A única coisa que te peço é isto: não digas a ninguém que tens um amigo passarinho que te conta tudo. É melhor guardar segredo.
E, com estas palavras, o rouxinol voou para longe. Os criados vieram ver o amo morto, mas ficaram ali especados!
— Bom dia! — disse o imperador.

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