A ADOLESCÊNCIA – A palavra adolescência vem do latim “adolescere” que significa “fazer–se homem/mulher” ou “crescer na maturidade”, conforme observa Muuss (1982 apud Eisenberg, 2000), sendo que somente a partir do final do século XIX foi vista como uma etapa distinta do desenvolvimento.
A adolescência é um dos períodos de vida que merece atenção, pois essa transição entre a infância e a idade adulta pode resultar ou não em problemas futuros para o desenvolvimento de um determinado indivíduo. Ela se caracteriza como uma fase que ocorre entre a infância e a idade adulta, na qual há muitas transformações tanto físicas como psicológicas, possibilitando o surgimento de comportamentos irreverentes e desafiantes com os outros, o questionamento dos modelos e padrões infantis que são necessários ao próprio crescimento.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende um período entre os 11 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas advindas da maturação fisiológica (Burch & Sachs, 1999). Na literatura (Muuss, 1996 apud Eisenberg, 2000), o término da adolescência é definido em termos sociais, ou seja, é marcado por rituais de passagem como, por exemplo, o casamento. Contudo, no Brasil a adolescência possui diferentes configurações, pois depende da classe social em que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é entendida como um período de experimentação sem grandes conseqüências emocionais, econômicas e sociais; o adolescente não assume responsabilidades, pois dedica-se apenas aos estudos, sendo essa a sua via de acesso ao mundo adulto. Enquanto nas classes mais baixas, os riscos do experimentar, tentar, viver novas experiências são maiores e não há a possibilidade de se dedicar somente aos estudos, tornando a adolescência simplesmente, um período que antecederá a constituição da própria família (Pereira, 1994).
As mudanças físicas ocorrem devido ao aumento da produção hormonal neste período, o que pode provocar uma alteração das emoções, portanto, explicando a perda de controle e desequilíbrio psicológico do adolescente. No entanto, para a análise do comportamento, essa alteração das emoções no adolescente pode ser explicada através do papel do ambiente em sua vida, ou seja, seus comportamentos podem ser fruto de uma interação com um ambiente punitivo que não possibilita o aumento e a adequação do seu repertório comportamental. Muitos destes comportamentos são esquivas de um ambiente aversivo. Os problemas do adolescente está em sua relação com o mundo (Maldonado, 1999). Essa postura é compartilhada com a teoria da aprendizagem social que também acredita que o comportamento é primeiramente determinado pelos fatores sociais e ambientais, operando com o contexto situacional particular (Muuss, 1996 apud Eisenberg, 2000).
Acompanhando as alterações hormonais, o comportamento sexual do adolescente é um produto de fatores culturais presentes no ambiente, que cada vez mais erotiza as relações sociais. No entanto, o comportamento sexual tem como principal função a sobrevivência da espécie, ou seja, é um comportamento biologicamente determinado, encontrando-se social e culturalmente controlado, o que não permite dizer que o comportamento sexual do adolescente é controlado por um único conjunto de procedimentos (Harris, 1996).
A sexualidade do adolescente pode se expressar através da relação heterossexual e/ou homossexual, da masturbação e de fantasias. De acordo com alguns autores (Jones, 19999; Pamplona, 1998; Rodrigues, 2000), esse comportamento durante a adolescência deve-se às expectativas sociais e à modelação a partir da televisão, filmes e músicas que influenciam o espectador desde a mais tenra idade.
Entendendo que a adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflitivo ou de crise, não se pode descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo. Isso porque a puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Assim, o comportamento sexual do adolescente pode ser visto como sendo mais um produto de contingências ambientais do que meramente um efeito derivado de mudanças hormonais, pois é no ambiente que se pode encontrar as condições que favoreçam a sua manifestação.
Nesse contexto, é importante que as escolas, tanto públicas quanto particulares, enfatizem a educação sexual para os jovens, esclarecendo suas dúvidas e lhes oferecendo toda orientação a respeito do assunto. A escola possui importância fundamental na educação de um indivíduo, normalmente, serve como uma continuação ou complementação da educação recebida no âmbito familiar, possibilitando conhecimentos não só acadêmicos, como também orientações quanto ao próprio desenvolvimento do jovem (Rodrigues, 1999). Portanto, é fundamental que tanto a família quanto a escola assumam a responsabilidade de formar e informar os jovens para que consolidem uma visão positiva da própria sexualidade e tornem-se capazes para tomadas de decisões maduras e responsáveis.
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