BRINCARTE

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Thursday, June 26, 2014

GILBERTO GIL & O SITIO DO PICA-PAU AMARELO


Marmelada de banana, bananada de goiaba
Goiabada de marmelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Boneca de pano é gente, sabugo de milho é gente
O sol nascente é tão belo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Rios de prata, pirata
Vôo sideral na mata, universo paralelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
No país da fantasia, num estado de euforia
Cidade polichinelo
Sítio do Pica-Pau amarelo
(Sítio do Pica-Pau Amarelo, Gilberto Gil).

Quando menino travesso da beira do rio, eu me embalava com as histórias de Monteiro Lobato (1882-1948): Narizinho Arrebitado (1921), O Saci (1921), Fábulas (1922), O Marquês de Rabicó (1922), A caçada da onça (1924), O garimpeiro do Rio das Garças (1924), O pó de pirlimpimpim (1930), Reinações de Narizinho (1931), As caçadas de Pedrinho (1933), Memórias da Emília (1936), O picapau amarelo (1939), entre outros tantos livros que fizeram povoar um monte de personagens na minha cabeça, até um amigo invisível que eu mantinha escondido no quintal, atrás da goiabeira. Foi o contato com a obra desse grande escritor na minha infância que me faz ser criança até hoje. 


MONTEIRO LOBATO – O advogado, escritor, desenhista, caricaturista e editor José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu num sítio de Taubaté, interior de São Paulo, onde foi alfabetizado por sua mãe no meio dos livros do seu avô, o Visconde de Tremembé. Sonhava com a Escola de Belas-Artes, mas findou fazendo Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, tonando-se depois Promotor de Justiça de volta a Taubaté. Com o falecimento de seu avô, transferiu-se para a Fazenda Buquira, quando surgiu o escritor e tradutor que fez a cabeça das futuras gerações. Conta-se que virou autor de Literatura Infantil porque “De escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo”. Afinal, já dizia Lobato: "Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos”.


GILBERTO GIL – Nesse tempo de menino treloso da beira do rio, eu ficava sentado ensopado de mijo no chão da sala com os olhos vidrados na televisão. Quando minha mãe ia me pegar para o banho ou para janta, ou almoço, ou o que fosse, ela se divertia comigo porque eu gostava de cantar o tempo todo: “O rei da brincadeira, ê José; o rei da confusão, ê João...”. – Onde você viu isso, meu filho? Na televisão. Não sabia ela que essa se tornaria uma das memoráveis criações da música brasileira de todos os tempos. Por isso eu sempre disse: a minha infância tinha trilha sonora. Entre elas, Domingo no Parque, de Gilberto Gil. Outra? Já havia alcançado a adolescência, mas como vivia com a leitura em dia nas obras gerais de Lobato, a música Sítio do Picapau Amarelo, do Gil passou a ser incorporada como se fosse mais uma da trilha sonora da minha infância. Salve, salve, Lobato! Salve, salve, Gilberto Gil!