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Sunday, April 20, 2014

A LINGUAGEM DAS CRIANÇAS


A LINGUAGEM DAS CRIANÇAS – Os psicolinguístas estão preocupados com a compreensão, produção e aquisição da linguagem, procurando saber quais os processos mentais que envolvem a linguagem. Nesse sentido, definem a existência de processos de comunicação: reflexiva e proposital. A comunicação reflexiva consiste em padrões estereotipados para essa finalidade, enquanto que a comunicação proposital possui a finalidade de causar um efeito sobre o receptor da informação e a resposta desse receptor influencia a continuidade da comunicação.
A estruturação da linguagem se dá por meio da ordenação, significação, função social e criatividade da linguagem. A ordenação compreende as regras da gramática e a sintaxe, sendo, pois, a formação de palavras em sentença essencial para a transmissão do pensamento. A significação compreende o processo semântico. A função social compreende o compartilhamento de informações e ideias, enquanto os interlocutores são capazes de inferir o significado de determinadas informações. Já a criatividade compreende a criação de palavras, frases e sentenças, sob o entendimento de que a linguagem apesar de padronizada é flexível.
A produção da fala, conforme as teorias de Noan Chomsky, se dá por meio da expressão de fonemas, morfemas, frases e sentenças submetidas às regras sintáticas, dentro de duas estruturas: superficial e subjacente. A estrutura superficial compreende frases precisas que expressam pensamentos. Já a estrutura subjacente compreende as atitudes e pensamentos básicos corporificados nas palavras.
A compreensão da fala se dá pela construção de esquemas que são redes de conhecimento, sendo, pois, um exercício de solução de problemas. A compreensão e a produção da fala desenvolvem-se em ritmos diferentes.
A aquisição da linguagem se dá a partir da emissão de sons, balbucios, fala holofrástica, combinação de palavras aleatórias e linguagem telegráfica. Essa aquisição depende da hereditariedade, do ambiente e da inteligência parental, principalmente da atenção e afeto dos pais.
Há período sensível para aquisição da linguagem, compreendida entre a idade dos dois anos até a puberdade, quando a experiência tem um impacto substancial devido o amadurecimento do cérebro, flexibilidade e maturação.
A Teoria do Dispositivo da Linguagem (LAD), proposta por Noam Chomsky, entende que as pessoas nascem com equipamento mental que possibilita descobrir regras para aglutinar sentenças aceitáveis, defendendo a propensão inata para a linguagem, pois as crianças possuem mecanismo biológico universal, capacidades especiais de linguagem e especialização dos aparatos humanos da fala. Por essa teoria, as crianças adquirem a linguagem porque a escutam.
A Teoria da Solução de Problemas compreende que a linguagem se desenvolve no contexto das necessidades e desejos. O uso da linguagem é uma forma de persuadir os outros a cooperar. Assim, as crianças aprendem a se comunicar no contexto de solução dos problemas enquanto interagem com os pais. Sob essa perspectiva a linguagem infantil é lenta, curta, repetitiva em tom agudo, exagerada, focada aqui e agora, simples de som, vocabulário, sentença e significado. Há nesse contexto a parêntese que é a linguagem consistente e fácil efetuada por meio da uma ação conjunta, ou seja, as crianças usam método de teste de hipótese para deslindar as leis da linguagem. Para essa teoria, devem ocorrer oportunidades das crianças participarem das conversas, sendo tratadas como parceiras em diálogos, usando sentenças apropriadas a competências correntes.
A Teoria do Condicionamento proposta por Skinner, defende que aprende-se a linguagem por processos mecânicos, imitando a linguagem que ouvem, ou seja, palavras associadas a eventos, objetos ou ações, aprendendo o que significam. Pra essa teoria, as consequências da fala dependem de condicionamento operante, pois, pedidos são atendidos, perguntas são respondidas. Assim, quando um ato é repetido e reforçado, torna-se reforçador aumentando a probabilidade de ocorrência com recompensas pela precisão, utilizando-se da modelagem de palavras e a associação a objetos que apressam a aquisição da linguagem, utilizando-se da imitação, da associação e da linguagem.
Para a Teoria da Solução de Problemas o ensino deliberado proposto por Skinner é contraproducente porque os pais concentram-se antes em superficialidades do que em hipóteses errôneas.
Por fim, a metacognição compreende a consciência da própria cognição, ou seja, se aprende olhando, opina sobre a memória, formula estratégia para resolver problemas e monitora a linguagem. É conhecimento sobre o conhecimento, controle e regência do próprio pensamento. As capacidades metacognitivas compreendem monitorar o progresso e corrigir os erros.

REFERÊNCIAS
BRAZELTON, T. Berry; SPARROW, Joshua. 3 a 6 anos: momentos decisivos do desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Artmed, 2003.
CHOMSKY, Noam. Aspectos da teoria da sintaxe. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
COLE, Michael; COLE, Sheila. O desenvolvimento da criança e do adolescente. Porto Alegre: Artmed, 2003.
CORSINO, Patrícia. Linguagem na educação infantil: brincadeiras com as palavras e as palavras como brincadeiras. In: BRASIL. Cotidiano na educação infantil. Brasília: Mec/SEED, 2006.
DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Makron Books, 2001.
HJELMSLEV, Louis T. A estratificação da linguagem. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
JAKOBSON, Roman. Relações entre a ciência da linguagem e as outras ciências. Rio de Janeiro: Martins Fontes/Livraria Bertrand, 1974.
______. Fonema e fonologia. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
MALANGA, Eliana. Linguagens e pensamento: introdução a uma abordagem interdisciplinar entre a psicopedagogia e a semiologia para a compreensão e construção do pensamento. Cadernos de Psicopedagogia. v.3, n.6, São Paulo, jun. 2004.
MUSSEN, Paul. O desenvolvimento psicológico da criança. São Paulo: Zahar, 1972.
SAUSSURE, Ferdinand. As palavras sob as palavras. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
SOUZA, Maria Dolores. A expressão plástica infantil com ênfase na história da educação. Revista HistedBR, Campinas, n.18, p. 80 - 92, jun. 2005.

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