JOGO DRAMÁTICO E PSICOTERAPIA INFANTIL – Assinala Courtney (1980)
que a criação infantil de um mundo próprio através do jogo é o fundamento par
as artes. Mas, o jogo é também a linguagem natural da criança; os símbolos por
ela usados são réplicas da situação de vida e, através deles, a criança
aproxima seu mundo da realidade. lidando com coisas que são pequenas e
inanimadas, ela pode dominar situações que pra ela são opressivas.
LUDOTERAPIA – Na ludoterapia, conforme Courtney (1980), o
psicoterapeuta infantil permite a seu paciente jogar e tenta, lendo o
simbolismo secundário do jogo, compreender sua linguagem simbólica e, assim, os
problemas inconscientes que o acossam. Assim, o jogo compreende todas as
atividades das crianças, ajuda às crianças assimilar a realidade quando essas
atividades lúdicas são vistas como projeções, ou seja, expressões dos
pensamentos, impulsos e motivações mais íntimos da criança que expressa
significados particulares; esse jogo mostra o seu relacionamento com o mundo e
o faz-de-conta passa a ser parte inerente da situação e para todos os
propósitos práticos, sendo indistinguível do próprio jogo. O elemento dramático
fornece a grande variedade dentro das configurações do jogo, relacionando as crianças
umas às outras. Assim, o jogo dramático livre é uma expressão do inconsciente e
nessa idade depende dos diferentes papeis que outros desempenham dando-lhe
apoio e, com isso, pode expressar as fantasias, bem como medos e outros
problemas da criança, criando um mundo próprio para dominar a realidade. Já Koudela
(1984) observa que a criança evoca no jogo uma conduta na ausência de seu
objetivo habitual, transformando o esquema sensório-motor em esquema simbólico,
uma vez que o jogo reforça a passagem da representação em ato para a
representação em pensamento. O desenvolvimento do jogo infantil mostra que o símbolo
na criança se desenvolve através de fases que conduzem a um crescente realismo.
Isso porque ao jogar a criança acredita no que quer.
PSICODRAMA – Para Hug e Fleury (2008), Cortney (1980), Rebouças
(2008) e Gonçalves (1988), o psicodrama é uma psicoterapia na qual a criança
tem oportunidade de se expressar e de se relacionar por meio da brincadeira e
do jogo. O que o caracteriza e o diferencia tecnicamente de outras ludoterapias
é o preparo do terapeuta para se prontificar, propor cenas, jogos,
procedimentos dramáticos e dirigi-los com cenários, ações, favorecendo o
brincar, o desenvolvimento da fala e o surgimento o inconsciente. Criado por
Moreno quando contava histórias improvisadas para crianças nos jardins de
Viena, sempre valorizou o jogo de papéis e o faz-de-conta na infância,
procurando mostrar sua importante no desenvolvimento da personalidade. As teorias
e técnicas do psicodrama atribuem à atuação da criança em papeis, imaginários e
sociais, em interação com papeis desempenhados por outros, terapeutas ou
membros do grupo, o poder de desenvolver sua criatividade e, portanto, o gosto
pela vida.
ARTETERAPIA – Para Païn e Jarreau (1996), é o tratamento psicoterapêutico
que utiliza como mediação a expressão artística, seja dança, teatro, música,
literatura, pintura, desenho, máscaras, marionetes, gravuras, modelagens, entre
outras. Trata-se de um trabalho que se orienta de acordo com várias tendências
e o papel do arteterapeuta é acompanhar o processo do paciente, ser testemunha
de sua aventura, ajudá-lo a superar os obstáculos encontrados, considerando-os,
ao mesmo tempo, de um ponto de vista subjetivo e objetivo. Para isso, é preciso
que haja normas para, por um lado, observar os sujeitos que estão realizando
uma atividade criativa e, por outro, decidir a oportunidade e o conteúdo das
intervenções. O número de participantes deve ser apropriado de maneira que
permita ao terapeuta acompanhar as alternativas da criatividade. A atenção deve
ser aberta, sem antecipação, sensível à ressonância afetiva e representativa. Trata-se
de uma concentração imaginária centrada no sujeito.
REFERÊNCIAS
COURTNEY, Richard. Jogo, teatro
& pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.
GONÇALVES, Camila Salles.
Psicodrama analítico com crianças. In: GONSALVES, Camilla (Org.). Psicodrama
com crianças: uma psicoterapia possível. São Paulo: Ágora, 1988.
HUG, Edward; FLEURY, Heloisa.
Psicodrama transformador na mudança terapêutica: diretrizes e recomendações.
In: FLEURY, Heloisa; KHOURI, Georges; HUG, Edward; Psicodrama e neurociência:
contribuições para a mudança terapêutica. São Paulo: Ágora, 2008.
KOUDELA, Ingrid. Jogos teatrais.
São Paulo: Perspectiva, 1984;
PAÏN, Sara; JARREAU, Gladys. Teoria
e técnica da arte-terapia: a compreensão do individuo. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1996.
REBOUÇAS, Rosana. Os objetos intermediário
e intra-intermediario na psicoterapia psicodramática infantil em um caso de
transtorno global do desenvolvimento. In: FLEURY, Heloisa; KHOURI, Georges;
HUG, Edward; Psicodrama e neurociência: contribuições para a mudança
terapêutica. São Paulo: Ágora, 2008.
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