PROJETO BRINCARTE DO NITOLINO – Espaço para informação e divulgação do trabalho com oficinas, contação de história, recreações educativas, palestras, pesquisas acadêmicas e outras atividades musicais, teatrais e literárias de Luiz Alberto Machado voltadas para o universo infanto-juvenil. Contato: luizalbertomachado@gmail.com
Tuesday, March 11, 2008
CANAVIAL
Foto de Justino Lucente
A LENDA DO AÇÚCAR E DA CACHAÇA
Nosso Senhor passava certa vez por uma estrada e, debaixo do solão enorme, morria de fome e de sede. Já não aguentava mais de cansaço, quando avistou um canavial. Então abrigou-se entre as suas folhas, refrescou-se do calor, descansou, chupou uns gomos e matou a fome. Ao retirar-se, estendeu as mãos sobre as canas e as abençoou, prometendo que delas o homem haveria de tirar um alimento bom e doce.
No outro dia, à mesma hora, o Diabo saiu das fornalhas do inferno, com os chifres e o rabo queimados. Galopando pela estrada, foi dar ao mesmo canavial. Vendo o verde das canas, entendeu de refrescar-se e espojar-se nas folhas. As canas, porém, soltaram pêlos, começando ele a coçar-se. Furioso, cortou um gomo e começou a chupar; mas o caldo estava azedo e, caindo-lhe no goto, queimou-lhe as goelas. O Diabo então danou-se, e prometeu que da cana o homem haveria de tirar uma bebida tão ardente como as caldeiras do inferno.
É por isso que a cana dá o açúcar, por causa da benção de Nosso Senhor, e a cachaça, por causa da maldição do Diabo.
FONTE:
BRANDÃO, Alfredo. A lenda do açúcar e da cachaça. In: O Bangüê nas Alagoas, de Manuel Diegues Júnior, na antologia “Estórias e lendas do Norte e Nordeste”. São Paulo: Edigraf, 1961.
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