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ANSIEDADE BÁSICA E AS NECESSIDADES NEURÓTICAS – Karem Horney (1885 – 1952)
desenvolveu em seu sistema psicologia o conceito fundamental de ansiedade
básica, definida como o sentimento de isolamento e de desamparo da criança em
um mundo potencialmente hostil. Essa definição caracteriza os sentimentos da
infância, sendo resultante de atitudes paternas dominadoras, e da falta de
proteção e de amor e o comportamento errático. Qualquer ato que perturbe a
relação segura entre pais e filhos pode provocar a ansiedade básica. Não é uma
condição inata, mas resultante das forças sociais e das interações existentes
no ambiente infantil. Para ela, a ansiedade básica é a solidão invasiva e
impotência, sentimentos que dão origem à neurose. Essa ansiedade deriva da
relação entre pais e filhos e por conta disso a criança desenvolve estratégias
comportamentais em resposta ao comportamento dos pais como uma forma de lidar
com os sentimentos de desamparo e insegurança consequências. Se alguma dessas
estratégias torna-se fixa da personalidade, cria-se a necessidade neurótica que
nada mais é do que uma forma de defesa contra a ansiedade. Essas necessidades
possuem tendências como a personalidade condescendente que ocorre quando o
individuo vai ao encontro de outros em busca de aprovação, de afeto e de um
parceiro dominante. A personalidade independente ocorre quando o individuo se
afasta dos outros em busca de independência, de perfeição e isolamento. A
personalidade agressiva ocorre quando o individuo vai de encontro aos outros
expressando necessidade de poder, exploração, prestigio, admiração e conquista.
O movimento ao encontro dos outros implica a aceitação dos sentimentos de
desamparo do individuo e a sua atuação no sentido de obter o afeto alheio,
sendo essa a única forma de se sentir seguro com as pessoas. O movimento de
afastamento das pessoas envolve o isolamento, comportamento que faz o individuo
parecer autossuficiente e evitar a dependência. O movimento de encontro às
pessoas envolve a hostilidade, a rebeldia e a agressão. Nenhuma das tendências
ou necessidades neuróticas é uma forma realista de lidar com a realidade. Por
serem incompatíveis, podem ocasionar conflitos. Uma vez estabelecida a
estratégia comportamento para lidar com a ansiedade básica, esse padrão deixa
de ser suficientemente flexível, não permitindo comportamentos alternativos.
Dessa forma, quando um comportamento fixo mostra-se inadequado para determinada
situação, o individuo é incapaz de mudar em reação às exigências que ela
demanda. Esse tipo de comportamento enraizado intensifica as dificuldades do
individuo, pois afeta toda a personalidade, as relações com as pessoas, consigo
mesmo e com a vida como um todo.
A
autoimagem idealizada fornece à pessoa um falso retrato da personalidade ou do
self. É uma máscara enganosa e imperfeita que impede a pessoa neurótica de
compreender e aceitar o seu verdadeiro self. Ao vestir a máscara, o inidviduo
nega a existência dos seus conflitos internos. Ele acredita ser verdadeira a
autoimagem idealizada, e essa crença faz com que se considere superior ao tipo
de pessoa que realmente é. Horney não afirmava serem inatos ou inevitáveis tais
conflitos neuróticos, apesar de resultantes de situações indesejáveis da
infância, eles podiam ser evitados se a vida familiar da criança fosse rodeada
de calor, compreensão, segurança e amor.
REFERÊNCIAS
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