EDUCAÇÃO INFANTIL – A educação infantil recebeu um impulso muito grande com o
estabelecimento, pela Constituição Brasileira, do direito à educação a partir
do nascimento. Sobre esse direito a Lei de diretrizes e bases da educação
nacional construiu a nova concepção de educação infantil, precisando sua
finalidade: o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, em complementação à
ação da família e da comunidade. Definida como "a primeira etapa da educação
básica", a educação infantil passou a fazer parte intrínseca do processo
educacional e, consequentemente, do sistema de ensino. Já a Emenda
Constitucional nº 14, de setembro de 1996, adotou, no art. 211, a expressão
Educação Infantil, numa tentativa de superar a dicotomia creche e pré-escola. O
Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de
2001, tem um capítulo específico para a
educação infantil e propõe metas para a faixa de 0 a 6 anos, metas de
atendimento por faixa etária e à inclusão da creche no sistema de estatísticas
educacionais. A ideia explicitada é de que a educação infantil, do nascimento à
entrada da criança no ensino fundamental, seja organizada segundo o processo
contínuo e global de desenvolvimento e aprendizagem da criança e não de acordo
com modelos históricos reducionistas por demandas parcializadas por condições
econômicas e sociais excludentes. Dessa forma, no presente trabalho serão
abordadas a primeira e segunda fases nas dimensões cognitivas, afetivas e
psicomotora de forma a explicitar de que forma se realiza a Educação Infantil.
PIAGET - O período compreendido
entre 0 e 06 anos de idade, está dividido em dois outros períodos representados
pelo período sensório-motor, de 0 A 2
anos, quando começa a falar; e o período pré-operatório, quando a criança está
caminhando para operações concretas, mas ainda não desenvolveu essas
habilidades. Acontece dos 2 aos 6 anos de idade.
Piaget (1978) divide o período
sensório-motor em seis estágios:
1-O exercício
dos reflexos: recém-nascido;
2-Os primeiros
hábitos: Chupar o polegar, coordenação de braços, afeto, etc ( até 4,5 meses ).
3-Os primeiros
aprendizados: (4,5 ao 6/7 meses). Sorrisos, mundo exterior.
4-A coordenação
dos esquemas: Percepção maior, combinações, bater, agarrar, etc (7 a 11/12
meses ).
5- Estagio A descoberta de meios novos: ( 11 a
12 a 16 meses ). Começa desenvolver a inteligência prática, começa a adaptação,
puxar cobertores, tapetes, mexem em tv, rádio, etc. Desperta a curiosidade.
6-A invenção de
meios novos por combinação mental: 16 meses aos 2 anos: Começa a
experimentação, tateios , chega até a linguagem.
As características físicas
dos recém-nascidos se apresenta em diferentes partes do corpo que crescem em
ritmos diversos, até que as proporções do corpo se tornam mais semelhantes às
dos adultos.
Das necessidades biológicas
básicas de um recém-nascido, duas, a fome e a sede, não são automaticamente
satisfeitas. A satisfação dessas necessidades requer o auxílio de outra pessoa
e, se não forem prontamente atendidas, as tensões do bebê poderão tornar-se
intensas e dolorosas. As relações sociais envolvidas na satisfação dessas
necessidades situam-se entre as mais importantes experiências iniciais do bebê
e podem Ter efeitos duradouros sobre o desenvolvimento da personalidade.
As capacidades sensoriais do
recém-nascido são observadas a partir da estrutura, do aparelho neuromuscular e
do funcionamento dos olhos que melhoram e se aperfeiçoam. Essa coordenação e
convergência dos olhos, requeridas para a fixação visual e a percepção de
profundidade, começam a desenvolver-se após o nascimento e parece estarem
razoavelmente estabelecidas por volta das sete ou oito semanas de idade.
As capacidades perceptivas
envolve a organização e interpretação de simples impressões sensoriais, e a percepção
madura requer desenvolvimento e aprendizagem neurológicos mais adiantados.
Quanto às reações motoras, um
bebê pode efetuar uma quantidade surpreendentes dessas reações, algumas com
valor de sobrevivência, ajudando o recém-nascido a ajustar-se ao novo meio
externo, podendo, ainda, ser capaz de realizar uma série de reações localizadas
específicas, tais como agarrar, tremer, torcer-se, contorcer-se ou arquear as
costas, dentre outras.
O desenvolvimento motor
processa-se a um extraordinário ritmo, depois do período recém-natal,
obedecendo uma sequência definida, geralmente desenrolada nas direção
cefalo-caudal e próximo distal, onde a maturação e a aprendizagem continuam
intimamente interligadas na aquisição de capacidades motoras.
A primeira fase, a do
desenvolvimento cognitivo é caracterizada pelo uso dos reflexos, e vai do
nascimento até ao fim do primeiro mês de idade, quando são usados os reflexos
de sucção, preensão, movimentos oculares e os reflexos relacionados com o
ouvido e a fonação. A segunda, chamada
de fase das reações circulares primárias, começa do primeiro mês de vida até o
quarto mês, onde os reflexos do recém-nascido passam por uma série de mudanças
produzidas pela interação do organismo com o meio. A terceira, período
sensório-motor, vai do quarto ao oitavo mês de vida, que é conhecida como a das
reações circulares secundárias, ocorrendo as adaptações intencionais que
revelam certa intenção, desejo ou propósito. A quarta, do desenvolvimento
cognitivo sensório-motor, considerada a fase das reações circulares
coordenadas, ocorrendo entre o oitavo e o décimo segundo mês de vida, ocorrendo
as reações circulares secundárias, formando novas modalidades comportamentais
claramente intencionais.
Entre o décimo segundo ao
décimo oitavo mês, ocorre a chamada fase das reações circulares terciárias onde
ocorre a descoberta de novas significações para as coisas pelo comportamento
repetitivo da criança.
A fase seguinte, começa no décimo oitavo
mês até os dois anos de idade, considerada como a fase do desenvolvimento
sensório-motor, habilidade mais importante que deve ser adquirida com a
capacidade de resolver problemas sem a necessidade de explorar fisicamente suas
possibilidades.
Entre os 3 e os 6 anos a criança
encontra-se o período denominado pré-escolar, durante o qual há uma explosão de
descobertas, a imaginação e a curiosidade estão a pleno vapor e o
desenvolvimento de padrões sócio-culturais de comportamento vão aos poucos se
solidificando. Sob alguns pontos de vista, esta fase é de relativo sossego para
os pais: o filho já não usa mais fraldas, é mais independente e não é
necessário estar o tempo inteiro sob supervisão. Já supera com mais facilidade
a separação, ajusta-se mais facilmente a mudanças, comporta-se de forma mais
adequada segundo os padrões familiares e aceita compromissos com mais
facilidade. Seu mundo não limita-se exclusivamente ao lar e aos membros da
família, agora ele gosta e precisa da companhia de outras crianças.
A idade pré-escolar é
considerada a fase áurea da vida, em termos da psicologia evolutiva e, por isso
mesmo, tem sido objeto de extensas formulações teóricas.
Do ponto de vista da teoria
psicanalítica, este período da vida abrange dois estágios da evolução
psicossexual: o estágio anal, cujas implicações para o processo evolutivo do
ser humano são bastante acentuadas, e o estágio fálico, que representa o
período em que tipicamente ocorre o que se chama complexo de Édipo, um dos
esteios da teoria freudiana. Neste período, a criança está tornando-se mais
competente nas áreas de aprendizagem, inteligência, linguagem e motora.
Consegue lidar melhor conceitos como idade, espaço, tempo e moralidade, embora
ainda com características bem próprias desta faixa etária, tais como não
conseguir separar completamente o real do irreal, acreditar no poder das
palavras aceitando seu significado literal, atribuir causas humanas a fenômenos
naturais e características humanas a animais, plantas e objetos. Muitas vezes é
incapaz de considerar o ponto de vista de outra pessoa e uma criança de 4 anos
não consegue entender porque um adulto não quer passear por estar cansado se
ela não está.
O pré-escolar está pronto para canalizar
sua energia no aprendizado de coisas novas. A interação e o relacionamento com
outras crianças e adultos, as funções adequadas do papel sexual, os
comportamentos socialmente aceitáveis, os conceitos de certo e errado, as
consequências de suas atitudes e os valores (tolerantes, preconceituosos,
discriminatórios, etc.), serão assimilados pela criança de acordo com as
atitudes e os conceitos que lhe forem transmitidas pela família.
Para Bueno (1982, p. 104):
Na fase pré-escolar o mundo é representado para a criança de modo
icônico, ou seja, de modo visoperceptivo. Do ponto de vista da evolução
cognitiva do ser humano um fato importante nessa fase da vida é o processo de
descentração que possibilita à criança a percepção de mais de um aspecto de
dado objetivo de uma só vez.
Desta forma, os
aspectos mais importante do desenvolvimento psicossocial da idade pré-escolar,
conforme Bueno (1982, p. 104), abrangem
os seguintes ponto:
1.
A formação de um
conceito do eu, grandemente facilitado pela aquisição da linguagem articulada;
2.
A definição da
identidade aquisição do indivíduo através da qual ele apreende a se comportar
de acordo com as expertações da sociedade;
3.
A aquisição de sua
consciência moral que vai além da simples imitação do comportamento do mundo
adulto e que é capaz de levar o indivíduo a se sentir culpado em face da
violação das regras de conduta do seu meio social;
4.
O desenvolvimento de
padrões de agressão que resulta de vários fatores dentre os quais se salientam:
a severa punição física, identificação com o agressor e a frustração; e
5.
As motivações básicas
do senso de competências e a necessidade de realização, ambas muito dependentes
das condições do meio e de fundamental importância para o desenvolvimento
adequado do ser humano.
A fase pré-escolar é
caracterizada por consideráveis mudanças físicas. Essas mudanças constituem um
desafio tanto para os pais e educadores como para a própria criança. Atitudes
extremas por parte dos pais para fazer face a essas mudanças de comportamento podem
ser nocivas ao processo do desenvolvimento normal da criança. Segundo a teoria
de Piaget (1978:10), a fase pré-escolar corresponde ao período pré-operacional
do desenvolvimento cognitivo representando o estágio entre os 02 e os 06 anos
de idade. As operações mentais da criança nessa idade se limitam aos
significados imediatos do mundo infantil.
Piaget (1978) divide
o período pré-operacional em dois estágios: de dois a quatro anos de idade, em
que a criança se caracteriza pelo pensamento egocêntrico, e dos quatro aos sete
anos, em que ela se caracteriza pelo pensamento intuitivo.
No primeiro estágio,
segundo Rosas (1982, p. 77), na fase do pensamento egocêntrico, "(...) a
criança não somente pensa de acordo com suas percepções imediatas das coisas
que a cercam, mas suas próprias percepções são determinadas pela
egocenticridade de seu mundo bastante limitado". Nesse estágio do processo
evolutivo fala-se também do animismo infantil segundo o qual a criança tende a
atribuir vida aos objetos, bem como o antropomorfismo segundo o qual ela
atribui aos seres inanimados as mesmas características subjetivas que ela
possui.
Doas quatro ao sete
anos de idade, Piaget (1978) defende que é possuidora de pensamento intuitivo,
querendo dizer que a criança se encontra numa fase de transição para um nível
de desenvolvimento cognitivo mais elevado. Neste período a criança está se
aproximando do uso das operações mentais concretas. Conforme a teoria, o
pensamento instintivo proporciona à criança melhor controle sobre seu próprio
processo de pensar. Esse processo cognitivo, resulta, segundo Piaget (1978), de
um processo de descentralização.
Aparentemente,
conforme Bueno (1982), na medida em que a criança desenvolve maior capacidade
de representação mental, e na medida em que ela desenvolve esquemas mais
equilibrados e mais sofisticados, sua percepção dos objetos e das pessoas se
torna mais complexa.
Assim, percebe-se que
na primeira fase desse estágio é caracterizada pelo pensamento egocêntrico.
Já na segunda fase a
criança começa a ampliar o seu mundo cognitivo, o que constitui o chamado
pensamento intuitivo (BUENO, 1982).
Em vista disso, estabeleceu-se um
perfil pré-escolar: aos 3 anos, conformista, docilidade social; já é capaz de
estabelecer compromissos, sacrificando uma satisfação imediata por uma
recompensa posterior. Procura agradar os pais e corresponder as suas
expectativas. Abotoa e desabotoa botões acessíveis, calça sapatos. Ajuda a por
a mesa e a secar a louça, gosta de ajudar. Entretêm-se com jogos calmos. Pode apresentar
"medos" (do escuro, na hora de ir dormir). Primeiras perguntas sobre
a origem das pessoas. Há um aparente emagrecimento (predomínio da altura sobre
o peso). Socialização extra-familiar (jardim de infância). Gagueira
fisiológica.
Aos 4 anos, comportamento
expansivo, afirmativo e muito independente, tende a ser egoísta, impaciente e
agressivo (física e verbalmente), apresenta variações de humor. Grande
atividade física e vivacidade mental, Interesse pelo ambiente é maior do que
pelo alimento, Combinação de independência e sociabilidade, falador prolixo
(grande tagarela), Conta casos da família a outros, sem inibição, Ainda
apresenta muitos medos, Perguntador (como? por quê?), mandão, tenta impor
posições e situações, gosta de enfrentar e vencer provas e efetuar proezas,
orgulha-se de suas realizações, Brinca de forma associativa e cooperativa, Os
amigos imaginários são frequentes.
Aos 5 anos, mais seguro de si
mesmo, menos rebelde e briguenta, mais disposta a resolver as coisas, melhor
relacionamento com os pais, Confiança maior nas demais pessoas, É mais
amadurecido, responsável, independente, sensato e prático, Apresenta menos
medos, procura seguir as regras, é ávida por agradar e fazer as coisas certas,
No brinquedo é cooperativa, gosta de regras e procura segui-las, mas pode
trapacear para não perder.
Já aos 6 anos, sente necessidade
de crianças da mesma idade dispersiva. Criança extremamente ativa. Gosta de
jogos de mesa e jogos simples de baralho. Excitável, impulsiva, quer ganhar
sempre (faz trapaça para ganhar), gosta de brinquedos rudes. Pode apresentar
crises de birra. Pode furtar dinheiro ou objetos que lhe agradem.
O DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO - A cognição diz respeito aos processos mentais superiores,
correspondente às funções envolvidas na compreensão de tratamento do mundo que
os cerca, ou seja, percepção, linguagem, inteligência e pensamento.
As percepções de um
recém-nascido, quando comparadas com as de um adulto, são difusas e
desorganizadas. Entretanto, mesmo nos primeiros seis meses, um bebê é capaz de
perceber a profundidade e de distinguir uma figura do fundo, padrões simples e
complexos e rostos amigos ou hostis. Com a maior maturidade neurológica e
crescente aprendizagem perceptual, as primeiras percepções indistintas ou
globais da criança ganham maior precisão, tornando-se mais diferenciadas, mais
rigorosas e mais semelhantes às adultas. A capacidade de perceber detalhes e
relações entre partes é geralmente adquirida durante um longo período. Pois só
através da experiência os vários componentes e aspectos do mundo acabam por
relacionar-se mutuamente, graças a novos processos e novas integrações.
O interesse na forma,
por exemplo, desenvolve-se muito cedo, vez que a capacidade para distinguir
entre formas tão complexas como são os números e as letras do alfabeto
desenvolve-se gradualmente e fica razoavelmente estabelecida por volta dos
cinco anos.
As crianças muito
novas não diferenciam as partes do que percebem, especialmente se os estímulos
não forem familiares ou não tiverem qualquer significado para elas. Percebem,
sobretudo, em termos de contexto. Em geral a capacidade para extrair ou
diferenciar partes de uma percepção global originalmente indistinta
desenvolve-se gradualmente com a idade.
Todas as crianças da
pré-escola estão no estágio pré-operatóroio, quando nesse período a criança vai
passando do pensamento que ainda é incipiente e depende totalmente da ação
sobre os objetos da realidade, compreensão vinculada ao que faz, para dar
significado ao que ouve (MUSSEN, 1972).
Este estágio é
delimitado por duas aquisições importantíssimas: inicia-se com a função
simbólica que conduz as representações e termina com a reversibilidade que
viabiliza as transformações. Ou seja, surgem nesta fase dois processos básicos
de construção do conhecimento. Desta constatação deduz-se que a principal
tarefa do professor, por exemplo, é consolidar a função simbólica
recém-adquirida, enquanto vai passando para as atividades que podem ser menos
sistemáticas, dando-se maior ênfase às que estimulam a reversibilidade e a
conservação, ritmo às primeiras operações lógicas de classificação e seriação.
Assim é que, conforme
Bueno (1982), ao invés de concentrar sua atenção num único atributo saliente
dos objetos, a criança agora é capaz de variar seu foco de atenção e de
considerar mais de um atributo de uma só vez.
O DESENVOLVIMENTO
AFETIVO - Para Wadsworth (1996, p:22), "[...] o afeto apresenta várias
dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos, como amor, raiva, depressão, e
aspectos expressivos, como sorrisos, gritos, lágrimas".
No que se refere ao
desenvolvimento intelectual, o afeto possui dois aspectos: um deles tem a ver
com a motivação ou energização da atividade intelectual. O segundo aspecto, tem
a ver com a seleção. Isto quer dizer que o aspecto afetivo tem uma profunda
influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o
ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a atividade
intelectual se concentrará.
De acordo com
Piaget(1978), o aspecto afetivo, em si, não pode modificar as estruturas
cognitivas, esquemas, embora, possa influenciar quais estruturas modificar.
No estágio fálico,
que compreende dos 3 aos 5 anos, vê-se que, por volta da idade de 4 anos, há
uma nova mudança da região anal para a zona erógena genital. Novamente, há uma
base maturacional para a mudança; apenas neste momento é que a área genital
está completamente desenvolvida e só então a criança começa a ter sensações de
prazer na estimulação da área genital. É durante este período que ambos os
sexos começam, muito naturalmente a se masturbar. De acordo com Freud, o evento
mais importante que ocorre durante o estágio fálico é o assim chamado conflito
de Édipo. Ele descreve a seqûencia de eventos, mais completamente e mais
convincentemente para os meninos.
Neste sentido Bee
(1977, p. 215) trata que:
[...] a teoria sugere que, de alguma forma, o menino torna-se
intuitivamente desperto para sua mãe, como um objeto sexual, precisamente como
isto ocorre não foi explicado por completo, mas o ponto importante é que por
volta dos 4 anos o menino começa a ter um tipo de ligação afetiva sexual em
relação a sua mãe e a considerar seu pai como um rival sexual. Ente conflito é
resolvido, segundo o pensamento de Freud, pela repressão, por parte do menino,
de seus sentimentos por sua mãe e sua identificação com seu pai. O processo de
identificação é um processo de interiorização, de incorporação de tudo o que o
pai é, seus comportamentos, maneirismos, ideias, atitudes e moral. Fazendo
isto, o menino se torna tão parecido com seu pai que este não irá agredi-lo. O
processo de identificação resulta na adoção, pelo menino, não apenas do papel
sexual masculino apropriado, mas também do sistema moral paterno.
Assim é que neste
período a criança descobre a diferença concreta entre o masculino e o feminino,
segue para a plena elaboração do conflito edípico e, depois, começa a superar a
fase, vivendo a transição para a fase de latência.
Para Piaget (1978), a
afetividade e inteligência são indissociáveis. Além disso a fase fálica
corresponde à formação do superego, quando a criança começa a perceber as
regras, os limites, as sanções que regulam o comportamento social, precisando
de alguém que a conduza neste processo de interiorização das normas sociais. É
uma fase crucial para o desenvolvimento moral sadio, normal sobre o qual Piaget
também discorre, apontando para a relação da criança com o adulto e as
estratégias para o trabalho com esta heteronomia visando a autonomia.
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
- Ao nascer, o indivíduo apresenta reações automática-reflexas, onde algumas
são mais reflexas, como a sucção, as quais são chamadas de organizações
instintivas.
Bueno (1998), neste
sentido, elabora todo um mapa evolutivo, compreendendo desde o primeiro mês,
com as reações de atenção inata que começa a olhar, deixa de chorar quando
alguém se aproxima e comunica as necessidades através do choro, passando, no
segundo mês a seguir com os olhos os estímulos, emitindo sons vocais e
brincando com as mãos.
A partir do terceiro
mês, a criança já sacode chocalho involuntariamente, sorri em resposta a outro
sorriso e vai entrando no mundo humano pela comunicação do sorriso.
No quarto mês,
aproxima-se dos objetos, apalpando-os, já ri alto, esconde-se e começa a
orientar-se no espaço.
No quinto mês, pega
objetos ao seu alcance, senta-se com apoio, leva os pés à boca e desenvolve da
preensão muda para a visão do mundo.
No sexto mês, utiliza
seu corpo e objetos no espaço, balbucia e se alimenta.
No sétimo mês,
procura objetos caídos, joga-os, vocaliza sílabas, dentre outras atividades de
simbolização e reconhecimento.
No nono mês,
mantém-se de pé com apoio, articula as primeiras palavras de duas sílabas,
dentre outros movimentos.
No décimo mês, coloca-se
em pé sozinho, repete os sons ouvidos, aprende a falar as primeiras palavras e
vão se instituindo as noções de defesa e proibição.
Nos meses seguintes
até o décimo oitavo mês, desenvolve a linguagem, anda sozinho e já faz
rabiscos, dentre outras movimentações.
Com 02 anos, possui
uma noção de totalidade corporal, salta com os dois pés juntos e apresenta um
vocabulário maior.
Aos 03 anos, utiliza
o pronome eu, toma consciência de si; reconhece e explica ações; é capaz de
classificar, identificar e comparar; apresenta um vocabulário em torno de 200
palavras; demonstra cooperação; usa talheres e quer vestir-se e calçar-se
sozinho; salta em um pé só, dois ou tres passos; anda de velocípede, sobe e desce escadas alternando
os passos; a coordenação motora fina se aperfeiçoa; idade dos porquês; começa a
se meter na conversa dos adultos, começar a usar a tesoura (BUENO, 1998).
Aos 4 anos tem mais
elasticidade das articulações, coordena o movimento das mãos na escrita, mas
não apresenta frio motor; inicia abstrações e ralações com os fatos, não
distinguindo claramente a fantasia da realidade; distingue frente e costas,
veste-se sozinho; salta com habilidade; início da socialização; exploração e
manipulação mais acentuada da área sexual; sabe copiar carimbos, associa figura
à escrita; pode copiar uma cruz, anda na ponta dos pés; reconhece as cores
branco e preto; ainda se vê do modo pelo qual pensa que as outras pessoas a vêm
(BUENO, 1998).
Aos 5 anos,
coordenação global desenvolvida, desenvolvimento do esquema corporal, utiliza a
mão dominante reconhecendo a direita e esquerda em si apenas; coordenação
viso-motora em desenvolvimento, dissociação manual e digital; protege as
crianças menores, colabora gradativamente, gosta de ajudar em tarefas
domésticas, aceita responsabilidades e ordens; salta alternando os pés, salta
distância com habilidade, ou seja, é mais ágil; agregação com crianças do mesmo
sexo, simpatia e antipatia; formação de censura, certo e errado; segura o lápis
com mais segurança mostrando os processos neuromotores quando desenha traços
retos, conseguindo fazer círculos e quadrados; distingue todas as cores;
identificação com figuras de ídolos (BUENO, 1996).
Finalmente, aos 6
anos, apresenta experimentação do corpo; dissociação manual e digital já estão
firmadas, apresentando possibilidade de escrever; atitudes sociais bruscas;
orientação nobre, distingue os dois lados, lateralização, não faz laços, faz
algumas tentativas, distingue fantasia da realidade claramente, início dos
jogos heterossexuais, troca de dentes, anda de bicicleta, desenvolve com maior
facilidade jogos de competição e raciocínio (BUENO, 1996).
CONCLUSÃO - Com a
edição da Lei 9.394/96, estabelecendo as diretrizes e bases da educação
nacional, a educação infantil, recebeu através do art. 29, a definição de
primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento
integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Neste sentido, busca-se respeitar a faixa etária da criança, a partir da
constituição do próprio espaço institucional que se deve organizar com as
condições objetivas de atendimento ao desenvolvimento infantil. Em virtude
disso, há necessidade de toda uma ambientação psicopedagógica própria, capaz de
estimular o desenvolvimento sensório-motor da criança e as dobras culturais do
seu processo de socialização.
Para tanto elegeu-se
os objetivos gerais para a prática da educação infantil no sentido de
proporcionar o desenvolvimento das capacidades de desenvolver uma imagem
positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em
suas capacidades e percepção de suas limitações; descobrir e conhecer
progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites,
desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo
sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidade de comunicação e
interação social; estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais,
aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os
demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e
colaboração; observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade,
percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador
do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
utilizar as diferentes linguagens, sejam corporais, musical, plástica, oral e
escrita, ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma
a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos,
necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados,
enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva; e conhecer algumas
manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e
participação frente a elas e valorizando a diversidade. Mais especificamente,
para as crianças de zero a três anos de idade, estabeleceu-se os objetivos de
que as crianças possam experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para
a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos,
sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia;
familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus
limites, sua unidade e as sensações que ele produz; interessar-se progressivamente
pelo cuidado com o próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde
e higiene; brincar; e relacionar-se progressivamente com mais crianças, com
seus professores e com demais profissionais da instituição, demonstrando suas
necessidades e interesses.
Quanto às crianças de
quatro a seis anos, estabeleceu-se que elas possam ser capazes de ter uma
imagem positiva de si, ampliando sua autoconfiança, identificando cada vez mais
suas limitações e possibilidades, e agindo de acordo com elas; identificando e
enfrentando situações de conflito, utilizando seus recursos pessoais,
respeitando as outras crianças e adultos e exigindo reciprocidade; e
valorizando ações de cooperação e solidariedade, desenvolvendo atitudes de
ajuda e colaboração, compartilhando suas vivências; brincar; adotar hábitos de
autocuidado, valorizando as atitudes relacionadas com a higiene, alimentação,
conforto, segurança, proteção do corpo e cuidado com a aparência; e, por fim,
identificar e compreender a sua pertinência aos diversos grupos dos quais
participam, respeitando suas regras básicas de convívio social e a diversidade
que os compõe. Desta forma, a prática educativa destinada às crianças de zero a
três anos de idade, deve possibilitar o desenvolvimento de capacidades que
resultem em familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; explorar as
possibilidades de gestos e ritmos para expressar-se nas brincadeiras e nas
demais situações de interação; deslocar-se com destreza progressiva no espaço
ao andar, correr, pular, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias
capacidades motoras; e explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe,
lançamento, para o uso de objetos diversos.
Já para as crianças
de quatro a seis anos de idade, a prática educativa deve garantir oportunidade
para que as crianças sejam capazes de ampliar as possibilidades expressivas do
próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas
brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação; explorar
diferentes qualidades e dinâmicas do movimento como força, velocidade,
resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as
potencialidades de seu corpo; controlar gradualmente o próprio movimento,
aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades
motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações;
utilizar movimentos de preensão, encaixe, lançamento para ampliar suas
possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos; e apropriar-se
progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando seus
segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de interesse e
cuidado com o próprio corpo. Desta forma, para o desenvolvimento profissional
dos que militam com a educação infantil, é fundamental o conhecimento das fases
de desenvolvimento da criança, de zero aos seis anos de idade, principalmente
nas dimensões cognitivas, afetivas e psicomotoras, para que se possa
desenvolver um trabalho eficiente e eficaz no recinto escolar.
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