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Sunday, May 18, 2014

A EDUCAÇÃO INFANTIL NA PERSPECTIVA PIAGETIANA



EDUCAÇÃO INFANTIL – A educação infantil recebeu um impulso muito grande com o estabelecimento, pela Constituição Brasileira, do direito à educação a partir do nascimento. Sobre esse direito a Lei de diretrizes e bases da educação nacional construiu a nova concepção de educação infantil, precisando sua finalidade: o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, em complementação à ação da família e da comunidade. Definida como "a primeira etapa da educação básica", a educação infantil passou a fazer parte intrínseca do processo educacional e, consequentemente, do sistema de ensino. Já a Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996, adotou, no art. 211, a expressão Educação Infantil, numa tentativa de superar a dicotomia creche e pré-escola. O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001,  tem um capítulo específico para a educação infantil e propõe metas para a faixa de 0 a 6 anos, metas de atendimento por faixa etária e à inclusão da creche no sistema de estatísticas educacionais. A ideia explicitada é de que a educação infantil, do nascimento à entrada da criança no ensino fundamental, seja organizada segundo o processo contínuo e global de desenvolvimento e aprendizagem da criança e não de acordo com modelos históricos reducionistas por demandas parcializadas por condições econômicas e sociais excludentes. Dessa forma, no presente trabalho serão abordadas a primeira e segunda fases nas dimensões cognitivas, afetivas e psicomotora de forma a explicitar de que forma se realiza a Educação Infantil.
PIAGET - O período compreendido entre 0 e 06 anos de idade, está dividido em dois outros períodos representados pelo período sensório-motor, de  0 A 2 anos, quando começa a falar; e o período pré-operatório, quando a criança está caminhando para operações concretas, mas ainda não desenvolveu essas habilidades. Acontece dos 2 aos 6 anos de idade.
Piaget (1978) divide o período sensório-motor em seis estágios:
1-O exercício dos reflexos: recém-nascido;
2-Os primeiros hábitos: Chupar o polegar, coordenação de braços, afeto, etc ( até 4,5 meses ).
3-Os primeiros aprendizados: (4,5 ao 6/7 meses). Sorrisos, mundo exterior.
4-A coordenação dos esquemas: Percepção maior, combinações, bater, agarrar, etc (7 a 11/12 meses ).
 5- Estagio A descoberta de meios novos: ( 11 a 12 a 16 meses ). Começa desenvolver a inteligência prática, começa a adaptação, puxar cobertores, tapetes, mexem em tv, rádio, etc. Desperta a curiosidade.
6-A invenção de meios novos por combinação mental: 16 meses aos 2 anos: Começa a experimentação, tateios , chega até a linguagem.
As características físicas dos recém-nascidos se apresenta em diferentes partes do corpo que crescem em ritmos diversos, até que as proporções do corpo se tornam mais semelhantes às dos adultos.
Das necessidades biológicas básicas de um recém-nascido, duas, a fome e a sede, não são automaticamente satisfeitas. A satisfação dessas necessidades requer o auxílio de outra pessoa e, se não forem prontamente atendidas, as tensões do bebê poderão tornar-se intensas e dolorosas. As relações sociais envolvidas na satisfação dessas necessidades situam-se entre as mais importantes experiências iniciais do bebê e podem Ter efeitos duradouros sobre o desenvolvimento da personalidade.
As capacidades sensoriais do recém-nascido são observadas a partir da estrutura, do aparelho neuromuscular e do funcionamento dos olhos que melhoram e se aperfeiçoam. Essa coordenação e convergência dos olhos, requeridas para a fixação visual e a percepção de profundidade, começam a desenvolver-se após o nascimento e parece estarem razoavelmente estabelecidas por volta das sete ou oito semanas de idade.
As capacidades perceptivas envolve a organização e interpretação de simples impressões sensoriais, e a percepção madura requer desenvolvimento e aprendizagem neurológicos mais adiantados.
Quanto às reações motoras, um bebê pode efetuar uma quantidade surpreendentes dessas reações, algumas com valor de sobrevivência, ajudando o recém-nascido a ajustar-se ao novo meio externo, podendo, ainda, ser capaz de realizar uma série de reações localizadas específicas, tais como agarrar, tremer, torcer-se, contorcer-se ou arquear as costas, dentre outras.
O desenvolvimento motor processa-se a um extraordinário ritmo, depois do período recém-natal, obedecendo uma sequência definida, geralmente desenrolada nas direção cefalo-caudal e próximo distal, onde a maturação e a aprendizagem continuam intimamente interligadas na aquisição de capacidades motoras.
A primeira fase, a do desenvolvimento cognitivo é caracterizada pelo uso dos reflexos, e vai do nascimento até ao fim do primeiro mês de idade, quando são usados os reflexos de sucção, preensão, movimentos oculares e os reflexos relacionados com o ouvido e a fonação. A segunda,  chamada de fase das reações circulares primárias, começa do primeiro mês de vida até o quarto mês, onde os reflexos do recém-nascido passam por uma série de mudanças produzidas pela interação do organismo com o meio. A terceira, período sensório-motor, vai do quarto ao oitavo mês de vida, que é conhecida como a das reações circulares secundárias, ocorrendo as adaptações intencionais que revelam certa intenção, desejo ou propósito. A quarta, do desenvolvimento cognitivo sensório-motor, considerada a fase das reações circulares coordenadas, ocorrendo entre o oitavo e o décimo segundo mês de vida, ocorrendo as reações circulares secundárias, formando novas modalidades comportamentais claramente intencionais.
Entre o décimo segundo ao décimo oitavo mês, ocorre a chamada fase das reações circulares terciárias onde ocorre a descoberta de novas significações para as coisas pelo comportamento repetitivo da criança.
A fase seguinte, começa no décimo oitavo mês até os dois anos de idade, considerada como a fase do desenvolvimento sensório-motor, habilidade mais importante que deve ser adquirida com a capacidade de resolver problemas sem a necessidade de explorar fisicamente suas possibilidades.
Entre os 3 e os 6 anos a criança encontra-se o período denominado pré-escolar, durante o qual há uma explosão de descobertas, a imaginação e a curiosidade estão a pleno vapor e o desenvolvimento de padrões sócio-culturais de comportamento vão aos poucos se solidificando. Sob alguns pontos de vista, esta fase é de relativo sossego para os pais: o filho já não usa mais fraldas, é mais independente e não é necessário estar o tempo inteiro sob supervisão. Já supera com mais facilidade a separação, ajusta-se mais facilmente a mudanças, comporta-se de forma mais adequada segundo os padrões familiares e aceita compromissos com mais facilidade. Seu mundo não limita-se exclusivamente ao lar e aos membros da família, agora ele gosta e precisa da companhia de outras crianças.
A idade pré-escolar é considerada a fase áurea da vida, em termos da psicologia evolutiva e, por isso mesmo, tem sido objeto de extensas formulações teóricas.
Do ponto de vista da teoria psicanalítica, este período da vida abrange dois estágios da evolução psicossexual: o estágio anal, cujas implicações para o processo evolutivo do ser humano são bastante acentuadas, e o estágio fálico, que representa o período em que tipicamente ocorre o que se chama complexo de Édipo, um dos esteios da teoria freudiana. Neste período, a criança está tornando-se mais competente nas áreas de aprendizagem, inteligência, linguagem e motora. Consegue lidar melhor conceitos como idade, espaço, tempo e moralidade, embora ainda com características bem próprias desta faixa etária, tais como não conseguir separar completamente o real do irreal, acreditar no poder das palavras aceitando seu significado literal, atribuir causas humanas a fenômenos naturais e características humanas a animais, plantas e objetos. Muitas vezes é incapaz de considerar o ponto de vista de outra pessoa e uma criança de 4 anos não consegue entender porque um adulto não quer passear por estar cansado se ela não está.
O pré-escolar está pronto para canalizar sua energia no aprendizado de coisas novas. A interação e o relacionamento com outras crianças e adultos, as funções adequadas do papel sexual, os comportamentos socialmente aceitáveis, os conceitos de certo e errado, as consequências de suas atitudes e os valores (tolerantes, preconceituosos, discriminatórios, etc.), serão assimilados pela criança de acordo com as atitudes e os conceitos que lhe forem transmitidas pela família.
Para Bueno (1982, p. 104):
Na fase pré-escolar o mundo é representado para a criança de modo icônico, ou seja, de modo visoperceptivo. Do ponto de vista da evolução cognitiva do ser humano um fato importante nessa fase da vida é o processo de descentração que possibilita à criança a percepção de mais de um aspecto de dado objetivo de uma só vez.
Desta forma, os aspectos mais importante do desenvolvimento psicossocial da idade pré-escolar, conforme Bueno (1982, p. 104),  abrangem os seguintes ponto:
1.       A formação de um conceito do eu, grandemente facilitado pela aquisição da linguagem articulada;
2.      A definição da identidade aquisição do indivíduo através da qual ele apreende a se comportar de acordo com as expertações da sociedade;
3.      A aquisição de sua consciência moral que vai além da simples imitação do comportamento do mundo adulto e que é capaz de levar o indivíduo a se sentir culpado em face da violação das regras de conduta do seu meio social;
4.      O desenvolvimento de padrões de agressão que resulta de vários fatores dentre os quais se salientam: a severa punição física, identificação com o agressor e a frustração; e
5.      As motivações básicas do senso de competências e a necessidade de realização, ambas muito dependentes das condições do meio e de fundamental importância para o desenvolvimento adequado do ser humano.
A fase pré-escolar é caracterizada por consideráveis mudanças físicas. Essas mudanças constituem um desafio tanto para os pais e educadores como para a própria criança. Atitudes extremas por parte dos pais para fazer face a essas mudanças de comportamento podem ser nocivas ao processo do desenvolvimento normal da criança. Segundo a teoria de Piaget (1978:10), a fase pré-escolar corresponde ao período pré-operacional do desenvolvimento cognitivo representando o estágio entre os 02 e os 06 anos de idade. As operações mentais da criança nessa idade se limitam aos significados imediatos do mundo infantil.
Piaget (1978) divide o período pré-operacional em dois estágios: de dois a quatro anos de idade, em que a criança se caracteriza pelo pensamento egocêntrico, e dos quatro aos sete anos, em que ela se caracteriza pelo pensamento intuitivo.
No primeiro estágio, segundo Rosas (1982, p. 77), na fase do pensamento egocêntrico, "(...) a criança não somente pensa de acordo com suas percepções imediatas das coisas que a cercam, mas suas próprias percepções são determinadas pela egocenticridade de seu mundo bastante limitado". Nesse estágio do processo evolutivo fala-se também do animismo infantil segundo o qual a criança tende a atribuir vida aos objetos, bem como o antropomorfismo segundo o qual ela atribui aos seres inanimados as mesmas características subjetivas que ela possui.
Doas quatro ao sete anos de idade, Piaget (1978) defende que é possuidora de pensamento intuitivo, querendo dizer que a criança se encontra numa fase de transição para um nível de desenvolvimento cognitivo mais elevado. Neste período a criança está se aproximando do uso das operações mentais concretas. Conforme a teoria, o pensamento instintivo proporciona à criança melhor controle sobre seu próprio processo de pensar. Esse processo cognitivo, resulta, segundo Piaget (1978), de um processo de descentralização.
Aparentemente, conforme Bueno (1982), na medida em que a criança desenvolve maior capacidade de representação mental, e na medida em que ela desenvolve esquemas mais equilibrados e mais sofisticados, sua percepção dos objetos e das pessoas se torna mais complexa.
Assim, percebe-se que na primeira fase desse estágio é caracterizada pelo pensamento egocêntrico.
Já na segunda fase a criança começa a ampliar o seu mundo cognitivo, o que constitui o chamado pensamento intuitivo (BUENO, 1982).
Em vista disso, estabeleceu-se um perfil pré-escolar: aos 3 anos, conformista, docilidade social; já é capaz de estabelecer compromissos, sacrificando uma satisfação imediata por uma recompensa posterior. Procura agradar os pais e corresponder as suas expectativas. Abotoa e desabotoa botões acessíveis, calça sapatos. Ajuda a por a mesa e a secar a louça, gosta de ajudar. Entretêm-se com jogos calmos. Pode apresentar "medos" (do escuro, na hora de ir dormir). Primeiras perguntas sobre a origem das pessoas. Há um aparente emagrecimento (predomínio da altura sobre o peso). Socialização extra-familiar (jardim de infância). Gagueira fisiológica.
Aos 4 anos, comportamento expansivo, afirmativo e muito independente, tende a ser egoísta, impaciente e agressivo (física e verbalmente), apresenta variações de humor. Grande atividade física e vivacidade mental, Interesse pelo ambiente é maior do que pelo alimento, Combinação de independência e sociabilidade, falador prolixo (grande tagarela), Conta casos da família a outros, sem inibição, Ainda apresenta muitos medos, Perguntador (como? por quê?), mandão, tenta impor posições e situações, gosta de enfrentar e vencer provas e efetuar proezas, orgulha-se de suas realizações, Brinca de forma associativa e cooperativa, Os amigos imaginários são frequentes.
Aos 5 anos, mais seguro de si mesmo, menos rebelde e briguenta, mais disposta a resolver as coisas, melhor relacionamento com os pais, Confiança maior nas demais pessoas, É mais amadurecido, responsável, independente, sensato e prático, Apresenta menos medos, procura seguir as regras, é ávida por agradar e fazer as coisas certas, No brinquedo é cooperativa, gosta de regras e procura segui-las, mas pode trapacear para não perder. 
Já aos 6 anos, sente necessidade de crianças da mesma idade dispersiva. Criança extremamente ativa. Gosta de jogos de mesa e jogos simples de baralho. Excitável, impulsiva, quer ganhar sempre (faz trapaça para ganhar), gosta de brinquedos rudes. Pode apresentar crises de birra. Pode furtar dinheiro ou objetos que lhe agradem.

O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO - A cognição diz respeito aos processos mentais superiores, correspondente às funções envolvidas na compreensão de tratamento do mundo que os cerca, ou seja, percepção, linguagem, inteligência e pensamento.
As percepções de um recém-nascido, quando comparadas com as de um adulto, são difusas e desorganizadas. Entretanto, mesmo nos primeiros seis meses, um bebê é capaz de perceber a profundidade e de distinguir uma figura do fundo, padrões simples e complexos e rostos amigos ou hostis. Com a maior maturidade neurológica e crescente aprendizagem perceptual, as primeiras percepções indistintas ou globais da criança ganham maior precisão, tornando-se mais diferenciadas, mais rigorosas e mais semelhantes às adultas. A capacidade de perceber detalhes e relações entre partes é geralmente adquirida durante um longo período. Pois só através da experiência os vários componentes e aspectos do mundo acabam por relacionar-se mutuamente, graças a novos processos e novas integrações.
O interesse na forma, por exemplo, desenvolve-se muito cedo, vez que a capacidade para distinguir entre formas tão complexas como são os números e as letras do alfabeto desenvolve-se gradualmente e fica razoavelmente estabelecida por volta dos cinco anos.
As crianças muito novas não diferenciam as partes do que percebem, especialmente se os estímulos não forem familiares ou não tiverem qualquer significado para elas. Percebem, sobretudo, em termos de contexto. Em geral a capacidade para extrair ou diferenciar partes de uma percepção global originalmente indistinta desenvolve-se gradualmente com a idade.
Todas as crianças da pré-escola estão no estágio pré-operatóroio, quando nesse período a criança vai passando do pensamento que ainda é incipiente e depende totalmente da ação sobre os objetos da realidade, compreensão vinculada ao que faz, para dar significado ao que ouve (MUSSEN, 1972).
Este estágio é delimitado por duas aquisições importantíssimas: inicia-se com a função simbólica que conduz as representações e termina com a reversibilidade que viabiliza as transformações. Ou seja, surgem nesta fase dois processos básicos de construção do conhecimento. Desta constatação deduz-se que a principal tarefa do professor, por exemplo, é consolidar a função simbólica recém-adquirida, enquanto vai passando para as atividades que podem ser menos sistemáticas, dando-se maior ênfase às que estimulam a reversibilidade e a conservação, ritmo às primeiras operações lógicas de classificação e seriação.
Assim é que, conforme Bueno (1982), ao invés de concentrar sua atenção num único atributo saliente dos objetos, a criança agora é capaz de variar seu foco de atenção e de considerar mais de um atributo de uma só vez.

O DESENVOLVIMENTO AFETIVO - Para Wadsworth (1996, p:22), "[...] o afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos, como amor, raiva, depressão, e aspectos expressivos, como sorrisos, gritos, lágrimas".
No que se refere ao desenvolvimento intelectual, o afeto possui dois aspectos: um deles tem a ver com a motivação ou energização da atividade intelectual. O segundo aspecto, tem a ver com a seleção. Isto quer dizer que o aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará.
De acordo com Piaget(1978), o aspecto afetivo, em si, não pode modificar as estruturas cognitivas, esquemas, embora, possa influenciar quais estruturas modificar.
No estágio fálico, que compreende dos 3 aos 5 anos, vê-se que, por volta da idade de 4 anos, há uma nova mudança da região anal para a zona erógena genital. Novamente, há uma base maturacional para a mudança; apenas neste momento é que a área genital está completamente desenvolvida e só então a criança começa a ter sensações de prazer na estimulação da área genital. É durante este período que ambos os sexos começam, muito naturalmente a se masturbar. De acordo com Freud, o evento mais importante que ocorre durante o estágio fálico é o assim chamado conflito de Édipo. Ele descreve a seqûencia de eventos, mais completamente e mais convincentemente para os meninos.
Neste sentido Bee (1977, p. 215) trata que:
[...] a teoria sugere que, de alguma forma, o menino torna-se intuitivamente desperto para sua mãe, como um objeto sexual, precisamente como isto ocorre não foi explicado por completo, mas o ponto importante é que por volta dos 4 anos o menino começa a ter um tipo de ligação afetiva sexual em relação a sua mãe e a considerar seu pai como um rival sexual. Ente conflito é resolvido, segundo o pensamento de Freud, pela repressão, por parte do menino, de seus sentimentos por sua mãe e sua identificação com seu pai. O processo de identificação é um processo de interiorização, de incorporação de tudo o que o pai é, seus comportamentos, maneirismos, ideias, atitudes e moral. Fazendo isto, o menino se torna tão parecido com seu pai que este não irá agredi-lo. O processo de identificação resulta na adoção, pelo menino, não apenas do papel sexual masculino apropriado, mas também do sistema moral paterno.
Assim é que neste período a criança descobre a diferença concreta entre o masculino e o feminino, segue para a plena elaboração do conflito edípico e, depois, começa a superar a fase, vivendo a transição para a fase de latência.
Para Piaget (1978), a afetividade e inteligência são indissociáveis. Além disso a fase fálica corresponde à formação do superego, quando a criança começa a perceber as regras, os limites, as sanções que regulam o comportamento social, precisando de alguém que a conduza neste processo de interiorização das normas sociais. É uma fase crucial para o desenvolvimento moral sadio, normal sobre o qual Piaget também discorre, apontando para a relação da criança com o adulto e as estratégias para o trabalho com esta heteronomia visando a autonomia.

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR - Ao nascer, o indivíduo apresenta reações automática-reflexas, onde algumas são mais reflexas, como a sucção, as quais são chamadas de organizações instintivas.
Bueno (1998), neste sentido, elabora todo um mapa evolutivo, compreendendo desde o primeiro mês, com as reações de atenção inata que começa a olhar, deixa de chorar quando alguém se aproxima e comunica as necessidades através do choro, passando, no segundo mês a seguir com os olhos os estímulos, emitindo sons vocais e brincando com as mãos.
A partir do terceiro mês, a criança já sacode chocalho involuntariamente, sorri em resposta a outro sorriso e vai entrando no mundo humano pela comunicação do sorriso.
No quarto mês, aproxima-se dos objetos, apalpando-os, já ri alto, esconde-se e começa a orientar-se no espaço.
No quinto mês, pega objetos ao seu alcance, senta-se com apoio, leva os pés à boca e desenvolve da preensão muda para a visão do mundo.
No sexto mês, utiliza seu corpo e objetos no espaço, balbucia e se alimenta.
No sétimo mês, procura objetos caídos, joga-os, vocaliza sílabas, dentre outras atividades de simbolização e reconhecimento.
No nono mês, mantém-se de pé com apoio, articula as primeiras palavras de duas sílabas, dentre outros movimentos.
No décimo mês, coloca-se em pé sozinho, repete os sons ouvidos, aprende a falar as primeiras palavras e vão se instituindo as noções de defesa e proibição.
Nos meses seguintes até o décimo oitavo mês, desenvolve a linguagem, anda sozinho e já faz rabiscos, dentre outras movimentações.
Com 02 anos, possui uma noção de totalidade corporal, salta com os dois pés juntos e apresenta um vocabulário maior.
Aos 03 anos, utiliza o pronome eu, toma consciência de si; reconhece e explica ações; é capaz de classificar, identificar e comparar; apresenta um vocabulário em torno de 200 palavras; demonstra cooperação; usa talheres e quer vestir-se e calçar-se sozinho; salta em um pé só, dois ou tres passos;  anda de velocípede, sobe e desce escadas alternando os passos; a coordenação motora fina se aperfeiçoa; idade dos porquês; começa a se meter na conversa dos adultos, começar a usar a tesoura (BUENO, 1998).
Aos 4 anos tem mais elasticidade das articulações, coordena o movimento das mãos na escrita, mas não apresenta frio motor; inicia abstrações e ralações com os fatos, não distinguindo claramente a fantasia da realidade; distingue frente e costas, veste-se sozinho; salta com habilidade; início da socialização; exploração e manipulação mais acentuada da área sexual; sabe copiar carimbos, associa figura à escrita; pode copiar uma cruz, anda na ponta dos pés; reconhece as cores branco e preto; ainda se vê do modo pelo qual pensa que as outras pessoas a vêm (BUENO, 1998).
Aos 5 anos, coordenação global desenvolvida, desenvolvimento do esquema corporal, utiliza a mão dominante reconhecendo a direita e esquerda em si apenas; coordenação viso-motora em desenvolvimento, dissociação manual e digital; protege as crianças menores, colabora gradativamente, gosta de ajudar em tarefas domésticas, aceita responsabilidades e ordens; salta alternando os pés, salta distância com habilidade, ou seja, é mais ágil; agregação com crianças do mesmo sexo, simpatia e antipatia; formação de censura, certo e errado; segura o lápis com mais segurança mostrando os processos neuromotores quando desenha traços retos, conseguindo fazer círculos e quadrados; distingue todas as cores; identificação com figuras de ídolos (BUENO, 1996).
Finalmente, aos 6 anos, apresenta experimentação do corpo; dissociação manual e digital já estão firmadas, apresentando possibilidade de escrever; atitudes sociais bruscas; orientação nobre, distingue os dois lados, lateralização, não faz laços, faz algumas tentativas, distingue fantasia da realidade claramente, início dos jogos heterossexuais, troca de dentes, anda de bicicleta, desenvolve com maior facilidade jogos de competição e raciocínio (BUENO, 1996).

CONCLUSÃO - Com a edição da Lei 9.394/96, estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional, a educação infantil, recebeu através do art. 29, a definição de primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Neste sentido, busca-se respeitar a faixa etária da criança, a partir da constituição do próprio espaço institucional que se deve organizar com as condições objetivas de atendimento ao desenvolvimento infantil. Em virtude disso, há necessidade de toda uma ambientação psicopedagógica própria, capaz de estimular o desenvolvimento sensório-motor da criança e as dobras culturais do seu processo de socialização.
Para tanto elegeu-se os objetivos gerais para a prática da educação infantil no sentido de proporcionar o desenvolvimento das capacidades de desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações; descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar; estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidade de comunicação e interação social; estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades; utilizar as diferentes linguagens, sejam corporais, musical, plástica, oral e escrita, ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva; e conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade. Mais especificamente, para as crianças de zero a três anos de idade, estabeleceu-se os objetivos de que as crianças possam experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia; familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz; interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio corpo, executando ações simples relacionadas à saúde e higiene; brincar; e relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e com demais profissionais da instituição, demonstrando suas necessidades e interesses.
Quanto às crianças de quatro a seis anos, estabeleceu-se que elas possam ser capazes de ter uma imagem positiva de si, ampliando sua autoconfiança, identificando cada vez mais suas limitações e possibilidades, e agindo de acordo com elas; identificando e enfrentando situações de conflito, utilizando seus recursos pessoais, respeitando as outras crianças e adultos e exigindo reciprocidade; e valorizando ações de cooperação e solidariedade, desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração, compartilhando suas vivências; brincar; adotar hábitos de autocuidado, valorizando as atitudes relacionadas com a higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do corpo e cuidado com a aparência; e, por fim, identificar e compreender a sua pertinência aos diversos grupos dos quais participam, respeitando suas regras básicas de convívio social e a diversidade que os compõe. Desta forma, a prática educativa destinada às crianças de zero a três anos de idade, deve possibilitar o desenvolvimento de capacidades que resultem em familiarizar-se com a imagem do próprio corpo; explorar as possibilidades de gestos e ritmos para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação; deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao andar, correr, pular, desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras; e explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento, para o uso de objetos diversos.
Já para as crianças de quatro a seis anos de idade, a prática educativa deve garantir oportunidade para que as crianças sejam capazes de ampliar as possibilidades expressivas do próprio movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas suas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação; explorar diferentes qualidades e dinâmicas do movimento como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades de seu corpo; controlar gradualmente o próprio movimento, aperfeiçoando seus recursos de deslocamento e ajustando suas habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações; utilizar movimentos de preensão, encaixe, lançamento para ampliar suas possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos; e apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e identificando seus segmentos e elementos e desenvolvendo cada vez mais uma atitude de interesse e cuidado com o próprio corpo. Desta forma, para o desenvolvimento profissional dos que militam com a educação infantil, é fundamental o conhecimento das fases de desenvolvimento da criança, de zero aos seis anos de idade, principalmente nas dimensões cognitivas, afetivas e psicomotoras, para que se possa desenvolver um trabalho eficiente e eficaz no recinto escolar.

REFERÊNCIAS
BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas, 1997
_____. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998
BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade - teoria e prática, estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquática. São Paulo: Lovise, 1998
FONSECA, Victor. Da filogênese à ontogênese da motricidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988
MACHADO, Adriana; SOUZA, Marilene. Psisologia escolar: em busca de novos rumos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997
MUSSEM, Paul. O desenvolvimento psicológico da criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1972
PIAGER, Jean. A epistemologia genética. São Paulo: Abril Cultural, 1978
ROSAS, M. Psicologia evolutiva. Rio de Janeiro: Vozes, 1982
WADSWORTH, Barry. A inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Pioneira, 1996