VÍNCULOS E SUAS RELAÇÕES COM EDUCAÇÃO E SAÚDE
– Refletindo sobre a questão
acerca dos vínculos e suas relações com a educação e a saúde, compreendeu-se a
relação da criança e sua família antes mesmo do seu nascimento, envolvendo os
estudos desenvolvidos pelo psiquiatra e psicanalista britânico John Bowbly
(1907-1990) e do pediatra britânico Donald Winnicott (1896-1971), que
realizaram estudos sobre a relação entre a criança e a família. Na primeira
parte dos estudos, encontrou-se a apresentação breve do embasamento conceitual
sobre a estrutura dos vínculos e apegos, a partir da visão do desenvolvimento
psíquico da criança com relação aos cuidados da mãe ou por outra substituta, e
a de Teoria do Apego de Bowlby que tratava acerca da comprovação de que o ser
humano possui a propensão de estabelecer laços emocionais íntimas durante o
ciclo vital. Foi nessa teoria de Bowlby que se apresenta a estrutura conceitual
dos vínculos, formados a partir dos sentimentos das mães por seu bebê,
definindo que esses vínculos se reproduzirão durante toda vida e que o apego é
identificado como um sentimento de segurança pelo desejo de manutenção de
proximidade com uma pessoa identificada. Fica evidenciada que quanto mais
segura for a criança nos seus laços com a mãe, tanto ela será equilibrada nas
suas relações futuras. Em vista disso, o autor mencionado definirá que o
cuidado é uma responsabilidade dos pais na relação com seus filhos, uma vez que
esse cuidado e o apego bem sucedidos representarão saúde mental no futuro, e
que dependerá da adequada formação nos primeiros anos de vida. Em seguida foram
apresentadas as bases biológicas do vínculo, dando conta de que quando as
crianças não são cuidadas de forma essencial, elas sofrem privação da mãe
produzindo efeitos na adolescência que terão variações que podem redundar em
sintomas como angústia, necessidade de amor, exagerado senso de vingança, culpa
e depressão, entre outros transtornos futuros, incluindo-se o suicídio. Nesse
sentido, Bolwlby defende que a saúde mental das crianças dependerá da dedicação
e conforto proporcionado pelas mães nas expressões de amor e prazer. Acrescenta
o autor que a retirada da criança do lar pode acarretar sérios danos que
afetarão sua vida futura, devendo-se a separação das mães de suas crianças
serem de certa forma bem delineada e de modo a não causar traumas, assegurando
que o vínculo dos pais com seus filhos devem ser fortes e importantes, tendo em
vista o papel dos pais na estruturação desses vínculos tornando a amabilidade e
a atenção prazerosa como conduta indispensável nessas relações de afeto e
cuidado. Ao abordar a questão entre as sensibilidades visuais e auditivas no
apego, destacou-se a importância do olhar e contemplação na estruturação do
afeto, proporcionando á criança um desenvolvimento mais seguro, norteando suas
relações futuras. A ausência na infância dessa base segura possibilitará instabilidade
e insegurança na vida adulta. Ao tratar sobre a importância do contato físico
entre a criança e seus pais, evidenciou-se que esses contatos determinam uma
forma saudável e apego seguro para as crianças. No que tange às questões
atinentes ao vínculo e ao pertencimento, observou-se que o fato de pertencer a
um grupo familiar se traduz num fator decisivo no processo de diferenciação de
vivências pelos membros da família, uma vez que é esse pertencimento que
propicia um saudável processo na vida e na relação entre os membros da família.
Concernente às questões de vinculo e diferenciação, observou-se que em havendo
uma negligência ou ausência afetiva e da estruturação dos vínculos pelos pais
com as crianças aos seus cuidados, resultará aos filhos a vivência insegura e
medrosa fragilizados para enfrentamento dos riscos inerentes à vida, bem como
da evolução de determinadas psicoses. Por conclusão, as leituras realizadas
proporcionaram um maior conhecimento acerca das pesquisas etológicas iniciadas
por Bowlby que passou a considerar a relação entre a separação prolongada da
figura materna e o desenvolvimento da criança, buscando identificar a natureza
do laço rompido, e passando, posteriormente, a escrever a sua trilogia
científica acerca do apego, separação e perda, sintetizadas em sua Teoria do
Apego, em que testa suas teorias por meio da combinação metodológica
retrospectiva e prospectiva. Ele foi parceiro de Winnicott que desenvolveu seu
trabalho com pessoas disfuncionais baseado nas marcas negativas de sua relação
com sua mãe depressiva. Por consequência, tais leituras trouxe a compreensão de
que a criança traz em seu inconsciente marcas que se farão indispensáveis para
compreensão da herança dos vínculos, destacando-se que a ausência de atenção e
afeto dos pais podem acarretar danos futuros e que a presença desses afetos e
atenção propiciarão equilíbrio nas vivencias da adolescência e do adulto,
tornando-se importante a importância desses vínculos para a educação e saúde de
qualquer indivíduo.
REFERÊNCIAS
BOWLBY,
John. Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
WINNICOTT, Donald.
Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 2000.
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