PROFESSORA RACHEL
LUCENA – A professora
carioca Rachel de Oliveira Pereira
Lucena possui bacharelado em Letras
Português-Russo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Língua Portuguesa e doutoranda em Língua
Portuguesa pela UFRJ. Como professora do Colégio e Curso Fator, ela
desenvolveu uma atividade que envolveu a exposição de trabalhos poéticos dos
seus alunos, razão pela qual realizamos uma entrevista com o resultado dessa
atividade.
ENTREVISTA – Ao tomar conhecimento das
atividades desenvolvidas pela professora Rachel Lucena, procurei realizar uma
entrevista sobre suas atividades. Receptiva e generosa ela expõe pra gente o
seu trabalho.
LAM - Professora
Rachel, antes de mais nada, o que levou a se tornar professora de Língua
Portuguesa?
Acredito que um grande acaso. Minha
vida na universidade sempre se restringiu muito à pesquisa e à vida acadêmica.
Nunca me vi dando aula em colégios, até porque minha mãe é professora e nunca
me deu apoio para seguir o magistério. Então, sempre pensei em estudar para dar
aula em universidades e não em escola.
No entanto, um dia me vi na
necessidade extrema: ou dava aulas ou ficava sem dinheiro nenhum (eu tinha uma
bolsa na Fundação Casa de Rui Barbosa e ela acabou, sem que eu conseguisse uma
bolsa de doutorado na época). Pode parecer clichê o que vou falar: mas assim
que coloquei o pé na sala de aula, foi amor à primeira vista e vi que era
exatamente aquilo que gostaria de fazer por toda a minha vida. Logicamente que
pela falta de experiência, minha primeira aula foi horrível, mas valeu para
saber o que eu realmente queria para mim.
LAM - É notório que
as aulas de Língua Portuguesa não são lá muito bem recebidas de forma simpática
entre os estudantes. Pela sua interação com os seus alunos, como tornar uma
aula dessa disciplina atrativa e consequente?
Se tem algo que aprendi com meu
coordenador, é que um professor não pode achar que a sua disciplina é a mais
importante e a única na vida dos estudantes. Diferentemente de outras matérias,
a Língua Portuguesa acaba tendo um peso maior porque precisamos dela para nos
comunicar e a sociedade cobra o “bem falar e o bem escrever”. No entanto, tento
ao máximo mostrar aos meus alunos o porquê de estar tendo que estudar
determinado conteúdo, a maneira como ele aparece em provas e concursos, tento
mostrar um objetivo prático na vida dele.
LAM - O Brasil é um
país em que o desrespeito impera em todos os sentidos, principalmente com a
língua. Além do mais, há aquela velha celeuma dos que exigem a norma culta em
confronto com os que preferem uma flexibilização normativa em nome de uma maior
articulação entre as regras e o coloquial. Como você concilia com seus alunos o
rigor da disciplina ensinada, com o bombardeio de expressões oriundas de
estrangeirismos, gírias e vícios? Trocando em miúdos: como é ensinar Língua
Portuguesa nos tempos de predomínio do internetês, juridiquês, economês?
“Ensinar” português é algo
complicado. Primeiro porque uma criança de seis anos se comunica perfeitamente,
então, um professor de português não ensina nada. Além disso, pelo fato de
sermos falantes de português, as pessoas sempre se acham no direito de dizer
como a matéria deve ou não ser lecionada. Na verdade, os alunos têm mais
conhecimento e percepção da língua do que eles mesmos pensam.
Ao mesmo tempo, a língua é uma
construção social: tanto é que o português foi imposto por decreto. E é
justamente essa construção social que é responsável pelas normas consideradas
do “bem falar e um bem escrever”. Obviamente que mostro aos meus alunos que
eles precisam saber essas normas por uma questão de adequação social. No
entanto, tento mostrar que existe, sim, um preconceito linguístico que é pouco
ou quase nada comentado.
Assim, eles sabem que o “internetês”
não deve ser usado em uma prova, por exemplo, porque não é uma linguagem
adequada para aquela situação. Por isso, acho que me considero a favor da
flexibilização.
LAM - A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), cumprindo os ditames constitucionais,
traz a preocupação com a preparação formativa do aluno para a vida, o trabalho
e o exercício da cidadania. A seu ver, a regulamentação e as diretrizes
traçadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), possibilitam o atendimento
dessa exigência constitucional com os conteúdos para promoção de competências e
habilidades e a prática pedagógica na Língua Portuguesa?
Na teoria, sim. No entanto, o que se
vê é que, geralmente, as aulas de Língua Portuguesa se resumem a ensinar o
aluno a aprender regras. Assim, é comum ouvir das pessoas que elas saíram da
escola “mas não sabem falar português direito”.
Raramente se pensa na disciplina como
uma ponte que leva a outros conhecimentos, que se não se sabe interpretar bem o
que se lê, provavelmente, essa pessoa terá problemas com as outras disciplinas,
problemas na própria vida, como ser pensante e formador de opinião.
LAM - Você é
graduada em Português-Russo e mestre em Língua Portuguesa pela UFRJ. Quais os
propósitos e resultados da sua dissertação de mestrado?
Apesar de ser formada em Russo, desde
o início da faculdade tive uma grande paixão pela Língua Portuguesa e por fazer
pesquisa nessa área. É até interessante isso, porque as pessoas tendem achar
que nós, na faculdade de letras, não fazemos mais nada além de ler autores
consagrados e estudar gramática. Estão todos muito enganados. Há diversas
linhas de pesquisa nesse campo científico: sim, português é ciência.
Assim, no quarto período, me
interessei muito por uma matéria na faculdade, ligada à história da Língua
Portuguesa. Em duas semanas de aula decidi que era naquela área que queria
fazer pesquisa. Consegui orientação e ingressei no mestrado tão logo terminei a
faculdade.
A pesquisa no mestrado girou em torno
do estudo da inserção da forma você como pronome de tratamento e não como
pronome pessoal, que é como é ensinado até hoje nas gramáticas. Em cartas
pessoais da família Penna, consegui corroborar os resultados de outros estudos
e mostrar que no já início do século XX o você já se comportava como pronome
pessoal, principalmente na fala feminina, o que, muito provavelmente, facilitou
a sua inserção no português do Brasil.
LAM - Você é
doutoranda em Língua Portuguesa. Quais os objetivos do seu projeto de tese?
Faltam exatos oito meses para que eu
defenda o doutorado, o que é, digamos, um momento tenso na vida de qualquer
pós-graduando. No doutorado nos exigem uma criatividade, inovadorismo e
independência que muito pouco costumam ser trabalhados em nós até chegarmos
nesse período, então costumam ser quatro anos difíceis. O projeto, basicamente,
é o estudo da variação entre as formas possessivas teu/seu em um período de
mais de 100 anos.
Estudos nas mais diferentes áreas
mostram que nas línguas, de maneira bem geral, há uma tendência do apagamento
das formas ligadas à terceira pessoa, quando elas são utilizadas como
referência à segunda pessoa. No português, por exemplo, apesar de em grande
parte do território ter maior utilização de você, esse pronome está ligado,
normalmente, às formas de segunda pessoa e não de terceira, como, por exemplo,
em “VOCÊ acaba de ganhar um cupom que TE dá direito a um brinde” em que se usa
te em vez de lhe, como as gramáticas prescrevem ou aquele slogan da Caixa
Econômica “VEM pra Caixa VOCÊ também, VEM”, que causou uma reação incrível dos
gramatiqueiros de plantão, justamente, porque o você está concordando com um
verbo relacionado à segunda pessoa e não com venha, que era o esperado.
Só que os possessivos, por uma razão
que não se sabe explicar ainda vêm na contramão de todos esses estudos e é a
única forma pronominal ligada à terceira pessoa, que é usada substancialmente
para a segunda pessoa. Acreditamos que esse feito está ligado diretamente às
diferentes maneiras como o pronome você é utilizado na língua portuguesa e a
pesquisa na tese busca tentar comprovar justamente isso.
LAM - Muito se tem
falado no uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), bem como do
uso de atividades artísticas como teatro, literatura e música, na condição de
recursos indispensáveis para a prática pedagógica. Na realidade, o que se tem
visto é um divórcio entre educação e arte, com o fomento de recursos
tecnológicos apenas como ferramenta visual e atrativa para a prática. A arte
com as TIC contribuem, a seu ver, para o processo de ensino-aprendizagem?
Sem sombra de dúvidas! Entretanto, a
utilização de artes em geral para o ensino é vista com maus olhos pelos corpos
docente e discente. O alunado, em geral, tem a impressão de que filme, música,
não é conhecimento, não tem um fim pedagógico por trás da escolha do professor.
Então, na verdade, quando o professor passa um filme, ele “não quer dar aula”.
Por outro lado, os próprios professores têm dificuldade em utilizar as TIC e
não conseguem, de fato, muitas vezes, mostrar a finalidade em ensinar através
da arte. Acaba sendo um círculo vicioso.
LAM - Você tem
realizado atividades com poesia com seus alunos. Fala a respeito dessa
experiência e qual o resultado obtido?
Na verdade, eu trabalho com produção
de texto. No ensino médio, preparando os alunos para o vestibular, no entanto,
com o sétimo ano, eu tenho maior liberdade para permear pelas diferentes
tipologias textuais, porque, na verdade, o objetivo é que eles escrevam. Então,
eles não escrevem só poesia, mas contos, lendas, fábulas, texto opinativo...
Em uma dessas aulas, calhou de eles
terem que produzir uma poesia a partir de textos que falavam sobre desigualdade
social. Eu, basicamente, servi de elo entre técnica e a criatividade que os
alunos têm. Meu trabalho foi mostrar para eles como era feita uma poesia,
estruturalmente falando. Só que eles apresentaram textos muito bons. Eu ajudava
com vocabulário, correção de ortografia, mas o mérito dos bons textos é todo
deles.
Quando me deparei com a qualidade dos
trabalhos, liguei no mesmo momento para minha coordenadora e perguntei se teria
como expor o trabalho pelas paredes do colégio, mas achei que eles fizeram
reflexões tão profundas e interessantes, que comecei a buscar meios de mostrar
isso e incentivá-los a continuar escrevendo. Então, acabei me tornando
administradora de uma página, Poesia Ilimitada, para poder divulgar esses
textos. A ideia foi tão bem vista que os alunos de outras turmas do colégio
passaram a me enviar textos para publicação. As publicações têm feito um
sucesso e são motivo de orgulho para mim, para o colégio e para os próprios
alunos, claro.
LAM - Qual a sua
avaliação da trajetória e experiências com o ensino e aprendizagem da Língua
Portuguesa em sala de aula?
É uma atividade árdua, como para
qualquer professor, em qualquer disciplina. Não é fácil fazer uma aula ficar
atrativa e fazer com que o aluno entenda a importância daquilo na sua vida.
LAM - Quais os
projetos estão na sua perspectiva de realização?
Eu tenho a sorte de trabalhar em um
colégio que dá muito valor a essas atividades e estimula, justamente, a
produção e criatividade dos alunos. Para o próximo semestre temos dois projetos
em mente: a produção de um jornal feita pelas turmas do colégio falando sobre
os eventos que ocorreram na escola ao longo do ano. É uma espécie de
retrospectiva, mas os alunos é que serão os produtores e tentamos incluir todas
as habilidades que os alunos podem ter. Assim, pensamos na reportagem (cada
turma ficará responsável por produzir uma sobre um determinado acontecimento no
colégio), charge e uma coluna de textos livres. Os alunos ficaram bem
empolgados com a ideia.
Além disso, pensamos também em produzir
um livro, no final do ano, com os textos literários dos alunos, com publicação
do livro impresso, digital e, provavelmente, uma tarde de autógrafos com os
alunos que terão seus textos selecionados para publicação. Acreditamos que são
maneiras de estimular o hábito da escrita nos estudantes.
POESIAS DOS ALUNOS DO COLÉGIO E CURSO
FATOR – As poesias dos
alunos do 7º Ano do Colégio e
Curso Fator, resultado da atividade desenvolvida pela professora entrevistada.
RUTH MOURA (11
anos): Esta atual sociedade / está cheia
de desigualdade / Na verdade, sempre existiu / e nesse erro todo mundo persistiu
/ Pobre diferente de rico / Mulher diferente de homem / E agora: como é que eu
fico? / O hoje é sempre igual ao ontem / Ser diferente é ser ruim? / Quando
isso vai ter fim? / A sociedade tem que mudar / para tudo isso melhorar / Vamos
pensar no próximo / para ter fim esse negócio / Se imaginar em sua situação /
para ter respeito e compaixão.
MATEUS OLIVEIRA
(12 anos): Essa desigualdade / não vai
melhorar / E assim na humanidade / a decadência vai causar / Eu peço pra Deus /
um novo caminho / E os políticos / só querem dinheirinho / Aqueles corruptos /
não pensam no próximo / E do dim-dim / eles não tiram os olhos / Os olhos dos
políticos / só lembram corrupção / E os olhos dos pobres / só lembram dedicação
/ Essa turma é boa / Ela é bem dedicada / Se não for assim / ela vai ficar
ferrada.
GABRYEL GOMES
(12 anos): DESORDEM E REGRESSO – Nosso
país sempre tem / alguém que mora nas ruas, / alguma pessoa que perdeu tudo, /
um amor, dinheiro ou até humanidade. / Os corpos frágeis de alguém que / foi
corrompido, que ficou / impuro de todos os jeitos possíveis, / seria o único
modo de voltar a viver / Todos os dias, essa cena se repete, / mas ninguém faz
nada para acabar. / A desigualdade continua, o governo / não faz coisa alguma,
espera a rua / acabar com eles. / Essa sociedade imoral continua / com todo o
mal. Um monstro chamado / governo continua com todo o medo / de uma sociedade
que não tem / um justiceiro / A sociedade do Brasil, que quando / você tenta
ser bom acaba / morrendo, pois não há lugar para / heróis no meio de ladrões.
GABRIELA
FERREIRA (12 anos): A desigualdade social
/ deixa as pessoas muito mal / As pessoas são afastadas da sociedade / e perdem
também a felicidade / Que mundo é esse em que vivemos? / É o mundo que criamos
e fazemos / Que mundo é esse que existe? / É o nosso mundo triste / A
desigualdade social / é uma coisa criminal / que mexe com toda sociedade / esse
ato fatal / Como podemos acabar com esse fato? / Revendo nossos atos / Como
podemos acabar com essa fatalidade? / Acabando com a desigualdade.
JOÃO VICTOR –(12
anos): As pessoas que são pobres / não
tem o que comer nem / casa para morar nem / o que fazer porque não podem
trabalhar / Os ricos têm onde trabalhar / onde morar e o que fazer, / comida
para comer e ainda reclamam / eles têm sorte, podem dormir na cama / As pessoas
de classe média / são as piores / Só porque têm dinheiro / esnobam os pobres /
Agora vou falar das pessoas trabalhadoras / Trabalham o dia inteiro e / quando
veem um mendigo / ajudam com dinheiro / E agora eu vou falar de uma pessoa /
que vai me transformar em um doutor / Essa pessoa é o professor / Eles ajudam,
que bom! / Eles vão fazer eu ganhar o milhão / e eu vou poder ajudar o sangue
bom.
EVELYN QUEIROZ
(12 anos): Diferenças sempre existem /
Alguns preconceitos não desistem / Continuam, atormentam / E algumas pessoas
choram / Dinheiro, cor, religião / Tudo é motivo para ódio / Uma grande
decepção / E assim vivemos mais um episódio / A maior parte da sociedade /
sofre com certa desigualdade / Os injustiçados sofrem com alguns / que não
ligam para nenhum / Não é nada legal / tratar o outro com animal / Se não
gosta, pelo menos respeita / pensa bem e aceita / A desigualdade não é
obrigatória / Você faz o que deseja / Pense, aja, faça, seja / aquela diferença
notória.
LETÍCIA PECCIN
(12 anos): Desigualdade é crime / É um
crime social / É uma coisa tão grande / Que está fora do normal / Isso não é
brasileiro, / isso é continental / e que infelizmente / está fora do normal / O
rico chora, vai pra praia / fica na areia, enquanto no Natal / o pobre não tem
ceia / e pelo bem da família anseia / Isso contribui para a destruição / dessa
nação / cada vez mais horrorosa / Isso é deslumbroso.
LÍVIA LUMINATO
(12 anos): Tem gente que é preto / Tem
gente que é branco / Tem gente que usa óculos / Tem gente que é estranho / Mas
cabe a nós / não julgar / Pois se não quer ser julgado / Não julgue / E para
você que julga sem piedade / ponha-se no lugar do outro / que quer mudar seu
corpo / pois acha errado ter nascido daquele jeito / E para as pessoas que são
insultadas / que não se aceitam / e ligam para uma sociedade em que insultar é
direito / você tem que aceitar seu corpo / Você não pode mudar / pelos outros /
e sim / por si mesmo.
FERNANDA AZEVEDO
(12 anos): Desigualdade social / Uma
injustiça mundial / Isso tudo é desigual / Um problema nacional / O mendigo das
ruas e das favelas / Que vive em vielas é descriminado / Pelo rico que tem tudo
/ As lobas têm dinheiro para comprar o mundo / Pelo mundo todo / tem gente que
é chamado de gordo / porque não está dentro do padrão / A sociedade está indo
pela contramão / Agora eu vou falar / de um pobre trabalhador / Quer dar um
futuro pro seu filho / Quer que ele vire doutor.
DANYEL PESSOA
(12 anos): A desigualdade social / Não
era para existir / Mas algumas pessoas / Não sabem o que é parar / Em todo
lugar / Nós podemos ver / Não tem nada a ver / O que podemos fazer? / Os pobres
não têm nada / E os ricos na balada / Os ricos têm o que comer / E os pobres
estão a falecer / Outra ideia tão fútil / Que também não é útil / É a sociedade
rica / Que julga e é um mico / Outra coisa ruim / É a religião / Que também é a
causa / Da destruição.
GLENDA LOBO (12
anos): Como em uma só sociedade pode /
haver tanta desigualdade? / Pois não sabem igualar, mas se vivermos desse jeito
/ nada vai melhorar! / Não precisa de hora nem lugar / Para mudar o mundo / Só
precisamos acreditar que evoluindo / a cada dia vamos continuar / O rico tem o
que pobre não tem / Mas toda essa desigualdade / Não leva nada a ninguém / E
muito menos faz o bem / Outro conceito, vamos conversar / Sem educação a
tendência é piorar / Então de outro modo / Vamos realizar / Vamos trabalhar /
para a desigualdade acabar / De todo modo isso é bom / E nos ajuda a mudar.
LUANNA COSTA (12
anos): A desigualdade social / É um
problema internacional / Pode até ser mundial / Mas esta sociedade mandou mal /
Nessa sociedade / Não dá para acreditar / Parece que não tem maturidade / A
sociedade vai parar / O rico tem escolaridade / O pobre não tem / Mas o pobre
tem caráter / Que nem sempre o rico tem / A sociedade tem dinheiro da corrupção
/ O rico, com esse dinheiro, vive nesse mundão / O pobre se esculacha / Para
conseguir comprar uma bolacha / Essa turma é maneira / E muito dedicada / E ela
vai conseguir / Solucionar essa parada.
FERNANDA
SILVEIRA (12 anos): Eu vou mandar um papo
/ Um papo sem caô / Se a desigualdade continuar / A sociedade vai acabar / A
professora é linda / Ela ensina o bem / Se continuar assim / O mundo fica zen /
E se ficar zen / A sociedade vai ficar bem / Mas também tem um porém / A
sociedade tem desigualdade / Ela não faz bem / Pobres e negros jogados /
Enquanto o meu amigo bilionário / Não quer dar nem um centavo.
LAURA LIMA (12
anos): A desigualdade social / É uma coisa
que vem / Acontecendo há muito / Tempo no Brasil / Como a discriminação /
Muitas pessoas se acham / Superiores a outros / Por terem dinheiro / O homem
que é julgado / Como gay só por ser cabeleireiro / A mulher que sofre /
Preconceito por jogar / Futebol / Ou o homem que vira “bicha” / Por gostar de
novela / Que país é esse? / Que mundo é esse? / Que pessoas são essas? / Que
desigualdade é essa? / Isso é o resultado do mundo que criamos!
JOÃO GUILHERME
(12 anos): Eu vou mandar um papo / E esse
é sem gracinha / Estou aqui na escola / Escrevendo uma poesia / Eu vou mandar
um papo / E esse é para o governo / Em vez de roubar, / Vamos doar algum
dinheiro / Corrupção: diga não / Pois isso tudo acaba com os amigos / Olha para
o mundo / Com corrupção está feião / A desigualdade social / Acaba com os
necessitados, pessoal / Todos merecem um pão / Porém os ricos comem macarrão.
JULIO CASTEX (12
anos): Todo dia quando eu vou trabalhar /
Vou e volto a sonhar / Quando isso vai acabar? / Quando o dia clarear, tudo
volta ao lugar / Desigualdade social: todo mundo tem seu lugar / Se é o pobre
ou se é o rico, todo mundo entra / Quando a classe social a gente se ferra / O
lugar onde você está cheio de discriminação deve estar / Os ricos acham que os
pobres são vagabundos / Acham que alguns são cracudos / Enquanto os ricos se
acham os cabeçudos / O pobre um dia pode mudar, mas isso vai demorar / O rico
anda com pressa / Enquanto o pobre só atravessa / A sua imaginação conversa /
Com a humanidade que regressa / Em algum lugar para relaxar / O rico até se
acha / Enquanto o pobre está cheio de graxa / Ou dorme dentro de uma caixa.
ISABEL PAES (10
anos): Vou falar a real / A desigualdade
/ Não é legal / O pobre é imundo? / O problema não é / Do pobre, mas do mundo /
No mundo tão desigual / O pobre só de dá mal / O rico comprando mansão / E o
pobre, coitado, pedindo esmola lá no chão / Chega de desigualdade social / Eu
quero justiça / Eu quero moral.
CAIO PEIXOTO (12
anos): A injustiça racista tem
influenciado / Por todo o lado / E constantemente / Vem abalando todas as
mentes / E não é só o negro / Que sofre preconceito / Mas assim como o branco /
Que fica trancado no quarto / E também o gordo / Que falam que parece um boto /
E outros mais / Que têm as suas diferenças / São zoados / E ficam isolados / Acabam
magoados / Pensando que são problemáticos / Na minha opinião / Ser zoado não é
bom / Se fosse com você / Não iria querer.
EDUARDA FEBRONE
(12 anos): Brasil: um país de samba e
felicidade / Porém há muito tempo convive com a desigualdade / Racial,
financeira, sexual: agora já virou tradicional / Em todo lugar observamos a
decadência moral / Igualdade, desigualdade: uma fatalidade / Uma injustiça que
pouco a pouco toma conta da cidade / Tudo é diferente de tudo / Eu vivo mesmo
nesse mundo? / Difícil de acreditar, difícil de mudar / A desigualdade é um
problema / Isso não dá para negar / E com tal, não dá para continuar! / Evoluir
sim, retroceder jamais! / Devemos confiar / Sem desacreditar / Que a vida e a
sociedade vão mudar / Desigualdade nunca mais! / Devemos ter certeza que no
futuro / Neste mundo hilário / Desigualdade não irá passar de uma palavra no
dicionário!
MATHEUS VIANA
(12 anos): Uma coisa muito feia que não é
legal / Essa coisa se chama desigualdade social / Cidadão rico e cidadão pobre
/ A diferença entre os dois não é nobre / Um melhor que outro / Ninguém faz
nada / Para deixar essa coisa balanceada / Coitado do pobre: passando sufoco / O
rico ali, bebendo agua de coco / Voando de jatinho / Criticando os pobres / Falando
que seu trabalho não é nobre / O pobre não pode falar nada / Não tem moral e
ainda riem de sua cara / O rico falando que ele é horroroso / O mendigo ali, se
sentindo no fundo do poço / Isso foi um pouco de desigualdade social / Agora
você viu que isso é irracional / Será que o governo vai começar a pensar nas
pessoas? / Mas até lá isso vai demorar!
LETÍCIA PAES (10
anos): A diferença das camadas sociais
brasileiras / Não tem motivo / Isso era para ser considerado um crime / Pessoas
insultando outras sem motivo nenhum / Cada vez fica mais grave / E mais sem
noção / Uma coisa sem sentido / É a voz da minoria, do povo / Quem tem dinheiro
/ Acha que todo mundo também tem / E quem não tem é porque não quer / Para os
que não têm é totalmente o inverso / Aqueles que sofrem desigualdade social / Acham
que ele é o único que sofre / Mas na verdade é a maioria do povo brasileiro / Mas
aquele que faz sabe que não é o único / Se ninguém tomar uma atitude contra
isso / O Brasil só vai piorar / E aí sim vai será o país mais desigual do mundo
/ Mas a sociedade não sabe disso e a desigualdade vai aumentar.
GUSTAVO HENRIQUE
(12 anos): Reclamam que a nação / Não vai
para a frente / Mas se as pessoas na rua / Não ajudam, essa verdade não é crua
/ A desigualdade social / É muito imoral / O rico é privilegiado / E o pobre é
maltratado / Vê os mendigos / Passando fome / E não ajuda, porque na sua casa /
Sobra até o que come / Quando você vai perceber / Que o brasil está a sofrer? /
Essa injustiça / Está até na milícia / O governo até parece / Que nem liga / Que
levar a igualdade / É igual a quebrar uma viga.
A ESCOLA: COLÉGIO FATOR – Durante o ano de 2006, longas
conversas sobre qualidade de ensino, material didático, democratização do
acesso à educação, gestão participativa e recursos humanos motivaram a criação
de uma empresa nova, com a proposta sólida de oferecer EDUCAÇÃO de qualidade,
preparando para uma vida melhor. Surge em 2007, depois de mais de um ano de
muitas ideias, planejamentos e idealizações, o Curso FATOR, já preparado para
as novas características dos processos seletivos atuais e com o compromisso de
formar cada vez mais cidadãos que ocupem posições de destaque em nossa
sociedade. O diferencial é não ter por objetivo apenas a preparação para as
provas (como os processos seletivos antigamente exigiam). Nossa principal
finalidade é apresentar uma forma prazerosa de aprender. Vamos muito além da
sala de aula e o que chama atenção é o clima familiar, o relacionamento
amigável entre alunos e funcionários, a PraiAULA, a Semana do Pré-Calouro, os
FatorSIMs e tudo mais que não cabe no tradicionalismo. Ao longo dos anos,
acumulamos muitas histórias de sucesso e vimos crescer de forma natural uma
grande família, a Família Fator. Quem passa por aqui hoje em dia percebe que o
compromisso feito em 2007 e a proposta sólida de oferecer educação de qualidade
continuam firmes e fortes. Por esses e outros motivos, o ano de 2014 foi
escolhido para o início de um trabalho planejado por mais de 6 anos. O Colégio
Fator saiu do papel! Vamos oferecer um Colégio feito para estimular ao máximo o
desenvolvimento das potencialidades dos nossos alunos. Temos consciência da
grandiosidade da nossa missão, enquanto responsáveis pelo preparo para os
processos seletivos tão importantes e pela educação básica dos nossos alunos e,
para cumprí-la, não vamos parar de refletir e inovar. Conhecemos e reconhecemos
nossa enorme responsabilidade perante os alunos e familiares que nos procuram,
com a certeza de que não vamos decepcioná-los. Equipe Fator.
Sobre a escola,
a professora Rachel de Oliveira Pereira Lucena traz o seguinte depoimento: Minha
vida mudou em abril de 2013. Há alguns meses, eu estava corrigindo as oficinas
de redação dos alunos do Curso Fator e a professora de redação teve que se
ausentar por três semanas para a realização de uma cirurgia. Sem opções, me vi
na obrigação de dar aulas. Nunca tinha feito estágio e jamais havia estado em
contato com alunos na posição de docente e isso foi um desafio e tanto. Apesar
disso, no momento em que entrei em sala pela primeira vez, mesmo não dando uma
boa aula, tive a certeza de que era exatamente isso que queria fazer pela minha
vida. Descobri-me uma professora inexperiente, mas com uma capacidade
comunicativa enorme, o que me fez permanecer no Curso com projetos, mesmo
quando a professora retornou normalmente às suas funções e eu, obviamente, fui
afastada. No ano seguinte, o Curso Fator virou o Colégio e Curso Fator e, com
isso, acabei entrando para o time dos professores da instituição. Comecei com
mais de 20 tempos semanais, lecionando para as mais diferentes faixas etárias e
turmas. Além de dar aula de português, redação e literatura. Ser professor é
cansativo, é trabalhoso, mas é recompensador ver a melhora gradual dos meus
alunos. Hoje, indago-me como fiquei tanto tempo afastada do magistério, já que
enxergo com precisão que não nasci para fazer outra atividade e, por isso,
acabei um curso de licenciatura a parte este ano. Estou no último ano do
doutorado. Estudo pronomes possessivos e pouco do meu estudo pode ser levado
para a sala de aula, mas meus alunos sempre me perguntam sobre e, quando eu
explico, eles acham bem interessante a temática. Como profissional, tento fazer
o máximo que posso para deixar minhas aulas interessantes aos meus alunos. E
assim nasceram alguns projetos que estão em execução, como a produção de um
jornal para o colégio, que os alunos serão os redatores, a produção de textos
livres para publicação em sites. Em um país em que cada vez menos há interesse
em se investir nas carreiras de humanas, principalmente as relacionadas ao
magistério, cabe a nós, professores, fazer com que os alunos tomem gosto pela
linguagem, pela arte, pela literatura. Até mesmo para que eles descubram seus
talentos, muitas vezes ocultos.