A
ARTE, A NATUREZA E A SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL - A arte, a natureza e a
sociedade fazendo parte de um composto inerente ao ser humano, imprescindível
no trabalho interdisciplinar do professor de Educação Infantil. Esta
interdisciplinaridade vem da articulação do desenvolvimento humano e expressão
artística, passando pela valorização da vida e do meio, conjugada com uma
atitude participante que seja responsável e sustentavelmente expressa como
conteúdo para a criançada.
Por
ser a arte o resultado de uma atitude emancipadora, criativa e
extraordinariamente inovadora, é levada além dos limites de criação, inspiração
e transpiração, proporcionando a auto-superação de quem pratica e o êxtase de
quem assiste ou participa.
Por
ser descompromissada enquanto razão de ser e fazer, a arte propõe a descoberta
sem o compromisso da verdade ou da mentira, levando por uma viagem criadora que
será interpretada segundo o discernimento de quem a recebe como obra-de-arte.
No caso da criança vai se utilizar da brincadeira e do lúdico, para levar a
mensagem do artista.
A
natureza é o ambiente em que vivemos, é onde a vida se realiza, seja no campo,
na cidade, onde for. Em virtude das agressões humanas, hoje é exigido de cada
cidadão uma responsabilidade ética e sustentavelmente capaz de valorizar a
forma ideal da vida. Além disso, vem aquela máxima de que cada um é produto do
seu meio. Indubitavelmente que cada um deseja um meio saudável para que
possamos ter uma vida digna e contemplada dos direitos reais e ideais dos seres
humanos.
A
sociedade é cada individuo se constrói e interage, é nela que estão
estabelecidas as culturas que formarão cada pessoa para nela atuar. Existe
também aquela máxima de que o homem é resultado da cultura, ou seja, da
sociedade em que se vive. Daí o desejo de uma sociedade justa, não
discriminatória e isonômica.
A partir da arte, a sua introdução na sala de aula por meio da
brincadeira e do jogo, contextualizando a existência humana no seu meio
ambiente e na sua sociedade, traz a possibilidade de configuração da criança no
seu universo. Isto porque o brincar atua manipulando o mundo externo em suas representações
simbólicas, fazendo, com isso, o reconhecimento de seu meio social que será
continuamente encaixado aos esquemas já construídos, sendo uma opção que ocorre
no plano da imaginação e, por isso, implica que aquele que brinca tenha o
domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver conseqüência
da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe
forneceu conteúdo para realizar-se. E para brincar é preciso apropriar-se de
elementos da realidade imediata de tal forma atribuir-lhes novos significados.
Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a
imaginação e a imitação da realidade. Toda a brincadeira é uma imitação
transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente
vivenciada.
Observa-se
que pela arte o ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços
valem e significam outra coisa daquilo que apresentam ser. Ao brincar as
crianças recriam e repensam ao acontecimento que lhes derem origem, sabendo que
estão brincando. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o
papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-liberal transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel
assumido, utilizando-se de objetos substitutos. Além do mais, a brincadeira
favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar, progressivamente,
suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a
interiorização de determinados modelos de adulto no âmbito de grupos sociais
diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço
singular de constituição infantil.
O
importante disso tudo é que pelas brincadeiras é que se humanizam as crianças e
possibilitam-lhes ao seu modo, e ao seu tempo, compreender e realizar, com
sentido, sua natureza humana, bem como o fato de pertencerem a uma família e a
uma sociedade em determinado tempo histórico, ambiental e cultural. A criança
que brinca tem o domínio da linguagem simbólica. A brincadeira ocorre por meio
da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade anteriormente
vivenciada. E, a partir disso, vê-se quão fundamental é a interdisciplinaridade
entre a arte, a natureza e a sociedade: a atuação criativa e sustentável no
meio – natureza e sociedade – em que se vive.