Imagem: ilustração de J. Lanzellotti.
A TRAÍRA E A ISCA
Recolhida por Gustavo Barroso
O rio deslizava mansamente e, no fundo da água, a um canto, a traíra cochilava na sua rede, adoentada.
Chega o pescador e atira o anzol com um pedacinho de carne fresca. A traíra chama uma das filhas:
- Isabel, minha filha, vê o que é.
- Mamãe, é um pedacinho de carne fresca.
- Não quero, não. Isso não é comida de gente doente.
Vendo que o peixe não beliscava o anzol, o pescador mudou a isca, pôs uma perninha de passarinho. Travou-se entre a traíra velha e a filha novo diálogo, idêntico ao primeiro, no fundo do rio.
Então, o pescador substituiu a perninha de passarinho por uma de caçote. E a traíra velha, ao ser avisada disso, bradou à filha:
- Anda, Isabel, depressa com as minhas chinelas, que perninha de caçote é comida mesmo de quem está doente!
FONTE:
BARROSO, Gustavo. Ao som da viola. Rio de Janeiro: Edigraf, 1949.
DANTAS, Paulo (Org.). Estórias e lendas do norte e nordeste. São Paulo: Edigraf, s/d.
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