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Friday, January 07, 2011

NITOLINO & O MARACATU



Fonte da foto: Jornalista Josélia Maria.

NITOLINO & O MARACATU – Nitolino sempre foi achegado ao maracatu. Quando ele ouvia os tambores marcando o ritmo cerrado, ele logo caía no remexido.

O maracatu, segundo Andrade (1987), é referente ao maracá, um instrumento ameríndio de percussão. Já catu se refere ao que é bom, bonito. Outra palavra reunida pelo autor, é marã que significa guerra, confusão.

Souza (2003) assinala que: Para ordenar a administração dos negros trazidos como escravos para o Brasil a partir de 1538, os colonizadores portugueses incentivaram a instituição de reis e rainhas negros protegidos pelas irmandades de N.S. do Rosário e São Benedito. Os préstitos de coroação deram origem aos folguedos musicais do maracatu, informa o historiador Leonardo Dantas Silva em seu ensaio Maracatu: presença da África no carnaval do Recife, publicado em 1988 pelo Centro de Estudos Folclóricos da Fundação Joaquim Nabuco. O desaparecimento da instituição do rei do Congo (Muchino Riá Congo) com a abolição da escravatura levou o maracatu a desfilar seus batuques e danças nos dias dos Santos Reis, nas festas de Nossa Senhora do Rosário e no carnaval. O historiador Pereira da Costa (Folk-lore pernambucano, Recife 1908) citado por Dantas Silva, descreve a suntuosidade das seculares nações do maracatu como a Cambinda Velha, que antecipa o luxo das escolas de samba: "O estandarte de veludo era bordado a ouro como as vestes dos reis e dignatários da corte, todos de luva de pelica branca e finos calçados". Nas sedes das agremiações como Nação Elefante (de 1800), Leão Coroado (1863), Estrela Brilhante (1910), Indiano (1949) e Cambinda Estrela (1953) havia até trono com dossel para assento dos monarcas. Através de pesquisas de campo realizadas entre 1949 e 1952 reunidas no livro Maracatus do Recife (Irmãos Vitale, 2ª edição, 1980) o maestro Guerra-Peixe decupou as camadas da percussão do setor: "o tarol anuncia levemente um ritmo rufado, intercalado de pausas. Quase no mesmo instante, o gonguê (agogô) entra na cadência antecedendo as caixas de guerra. O tarol já passou do esquema inicial às variações quando entram os zabumbas. O marcante acrescenta espaçados e violentos baques (sinônimo de toques, daí o baque solto e baque virado). O meião segue o toque do marcante e por fim os repiques aumentam a intensidade do conjunto". Esta cadência, da qual se aproxima o coco alagoano, sempre fascinou tanto compositores eruditos como Guerra Peixe e Marlos Nobre quanto os autores populares conterrâneos como o frevista Capiba (Maracatu Elefante, Cadê os Guerreiros?, É de Tororó), Irmãos Valença e o poeta Ascenso Ferreira, além de recriadores do folclore como a paulista Inezita Barroso e o armorial Antonio Nóbrega.

Já Souza (2010) traz que: Há controvérsias sobre a origem do Maracatu. Alguns acreditam que ele foi trazido em sua essência pelos Portugueses em meados de 1700 e era manifestado em Recife através de danças com aspectos teatrais, nas cerimônias e festividades promovidas pela côrte. Era realizada com o acompanhamento de instrumentos de percussão e seus dançarinos vestiam-se como personagens da Realeza composta por um porta-estandarte, rei, rainha, damas do paço, duque, duquesa, principes, princesas, caboclos de penas, meninos lanceiros e baiana incluindo-se a presença de bonecos chamados de “Calungas”, que representavam um agrado para as entidades religiosas. No caso das igrejas católicas, estes bonecos representavam uma homenagem à Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Ifigênia, Santo Elesbão e Gaspar. Caso a festa fosse realizada em um terreiro, a homenagem era feita aos orixas. O Maracatu era utilizado para homenagear a coroação do rei e nas festas religiosas, que integravam os escravos à cultura européia, tornando-se mais tarde, após a abolição dos escravos, uma manifestação carnavalesca.

O maracatu de Baque Virado, segundo Fonte Filho (1999), é também conhecido como Nação, mantém em seu desfilo o cortejo real, muito próximo daquele outrora apresentado pela escravaria africana, no período colonial, para homenagear a coroação do Rei do Congo. A presença desse maracatu é mais marcante na área urbana, mais precisamente na capital. Com o passar do tempo, o cortejo foi evoluindo e desgarrando-se dos festejos dos Reis Magos, entre para os festejos carnavalescos, onde hoje figura como peça importante do carnaval pernamucano. A música é entoada e se aproxima do toque do xangô e do candomblé.

O Maracatu de Baque Solto, conforme Fonte Filho (1999), provavelmente tem suas origens nas Cambindas, que eram brincadeiras de grupos masculinos, trajando roupas femininas. Também conhecido como Maracatu Rural, nasceu da fusão de vários folguedos populares que existiam sobretudo nos engenhos de cana-de-açúcar, que nessa época era um importante centro cultural e econômico do estado. Recebeu essa nomenclatura nos anos 50, pelo maestro Guerra Peixe. A orquestra que acompanha esse tipo de maracatu é formada por instrumentos de percussão e sopro, dentre os quais o trombone. A música é uma marcha, executada em quatro, seis e dez linhas rítmicas.

FONTES:
ANDRADE, Mario. Danças Dramáticas Brasileiras. São Paulo: IEB/USP, 1934.
______. Pequena história da música. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987.
BENJAMIN, Roberto. Folguedos e danças de Pernambuco. Recife: FCCR, 1989.
FONTE FILHO, Carlos. Espetáculos populares de Pernambuco. Recife: Bagaço, 1999.
SETTE, Mario. Maxabombas e maracatus. Rio de Janeiro: Casa do Estudante, 1958.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena história da música popular (da modinha à canção de protesto). Petrópolis: Vozes, 1975.
SOUZA, Claudia. Maracatu. InfoEscola. Disponível em http://www.infoescola.com/folclore/maracatu/. Acesso em 07 dez 2010.
SOUZA, Tárik. Som nosso de cada dia. São Paulo: LP&M, 2003.

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