BRINCARTE

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Monday, October 01, 2007

MENININHONITO



Imagem recolhida do Troll Urbano

O TRELOSO

Luiz Alberto Machado

Tanto peiticaram Alvoradinha e toda trupe comigo, que eu findei contando uma história de parentesco do guarda-chuva com o pára-quedas. Negócio meio doido, mas criança é assim: coloca no mesmo saco coisas até que não se misturam. E olhe que as diferenças entre os dois objetos em questão são bastante óbvias. Mas é que no reino encantado de todas as coisas, tudo é possível.

Pois bem, peralta como eu era, tudo eu arranjava um jeito. E, prá mim, e isso eu tinha a mais absoluta certeza, de que o guarda-chuva era um filhote do pára-quedas. E só vim distinguir mesmo, quando um dia quase quebro o pescoço e desfazer por completo o parentesco entre eles.

Como o universo infantil é invadido de super-heróis, meu pai mesmo, até hoje nunca passou de um pouco mais de metro e meio, mas para mim era mais forte que o Hulk, mais inteligente que o Batman, maior que o Super-homem e astro de primeira grandeza na minha predileção. Todos, inclusive meu pai no meio dessa legião, defensores da lei e da justiça. Não sabia eu que o mundo dos adultos é complicado, que a justiça não é lá tão justa assim e que lei existe para qualquer ocasião.

Pois foi, um dia lá, houve uma apresentação pública que findou com o espetáculo de pára-quedismo na cidade. Minha cabeça que era cheia de imaginação, começou a elaborar uma série de estripulias que eu poderia fazer. E fiz.

Estava eu na brincadeira maloqueira de sempre, com os meus comparsas Marquin-ôio-de-gato e Chelo Puara, quando a gente inventou de ser cada um, um herói maior que o outro. Aí, foi que deu. Nós três nos amostrávamos uns aos outros para provar quem era o líder de quem. Aí, um plantava bananeira, outro jogava pedra mais longe, pulava corda, dava bundacanasca, arrodeava o quintal todo, fazia contorcionismo, careta, se exibia do jeito que pudesse.

Foi aí, então, que eu puxei o pano da cortina e amarrei no pescoço, peguei o guarda-chuva e berrei: eu sou o maior! Disse isso e fui me atrepando na goiabeira.

Meninos, eu subi, subi, subi, cheguei no último galho do pé de só ver os olhos arregalados de Marquim e Chelo. Era a glória.

- Agora digam se eu sou ou não sou o maior? -, disse eu do alto da minha vaidade.

Os dois só se olhavam e depois fitavam em mim aquele despropósito.

- Sou ou não sou?

Não deu tempo que eles respondessem. O galho quebrou e eu desci em queda livre com guarda-chuva e tudo num baque dos estrondosos. Resultado: pai, mãe, parentes, aderentes e médicos, tudo aperreado.

Quando acordei, estava num balão de oxigênio. E vi logo Marquim e Chelo do lado. Arranquei a máscara do ar e gritei:

- Sou ou não sou? Pulei de pára-quedas, viram?

E, eles, olho um no outro, disseram em uma só voz:

- Tu quase morre desgraçado!!!!

Héhéhéhé. Foi aí que eu aprendi que o guarda-chuva não era filhote de pára-quedas. Cada um no seu devido lugar.

Héhéhéhéhéhéhé. Por favor, amiguinhos & amiguinhas, não vão fazer isso, tá? Foi uma lição que estou aqui passando para vocês. Beijabrações, pessoal!!!!

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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