PROJETO BRINCARTE DO NITOLINO – Espaço para informação e divulgação do trabalho com oficinas, contação de história, recreações educativas, palestras, pesquisas acadêmicas e outras atividades musicais, teatrais e literárias de Luiz Alberto Machado voltadas para o universo infanto-juvenil. Contato: luizalbertomachado@gmail.com
Thursday, September 27, 2007
BRINCANDO NO BRINCARTE!!!!
Foto: Tiago de Mattos
CAXANGÁ
“Escravos de Jô jogavam caxangá, tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar. Guerreiros com guerreiros fazem zigue, zigue, zá”
“Ninguém se liberta sozinho. Ninguém liberta ninguém. Os homens se libertam em comunhão” (Paulo Freire, Pedagogia do oprimido)
Luiz Alberto Machado
Nasce o dia e a criança sorri de alegria com a vida nas mãos. O coração na primavera parece quimera feita de sol, onde brincam arrebóis em sonhos coloridos entre bemóis e também sustenidos que são exibidos na cantiga da infância como a fragrância de tudo reunido.
Vem a tarde e o menino já é um rapaz com os olhos iguais aos que viram no mundo. E vão lá no fundo do que vêem agora, muito embora não vejam de tudo. Quando falam, são mudos. Quando riem, desnudos. E devem acordar. Preferem singrar solidões mais noturnas, usurpando as dunas de tudo alcançar.
Cai à noite e já homem feito se acha perfeito, é de hoje e nada sabe. Não quer que desabe sua arquitetura e toda sua aventura suspira no tempo, audaz nos tormentos e inquietações. São mais solidões seguindo a pisada, segue a sua estrada escorraçada da terra. Emperra e desanda, peleja de banda entre farpas e mesquinharias. Ferve em demasia, enganando a esperança. Alcança faíscas e chamas onde inflama a fúria, a ira, o alarido. Está mais perdido e ao se adiantar, não avança. Ao recuar, mais se cansa. Quando volta, não há mais saída. E retoma na lida, nada divisa, não há direção.
Quando então se madruga é hora de recomeçar, re-arrumar o destino e a sina. É quando desatina e se estende nos céus, desvela os seus véus na mais longe das terras. E se encerra no mais largo dos mares, penando pesares, com as forças exaustas. O que há de nefasto, o que há de perverso, são espelhos reversos e fazem-no olhar para trás. Dar a mão à criança, ao menino e ao rapaz, refazendo o homem que jaz de mãos dadas com a vida, quando tem por guarida só a comunhão para ver que a vida está na palma da mão.
© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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