Friday, January 16, 2015

ALVORADINHA NA MANGUABA COM ZÉ BAGRE E BAGRE ZÉ


ALVORADINHA NA MANGUABA COM ZÉ BAGRE E BAGRE ZÉ

Estava Alvoradinha sentado na beira da Lagoa Manguaba brincando com os pés na água quando apareceram Zé Bagre e Bagre Zé.

- Oi, Alvoradinha -, disse Zé Bagre.

- Oi, Zé Bagre, cadê o Bagre Zé? -, perguntou Alvoradinha.

- Oi, to aqui, Alvoradinha -, respondeu o Bagre Zé.

- Você soube do compadre Manuel Bagre? -, perguntou um deles.

- Não, que foi que houve? -, perguntou o curumim.

- Ele foi-se embora -, responderam. – Soube do compadre João Bagre?

- Não, que foi? -, perguntou curioso o indiozinho.

- Foi-se, também. – Responderam. – Hoje a gente está quase sozinho aqui. Antes era um barroando no outro, era oi compadre bagre, oi comadre bagre, hoje parece mais que só tem a gente mesmo, todo mundo indo-se embora -, disse o Zé Bagre.

- É, pois é -, disse o Bagre Zé -, uns vão-se nas redes de pesca, outros agarrados no terrível anzol, quando não engasgados com plásticos ou morrendo de falta de ar na própria água da lagoa. Uma tragédia o que está acontecendo aqui, cada dia que se passa a água fica mais rasa, mais poluída com muito lixo, muita sujeira... -, reclamou o Bagre Zé.

- Afora que a gente tinha muita alegria, era festa do bagre, era o povo tomando banho, era barco pra cima e pra baixo, hoje, a gente só vê doença, lixo e a água ficando doente... -, reclamou o Zé Bagre.

- Nossa. Será que a Lagoa Manguaba está doente?

- Oxe, Alvoradinha -, denunciou Zé Bagre -, doente? Ela está é morrendo, por isso que os bagres estão tudo indo embora. A gente mesmo não tem para onde ir, só para a água do mar.

- Eu mesmo estou ensaiando dá umas entradas nas águas do mar para ver como é que é -, disse Bagre Zé -, afinal, aqui na Lagoa, não dá pra viver mais não, Alvoradinha.

- Que tristeza!

- Pra todo canto que você se vira na lagoa, só tem lixo e poluição. Nem dá mais pra gente passear como antigamente, que a gente passava o dia todo zanzando da nascente até a foz, uma alegria de ver, a gente sendo puxado pela água do mar e conversando com os peixes de lá. Hoje nem os peixes do mar vem mais, tudo de longe, parece mais que a gente com a mais terrível das doenças -, choramingou Zé Bagre.

- A gente hoje, Alvoradinha, só tem você pra conversar. Afora isso, só lixo e poluição. A gente não sabe o que vamos fazer quando você crescer que abandonar a gente feito os adultos aí da sua terra que a gente só vê em tempo de inverno, quando a água da lagoa esborra e a gente fica brincando por dentro da casa de vocês... -, acrescentou Bagre Zé.

- Nossa, que tristeza! -, falou Alvoradinha todo entristecido. – Mas não podemos ficar assim não, vamos fazer alguma coisa! A Lagoa parece que está doente mesmo, vamos cuidar dela. E pra começar, vamos cantar aquela música do Lobisomem?

- Vamos!!!! -, gritaram todos. E cantaram:

Não polua a água, não polua não!
Vida para os peixes que é muito bão!
Viva pela vida, pela morte não!

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