BRINCARTE

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Saturday, February 28, 2015

A EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS, DE MONTAIGNE


[...] Que a consciência e a virtude brilhem em suas palavras e que só a razão tenha por guia Ensinar-lhe-ão a compreender que confessar o erro que descobriu em seu raciocínio, que. Ninguém o perceba, é prova de discernimento e sinceridade, qualidades principais a que deve aspirar. Teimar e contestar obstinadamente são defeitos peculiares às almas vulgares, ao passo que voltar atrás, corrigir-se, abandonar sua opinião errada no ardor da discussão, são qualidades raras, das almas fortes e dos espíritos filosóficos. [...] Entre os estudos, comecemos por aqueles que nos façam livres [...] Uma cabeça bem-feita vale mais do que uma cabeça cheia.


MICHEL DE MONTAIGNE – O filósofo, jurista, escritor, político e humanista francês, Michel de Montaigne (1533-1592), desenvolveu uma série de estudos que foram reunidos em Ensaios que atravessam os séculos, chegando bastante atualizados na contemporaneidade. Esses Ensaios escritos por Montaigne, mesmo que tenham sido elaborados no século XVI, possuem uma atualização capaz de inspirar a todos por sia forma de apresentação e por seu conteúdo. Quanto à educação das crianças, o autor demonstra sua preocupação com a formação humana, entregando-se à reflexão acerca do conhecimento e da forma adequada e bem conduzida para a formação de um ser humano melhor e mais sábio, embasada na experiência filosófica, intelectual, moral e corporal. Com isso, ele critica a educação livresca e mnemônica, ao propor um ensino voltado para a experiência e para a ação, defendendo que a educação deve formar o sujeito para as aptidões do julgamento, do discernimento moral e da vida prática.



REFERÊNCIA
MONTAIGNE, Michel. Ensaios: da educação das crianças. São Paulo: Nova Cultural, 1987.


Veja mais aqui.


Sunday, February 22, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Antonio Miranda, Turma da Mônica, Nitolino, A lenda do Tsuru, Oito7nove4, Turma do Pug, Bita & os animais, Bob Zoom, Luluzinha, Os três lobinhos, Elizabeth Lacerda, Meimei Corrêa, Eliana & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 22 de fevereiro , a partir das 10hs
Onde? MCLAM – o blog do Programa Domingo Romântico.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.



O programa de hoje é dedicado às comemorações do Dia Brasileiro do Meio Ambiente, também em homenagem ao desenhista brasileiro de histórias em quadrinhos Roger Cruz, às irmãs gêmeas, Bia e Branca Feres, atletas de nado sincronizado, às apresentadoras de TV e, como destaque especial, o poeta Antonio Miranda.


Confira o programa ao vivo e online aqui


Saturday, February 21, 2015

A POESIA DE ANTONIO MIRANDA


MÃE

Mãe, nome puro como o céu,
Mãe, nome singelo.
Juro por tudo mais sagrado
Que serei sempre sincero.

Oh minha mãe!
Quanto és boa,
Desde manhã até a noite
Sua voz em meus ouvidos, soa.

MAZZAROPI

Precisamos resgatar a figura do Jeca Tatu
do matuto, do nosso esquecido Mazzaropi
-um caipira com nome de pizzaiolo!
Não importa, ele era telúrico!
com suas botas, fumo-d
e-rolo, chapéu surrado
camisas quadriculadas, cusparadas e babaquices
[babaquice não é uma palavra poética
adverte-me o editor Victor Alegria]
caminhando aos trambolhões, apalermado.
Seu casebre era de pau-a-pique
o cão preguiçoso a imitar o dono
o panelão no fogo e o cigarro-de-palha
queimando-lhe os lábios no cochilo
ou no ronco escancarado.
Grosseiro? Vulgar? Caricato?
Ríamos de nosso próprio desengonço
de nossa rudeza, ingenuidades
ao som de violas e pilhérias
em torno de fogueiras, sob bandeirinhas
de São João, no terreiro
na roça! no cinema, envergonhados.
Os filmes horríveis, por isso maravilhosos!
Cantava como um bezerro desmamado
atuava imitando a si mesmo
e, por isso mesmo, genial.
Os filmes eram sempre os mesmos
os enredos sempre iguais, banais
as mesmas vacas,
os mesmos pastos
da fazenda que de
via ser a dele
as mesmas galinhas
o velho caminhão de feira
e aquele anda
r pisando ovos
ou bosta de gado.
Era o nosso Cantinflas, o nosso Chaplin
ou, se menos, nosso palhaço-de-circo
nosso ventríloquo, nosso bobo da corte
que nos levava ao riso e às lágrimas.
Agora os nossos interioranos são cowntry
em vez de viola ouvem guitarras elétricas
em vez de calças fr
ouxas e encolhidas
usam jeans e cintos reluzentes.
Mas, lá adiante,
no pé-de-serra
ainda existe um Mazzaropi tirando
bicho-de-pé com facão de cortar cana
e alguma lamparina, uma moenda
caninha de alambique
uma capelinha rural
enfeitada de fita
e folhas de palmeiras
e um galo marcando a tradição.

OS ÍNDIOS
(fragmento)

A terra é a existência do índio
-terra de todos, comunitária
terra que é partícula
em movimento e assimilação.

Terra e índio: um vive da outra.
Mãe e filho, indivisíveis.


ANTONIO MIRANDA – O escritor maranhense Antonio Lisboa Carvalho de Miranda é membro da Academia de Letras do Distrito Federal, professor do Programa de Pós-Graduação da Informação e Documentação da Universidade de Brasília (UnB) e no seu portal traz uma seção de Poesias Infantis reunindo seus trabalho artístico e de muitos outros poetas que militam na área. Na sua poética ele brinca com as palavras criando “ideogramas” que formam imagens e mostram o seu significado. Confira o portal do autor aqui e veja mais dele aqui.




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AS CRIANÇAS DE RENOIR


AS CRIANÇAS DE RENOIR – O pintor francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) é integrante do movimento impressionista francês, realizando uma arte, segundo seus próprios propósitos, que fosse capaz de ser agradável aos olhos. Deu ênfase a forma utilizando-se de técnicas impressionistas, manifestando assim sua rebeldia artística por meio de uma pintura figurativa, com pinceladas enérgicas e ligeiras, traço firme e riqueza de colorido.


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Thursday, February 19, 2015

NITOLINO E A DENGUE EM CAMBUQUIRA (MG)


NITOLINO E A DENGUE EM CAMBUQUIRA (MG) - 'Dia D' de Combate à Dengue e à Febre Chikungunya em Cambuquira. Dia 21/02/2015 - sábado Horário: 8:00 às 18:00 Local de encontro: em frente ao Parque das Águas. Carta-Convite Estamos criando uma força tarefa para promovermos ações de Combate à Dengue e à febre Chikungunya no sábado dia 21/2 em Cambuquira. O ‘Dia D de Mobilização’ será realizado em toda a cidade com o objetivo de evitar a proliferação das doenças, através da eliminação dos criadouros e da conscientização da população para depois realizarem inspeções semanais e se tornarem conhecedores e divulgadores dos procedimentos corretos. O Dia D é normalmente composto de um mutirão de limpeza e orientação nos bairros mais afetados de acordo com as estatísticas fornecidas pela Epidemiologia com os registros de focos e pela Secretária de Saúde com os registros dos casos confirmados. Trabalharemos com a ação de voluntários da comunidade e de agentes da Prefeitura da Secretária de Saúde, dos agentes da Epidemiologia e da Limpeza. Atenção, o objetivo do evento vai além da Limpeza, pretendemos conscientizar e orientar para obtermos resultados mais consistentes e duradouros. *O município deve programar a transmissão de informações por meio de carros/motos de som avisando do evento e depois no dia fornecendo informações sobre o combate e o mutirão. *Precisamos de panfletos explicativos para o combate e cuidados com a doença. *A Coleta deve ser providenciada para ser no mesmo dia, recolhendo sacos de lixos e entulhos separados nas ruas da cidade, o caminhão deve ser preparado para rodar no sábado e no domingo. *Os Agentes de Epidemiologia e Saúde deverão realizar visitas domiciliares com a ajuda dos voluntários para inspeção e instrução dos moradores sobre como evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. *Organização de pedágios na Rua Direita com entrega de panfletos e pedindo adesão ao Mutirão. *Iremos precisar de vassouras, pás, luvas e sacos de lixo para a coleta de material nas residências. *É ideal termos um ponto base, sendo um local para divulgarmos as ações que estarão acontecendo na cidade, distribuição de panfletos e conscientização do pessoal. Sugestão: Tenda Cultural para atividades de Orientação na entrada do Parque com a presença de voluntários e um agente para que a população tome conhecimento dos cuidados para o combate ao mosquito. São informações de como é a larva (precisamos de amostras), as características do mosquito para que as pessoas possam identificar os focos do mosquito e eliminá-los. Palestras e exibição de material educativo. Solicitamos o apoio, divulgação e participação de toda a nossa comunidade para o sucesso do evento!! Precisamos que todos os envolvidos divulguem a ação e entrem em contato com outros amigos e órgãos para fortalecemos nossa Força Tarefa. Todas as ideias e ofertas de ajuda serão recebidas com atenção e gratidão. O evento é para ser abraçado por toda a comunidade!! Organizadores e Parceiros: Câmara Municipal De Cambuquira - Celso Alves da Silva; Prefeitura De Cambuquira; Secretária de Saúde; Vigilância e Epidemiologia de Cambuquira; Programa Saúde da Família - Wantuir Ferreira; Página "Sou Cambuquira"; ONG Nova Cambuquira- Ana Paula Lemes de Souza; AMAM- Associação e Moradores do Marimbeiro- Maria Cecilia Santos Carvalho; Feira de Cambuka - Cambuquira - Olga Nunes. Estamos buscando a parceria: Bureau Cambuquira - Gustavo Campos Projeto Mover - Alexandre Felix de Carvalho SPA das Águas - Vívian Ferreira Jornal "O Encontro" - Sylvio Britto Associação Comercial de Cambuquira Biblioteca Municipal de Cambuquira - Áurea Souza Hoteleiros Associação dos Funcionários Públicos de Cambuquira Associação de Bairros (Lavra, Figueira, Congonhal...) Rampa Do Piripau - Rafaella Antierio Espaço Cultural Espaço Cultural Sinhá Prado - Ananda Guimarãeš Escolas do Município - Giselle Messias Ju Clementino Lurdes Alcaide - Facilitadora e professora de Arte / Hotel Trilogia Mônica Sil - coordenadora de Cursos e Vivências Hotel Trilogia Guida Gardona - Superintendência Regional de Saúde - Varginha Observatório Centauro - Raoni Nogueira de Vilhena Marilia Noronha - ativista ambiental Luiz D Avila - ativista ambiental Membros da ONG Nova Cambuquira: Ana Paula, Hélber Reis, Thi Sales, Simone Assis, Juliana Assis, Paula Felisberto, Douglas Proque, Trumai Vilhena, Marli Morais, Fernanda Brandao Louro, Jonatas Feix, Raoni Vilhena, Thata Pereira Bombeiros Exército - ESA Três Corações O LADO BOM-Cambuquira vista por outro ângulo - Maurício Bertolossi Moreira Blog Antonio Almeida - Antonio Almeida Cambuquira Online - Gian Scaglianti Animais de Cambuquira - Fatima Tavares Turma de Cambuquira - Enéas Ferreira Atua Cambuquira - Anthonio Inácio De Vasconcelos Sou Cambuquira - Sandra Maria Teixeira Ribeiro F Marcelo Lemos Renan Campos Maria Ceclia Santos Carvalho Hélber Augusto Enéas Ferreira Peço que enviem todos os nomes dos órgãos e instituições que forem participar. Organizadora: Vanessa Manes Info: Meimei Corrêa.


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Sunday, February 15, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Turma da Mônica, Sandra Fayad, Palavra Cantada, Turminha da Floresta, Meimei Corrêa, Mundo Bita, Carnaval de Pernambuco, Rio de Janeiro, Salvador, O Nariz Espirrão, Eliana & Molejo & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 15 de fevereiro , a partir das 10hs (horário de Brasília).
Onde? MCLAM – o blog do Programa Domingo Romântico.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.

Viva o Carnaval!!!

Confira o programa ao vivo e online aqui.


Saturday, February 14, 2015

OS GATOS DE NISE DA SILVEIRA


GATOS, A EMOÇÃO DE LIDAR - O belíssimo livro Gatos, a emoção de lidar, da médica psiquiátrica e psicoterapeuta alagoana, aluna de Carl Jung, Nise da Silveira (1905-1999), traz o tema abordado nas artes por poetas, por pintores, escritores, músicas, no Egito, no advento do Cristianismo, Montaigne e suas gatas, Leonardo da Vinci, relacionamento dos gatos com o homem, simbolismo dos gatos nos sonhos e nos contos de fada, experimentos científicos com gatos, gatos co-terapeutas, qualidades metafísicas dos gatos e recheados de fotografias de Sebastião Barbosa.


REFERENCIA
SILVEIRA, Nise. Gatos, A Emoção de Lidar. Rio de Janeiro: Léo Christiano, 1998.


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Friday, February 13, 2015

O NARIZ ESPIRRÃO


O NARIZ ESPIRRÃO

Luiz Alberto Machado

Era uma vez um menino que era até bem apessoado e simpático. Mas tinha os olhos da ambição e um nariz que espirrava que só.

Fosse hora que fosse e ele: Atchin!

Na escola, no meio da aula, ele com seu atchim! Atrapalhava a aula porque espirrava, espirrava, espirrava tanto, dele não deixar ninguém estudar: atchim!.

Se fosse festa de aniversário, ele chegava com seu: atchim!

Se fosse na rua passeando pela praça, atchin!

Ora, não havia tempo nem lugar, ele só: atchim!

Mas eis que esse menino atchim ganhou um apelido: o nariz espirrão! E assim ficou, nariz espirrão. Atchim! Vôte!?! Até eu já estou espirrando: atchim!

Pois bem, esse menino cresceu e virou rapaz: atchim! Tornou-se homem feito: atchim! E foi ficando doente de raiva de querer tudo que todo mundo possuía.

- Eu quero! Atchim!

Primeiro ele queria tudo, tudo o que fosse. Uma casinha linda que viu, conseguiu expulsar uns velhinhos que moravam lá. Chegou lá, ele: atchim! E os velhinhos correram fugindo de seus espirros cada vez maiores.

Aí ele construiu em volta daquela casa tão bonitinha um muro tão alto, mas tão alto, que não dava para saber o que tinha do lado de dentro, nem de saber quem mais morava ali.

Um certo dia ele viu um automóvel muito bonito. Espirrou e disse: - Atchim! Eu quero aquele carro! Atchim! -, e tudo fez para ter aquele carro, até que o escondeu dentro dos seus muros. E ninguém nunca mais viu nem o atchim nem o carro.

Outra vez ele viu uma joia brilhante numa vitrine de loja, e ele: - Atchim! Eu quero essa joia! Atchim! -, e tudo fez de novo para conseguir levar aquela joia e esconder dentro dos muros de sua casa.

Assim foi querendo e juntando coisas, levando, tomando, se apoderando das coisas de todos da cidade, até que ninguém mais dali possuía nada e ele tornou-se poderoso e com tudo de todo mundo. Ele tinha tanta coisa que resolveu sentar-se e ficar olhando tudo que possuía: - Atchim! Agora eu tenho tudo de todos! Atchim!

Certificou-se ele de que não precisava de mais nada nem de ninguém. Não precisava de amigos, de parentes, nem de nada, possuía tudo que precisava. E assim viveu por anos e anos contemplando a sua ganância reunida e amontoada tudo ali para ser de seu e de mais ninguém.

Aí teve um dia que ele deu um espirro tão grande, mas tão grande, que tudo foi ficando mudado, se gastando, se modificando. Quanto mais espirrava, mas as coisas se modificavam, tornando-se coisas gastas ao seu redor. Era o tempo que levava as coisas que ele tinha, desfazia tudo e entregava pro vento levar pra longe.

Passava o tempo e não sabia ele que com o tempo passava as coisas que nasciam e que, pela ação do tempo, também envelheciam, enferrujavam e se tornavam imprestáveis até se acabarem de vez e sumir no pó dos ventos. E com seus espirros, cada vez mais as coisas envelheciam e se gastavam até virar pó e cinzas que eram levadas pelo vento.


- Atchim! O tempo e o vento estão levando as minhas coisas! Atchim!

E a cada espirro o tempo vinha, modificava as coisas até torná-las cinzas pra dar pro vento levar.

Assim, o tempo foi passando e tudo que era a riqueza dele, tornou-se coisas sem a menor valia. Viraram pó, cinzas e foram embora com o vento, abandonando-o, deixando-o sem mais nada.

Viu que tudo que havia reunido ia embora sem poder fazer nada e as coisas que ficavam não serviam mais para nada.

E ele: - Atchim! Tudo meu está sumindo! Atchim! Está imprestável! Atchim! –, e ao constatar que tudo estava se acabando ele começou a chorar e espirrar! Estava ficando sozinho e sem nada. Tinha que fazer alguma coisa, pedir socorro, procurar por pessoas para ajudá-lo.

Quando ele abriu o portão dos seus muros e procurou gente para dizer o quão infeliz ele estava por ter tudo que não valia nada, teve uma triste constatação: não havia ninguém para ele conversar. Não havia ninguém para ele falar da sua infelicidade, de sua tristeza permanente. Todos que não possuíam mais nada, foram embora buscar melhorias noutra cidade. Ele saiu cada vez mais procurando um a um para conversar, para dividir seu sofrimento, não havia mais ninguém. Aí ele chorou de solidão. Estava sozinho: não tinha um amigo sequer para dividir sua aflição.

Ele muito triste resolveu voltar para casa e quando chegou às imediações deu por si de que a sua casa que era tão bonitinha estava ficando tão usada, ruindo e até chegar aos escombros. E agora? Como reconstruir tudo? Como reconquistar tudo? Não havia nada nem ninguém para conquistar. Estava sozinho no mundo.

Foi aí que ele percebeu que sozinho não era ninguém e começou a caminhar e andou dias e mais dias até alcançar uma cidadezinha em que as pessoas viviam lá. Ele ficou alegre! Percebeu que poderia contar sua história pras pessoas dali. E foi o que ele fez. Assim fazendo percebeu outra coisa: não mais espirrava. Eita! Ficou muito mais alegre: não tinha nada, mas estava curado e tinha pessoas para conversar e dividir as suas emoções. E assim ele entrou pela perna de pinto, correu pela perna de pato, ficou muito feliz e deu vez ao seu boato!


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OS IMORTAIS, DE MACHADO DE ASSIS


As lendas são a poesia do povo; elas correm de tribo em tribo, de lar em lar, como a história domestica das ideias e dos fatos; como o pão bento da instrução familiar.
Entre essas lendas aparecem os contos populares imortais; em muitos povos já uma legenda de criaturas votadas à vida perpetua por uma fatalidade qualquer. Sabido é o mito do paganismo grego que mostrava Prometeu atado ao rochedo do Cáucaso em castigo de seu arrojo contra o céu, onde se guardavam as chaves da vida. Um abutre a rasgar-lhe as vísceras, o fígado a renascer à proporção que era devorado, e depois um Hercules, individualidade meio-ideal, e meio-verdadeira – que o desata das correntes eternas – tudo isto embeleza a arrojada concepção do grande povo da antiguidade.
Um apanhado ligeiro de algumas dessas lendas, vai o leitor contemplar diante de si. Começo por uma balada alemã; o povo alemão é o primeiro povo para essas concepções fantásticas, como um livro de seu compatriota Hoffmann. As margens do Reno são uma procissão continuada de tradições e mitos, em que um espírito profundamente supersticioso se manifesta. É lá a verdadeira terra da fantasia.
Reza a tradição popular, que um cavalheiro daquelas regiões era doido pela caça a que se entregava de corpo e alma como o rei Carlos IX, que não tinha outro mérito além desse, exceto o de fazer matar huguenotes, doce emprego para um rei imbecil, como era.
Era pois o cavalheiro da lenda um caçador consumado e tanto que fazia da caça o seu cuidado favorito, único, exclusivo. Esmolas? Ele não as dava quando na estrada se lhe apresentava a mão descarnada do mendigo; curvo sobre o seu cavalo fogoso lá ia ele por montes e vales, como o furacão do inverno; tudo destruía, tudo derrubava, ao pobre lavrador que gastava tempo e vida nas suas messes; passava pela igreja como pela porta de uma taverna; nem lá entrava a orar – ao menos pelo descanso de seus antepassados; o sino que chamava os fiéis à oração não chegava aos ouvidos ensurdecidos pelo som da corneta; era a raiva da caça. Deus cansou-se com aquela vida de destruição, e o feriu com sua mão providencial. O castigo caiu sobre a cabeça desse cavalheiro condenado a vagar pelas florestas da montanha de Harz, envoltos ele, cavalo e monteiros no turbilhão de uma caça fantástica. Todas as noites o povo crê ouvir o caçador eterno com toda a sua comitiva em busca de vitimas na floresta. Não é talvez mais que um efeito de imaginação esse rumor da montanha produzido pelo sopro de um vento dominante nessa floresta; mas o povo crê, e não convem destruir as fábulas do povo.
Se é um fato, se é a demonstração de uma máxima, não podemos aqui discutir; eis ai a tradição que o engenho popular construiu, e a religião das lendas tem conservado. Há talvez aqui uma bela análise; talvez uma definição que se compadeça com os destinos do povo. Este cultivo dos mitos não é, talvez, o aguardar laborioso das verdades eternas?
É o que não sabemos.


REFERÊNCIA
ASSIS, Machado. Chronias (1859-1888). São Paulo: W.M.Jackson Inc, 1938.



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Monday, February 09, 2015

A LENDA DO TSURU


Depois de um dia de muitas brincadeiras, a meninada procurou Pai Lula para que ele contasse uma das suas histórias maravilhosas. Foi, então, que ele sempre solícito, acomodou a meninada no seu laboratório e começou a contar a Lenda do Tsuru que ele ouvira contada por sua avó.

Era uma vez um camponês muito pobre. Vivia em uma cabana tosca e seu único alimento eram algumas verduras que colhia de sua terra cansada.
Um dia, ele encontrou um grow machucado, com a asa destroçada. Por isso ele não podia voar e buscar alimento: isto o deixou muito fraco, à beira da morte.
O camponês teve pena da ave, cuidou de sua asinha e pacientemente colocou em seu bico algumas sementes. Sua bondade a livrou da mote e quando ela pôde voar o camponês a soltou.
Alguns dias depois, uma mulher adorável apareceu em sua casa e pediu que lhe desse abrigo por uma noite. O camponês, por ser bom, não negaria esta caridade a ninguém, mas a beleza da mulher fez com que ele acreditasse que deixá-la dormir em sua pobre cabana era realmente uma honra. Os dois se apaixonaram e se casaram. A noiva era delicada, atenciosa e tinha tanta disposição para o trabalho quanto era bonita, e assim eles viviam muito felizes. Mas para o camponês, que já tinha muita dificuldade em viver sozinho, ficou muito difícil cobrir as despesas que sua nova vida de casado lhe trazia.
Preocupada com esta situação, a esposa disse ao marido que produzir um tecido especial (tecer era um trabalho comum entre as mulheres daquela época). Ele poderia vendê-lo para ganhar dinheiro, mas ela alertou que precisaria fazer seu trabalho em segredo, e que ninguém, nem mesmo ele, seu marido, poderia vê-la tecer.
O homem construiu uma pequena cabana nos fundos de sua casa e lá ela trabalhou, trancada, durante três dias. O marido só ouvia o som do tear batendo, e a curiosidade e a saudade que tinha de sua bela mulher fazia com que estes dias demorassem muito para passar. Quando o som da tecelagem parou, ela saiu com um tecido muito bonito, de textura delicada, brilhante e com desenhos exóticos. A tecelã lhe deu o nome de “mil penas de Tsuru”. Tsuru, ou Grow, é uma ave japonesa que lembra uma garça. É um dos mais conhecidos símbolos da paz. Segundo uma antiga tradição oriental, fazer mil grows em origami é um ato de esperança. Daí surgiu o habito de fazer uma corrente de Tsurus para realizar desejos: a recuperação de um doente, a felicidade no casamento, a entrada para a universidade, a conquista de um emprego.
Ele levou o tecido para a cidade. Os comerciantes ficaram surpreendidos e lutaram entre si para consegui-lo. O vendedor pagou com muitas moedas de ouro por ele. o pobre homem não podia acreditar que tão de repente a sorte começasse a lhe sorrir.
Desde então, a esposa passou a trabalhar no valioso tecido outras vezes. O casal podia, com o fruto da venda, viver em conforto. A mulher, porém, tornava-se dia após dia mais magra.
Um dia, ela disse que não poderia tecer por um bom tempo. Ela estava muito cansada. Seus ossos lhe doíam e a fraqueza quase a impedia de ficar em pé.
O camponês a amava muito e acreditava naquilo que ela dizia, porém, tinha experimentado a cobiça e como havia contraído algumas dívidas na cidade, pediu para que ela tecesse somente por mais uma vez. No principio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente.
Desta vez ela não saiu no terceiro dia, como era de costume. E o homem ficou preocupado. Mas três dias se passaram sem que ela aparecesse. E isso começou a deixar o marido desesperado.
No sétimo dia, sem saber mais o que fazer, ele quebrou a promessa, espiando o serviço de tecelagem que ela fazia.
Para a sua surpresa, não era sua mulher que estava tecendo. Arqueado sobre o tear encontrava-se um grow, muito parecido com aquele que o camponês havia curado.
O homem mal pôde dormir à noite, pensando o que teria acontecido com a mulher que amava. Amaldiçoava-se por ter sido insaciável e praticamente ter obrigado a sua querida esposa a tecer mais uma vez.
Na manhã seguinte, a porta da cabaninha se abriu e o camponês com o coração aos saltos fixou seus olhos na porta, esperançoso em ver sua esposa sair dela com vida. A mulher saiu da cabana com profundas olheiras, trazendo o último tecido nas mãos tremulas. Entregou=a para o marido e disse: - Agora preciso voltar. Você viu minha verdadeira forma, assim, eu não posso ficar mais com você!
Então, ela se transformou em uma ave, o grow, e voou, deixando o camponês em lágrimas.



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Sunday, February 08, 2015

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO


PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico.

PROGRAMAÇÃO - Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Julio Verne, Fernando Pessoa, Nara Leão, Rubem Alves, Turma da Mônica, Toquinho, Marisa Serrano, Meimei Corrêa, A Turma do Seu Lobato, Bita & os animais, Turminha do Tio Marcelo, Turminha do Lana, Música Infantil, Festival Infantil da Canção, Cantinho da Criança & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada.

SERVIÇO:
O que? Programa Brincarte do Nitolino
Quando? Domingo, 8 de fevereiro , a partir das 10hs (horário de Brasília).
Onde? MCLAM – o blog do Programa Domingo Romântico.
Apresentação: Ísis Corrêa Naves.


O programa de hoje é dedicado ao escritor francês Julio Verne (1828-1905)


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Saturday, February 07, 2015

JULIO VERNE



JULIO VERNE – Uma das coisas que me fizeram uma criança feliz, peralta e traquina foi a obra do escritor francês Julio Verne (1828-1905).


O primeiro dos seus romances de aventura que li foi A volta ao mundo em oitenta dias (Le tour du monde en quatre-vingts jours, 1872), narrativa que retrata a viagem pelo mundo do cavalheiro ingles Filea Fogg e seu criado, Jean Passepartout, após a aposta que ele fez, seguido pelo detetive Fix que suspeita que o Fogg tenha sido o autor de um assalto ao banco. Uma viagem e tanto, no final... bem, o final deixo pra vocês descobrirem. Garanto que é imperdível.


O segundo livro dele que eu li foi Vinte mil léguas submarinas (Vingt mille lieues sous les mers, 1870), que a história do capitão Nemo que constrói um submarino, o Náutilus, e com sua tripulação passam a viver do mar. Como por causa desse invento que ninguém sabia, muitos desastres aconteceram e levaram o professor naturalista Aronnax e seu criado Ned Land para caçar esse monstro dos mares. Dá-se então o confronto entre o submarino e o navio, que vai resultar numa fantástica história para o deleite do leitor.


Mas o que mais me impressionou de todos, foi Viagem ao centro da terra (Voyage Au Centre De La Terre, 1864), uma emocionante aventura realizada pelo cientista Otto Lidenbrock e seu sobrinho Axel, para uma viagem seguindo a trilha do alquimista Arne Saknussemm pela cratera do vulcão Sneffels, na Islândia até chegar no centro da terra. História fascinante que ainda hoje adoro ler e reler.

Evidente que li muitos outros das suas quase cinco dezenas de obras, muitas delas tão fascinante quanto esses três destacados, mas esses os que mais me fizeram leitor assíduo da obra desse grande escritor francês.

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